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Imunidade adquirida na dengue ajuda a proteger contra o zika, diz estudo

Coopmed

13.11.2017

Imunidade adquirida na dengue ajuda a proteger contra o zika, diz estudo

Foto: G1

Pesquisa em camundongos identificou tipos específicos de células de defesa com ação em ambos os vírus

Ilustração mostra a estrutura do vírus da zika (Foto: Kateryna Kon / Science Photo Libra / KKO / Science Photo Library) Ilustração mostra a estrutura do vírus da zika (Foto: Kateryna Kon / Science Photo Libra / KKO / Science Photo Library)

Ilustração mostra a estrutura do vírus da zika (Foto: Kateryna Kon / Science Photo Libra / KKO / Science Photo Library)

Estudo publicado na “Nature Communications” nesta segunda-feira (13) mostra que a imunidade adquirida após uma infecção pelo vírus da dengue pode ajudar a proteger contra o vírus da zika.

Em testes em camundongos, o estudo identificou que cobaias imunes à dengue também desenvolveram proteção cruzada contra o zika. Depois, pesquisadores identificaram também que tipos especificos de células de defesa têm ação combinada contra os dois vírus.

Os achados são particularmente importantes para a tentativa do desenvolvimento de uma vacina contra o zika e a dengue em todo o mundo.

Uma segunda importância do estudo é que ele indica preliminarmente que a dengue não aumenta a gravidade de infecções por zika — essa foi uma das muitas hipóteses levantadas durante o início da epidemia no Brasil.

O trabalho teve como primeiro autor Jinsheng Wen, do Instituto de Arboviroses da Universidade de Wenzhou, na China. Wen também é colaborador no Instituto La Jolla de Alergia e Imunologia, na Califórnia (EUA).

Cérebro apresentava menos cópias do vírus

Pesquisadores fizeram um estudo do tipo controle para testar a possível imunidade “cruzada” entre os dois vírus.

Primeiro, infectaram camundongos com o vírus da dengue. As cobaias ficaram doentes, mas se recuperaram da infecção — o que demonstra que adquiriram imunidade.

Após a recuperação, animais foram infectados novamente com o vírus da zika. Também um outro grupo, não infectado anteriormente com o vírus da dengue, foi alvo da infecção pelo zika.

Nos resultados, o grupo anteriormente infectado com dengue apresentou carga reduzida de zika no sangue, nos tecidos e no cérebro.

A descoberta dos testes indica preliminarmente, assim, que a defesa adquirida contra a dengue pode ajudar a mitificar os efeitos neurológicos advindos do zika — já que menos cópias do vírus foram identificadas no cérebro.

Linfócito T: vacina anti-zika também deve ter essa célula por alvo (Foto: NIAID (National Institute of Allergy and Infectious Diseases) ) Linfócito T: vacina anti-zika também deve ter essa célula por alvo (Foto: NIAID (National Institute of Allergy and Infectious Diseases) )

Linfócito T: vacina anti-zika também deve ter essa célula por alvo (Foto: NIAID (National Institute of Allergy and Infectious Diseases) )

Vacina deve ter por alvo dois tipos de célula de defesa

Um outro resultado importante da pesquisa é a descoberta da ação dos linfócitos T na imunidade contra os dois vírus. Isso porque a maioria das vacinas em andamento tem atuação somente contra os linfócitos B.

As células de defesa do tipo B são as que produzem anticorpos após o contato com uma infecção. Essa ação tem por vistas o sistema imune adaptativo: aquele que desenvolve imunidade com vistas a um ataque futuro.

Já as células do tipo T, além de focar infecções futuras, têm uma ação direta sobre o invasor — sem necessariamente o envolvimento de um anticorpo.

Jinsheng Wen, primeiro autor do estudo, pontua que foi observada a ação dos dois tipos de célula na proteção. Segundo ele, as vacinas em andamento devem ter por alvo uma ação conjunta entre linfócitos B e T.