MUNDO: O MAL QUE FAZ O CIGARRO ELÉTRICO
Geral
17.08.2010
DIÁRIO DE NATAL – 17-08-2010
Secção: Saúde
Por: Paloma Oliveto
Link: http://www.diariodenatal.com.br/2010/08/17/saude1_0.php
Publicado no dia 17/08/10
O MAL QUE FAZ O CIGARRO ELÉTRICO
As tragadas dos e-cigs são dobradas e o esforço das seguidas sucções acaba provocando danos à saúde
Má notícia para quem apostava nos cigarros elétricos como alternativa saudável à versão tradicional. Uma pesquisa divulgada pela Universidade da Califórnia provou que, para fumá-lo, a pessoa precisa fazer um esforço maior durante a sucção, o que pode provocar danos à saúde. Os também chamados "e-cigarros" tornaram-se populares recentemente nos Estados Unidos. Trata-se de um tipo de tabaco com pouca nicotina diluída, que funciona à base de uma bateria e um carregador.
Criado na China, ele seria indicado como uma terapia para quem está largando o vício, pois, segundo os fabricantes, proporciona a mesma sensação do cigarro normal, mas não possui alcatrão nem aditivos. O mecanismo do aparelho é compensador, semelhante aos adesivos de nicotina, que liberam uma dosagem da substância para satisfazer o usuário. Nos locais onde o aparelho é vendido, como nos Estados Unidos e em alguns países europeus, o e-cigarro também é consumido para driblar a proibição de fumaça em recintos fechados. Embora ele emita um vapor semelhante ao do fumo tradicional, é totalmente inodoro.
Até agora, são poucos os estudos sobre os potenciais danos do cigarro eletrônico. Ainda assim, a Organização Mundial de Saúde não recomenda o aparelho e a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) proibiu sua importação e comercialização no Brasil. O e-cigarro é constituído por um atomizador (artefato que asperge o líquido em minúsculas gotas) e um cartucho vendido à parte, que contém nicotina e propilenoglicol, substância química sem cheiro e sem sabor, usada para criar a névoa falsa, semelhante à fumaça.
Quando o fumante suga o ar pelo cigarro eletrônico, um sensor ativa a bateria, que aquece a ponta. Ela fica vermelha e quente, simulando um cigarro normal. Enquanto isso, o atomizador vaporiza o propilenoglicol e a nicotina. Na inalação, o vapor leva uma dose de nicotina aos pulmões, sendo que o resíduo do aerosol é exalado para o ambiente. Como o e-cigarro não contém tabaco, ele está livre das quase 5 mil substâncias químicas etóxicas da versão tradicional.
Intensidade
Isso não quer dizer, porém, que o cigarro eletrônico seja saudável. Para testar seus efeitos sobre a saúde, os pesquisadores da Universidade da Califórnia usaram uma máquina e compararam as propriedades do fumo de oito cigarros convencionais e cinco marcas de eletrônicos. Eles descobriram que, para conseguir fumar os e-cigarros, é preciso aspirar com mais intensidade. Os cientistas também afirmam que, no caso dos eletrônicos, a densidade de aerosol cai depois de 10 tragadas, o que faz com que o fumante precise sugar ainda mais forte para conseguir produzir o gás pressurizado.
"Ainda é cedo demais para saber como exatamente os efeitos da forte inalação e da sucção do aerosol terão sobre a saúde humana, mas nos parece que o cigarro eletrônico parece levar as pessoas a fumarem mais, para compensar, assim como aconteceu anteriormente com os cigarros 'light'", disse Prue Talbot, professor de biologia e principal autor do estudo.