NATAL: FALTA DE MEDICAMENTOS NA UNICAT VOLTA PREOCUPAR MP
Geral
25.08.2010
TRIBUNA DO NORTE – 25-08-2010
Secção: Natal
Link: http://tribunadonorte.com.br/noticia/falta-de-medicamentos-na-unicat-volta-preocupar-mp/157865
Publicado no dia 25/08/10
FALTA DE MEDICAMENTOS NA UNICAT VOLTA PREOCUPAR MP
A falta de medicamentos no Rio Grande do Norte para tratar pacientes com Alzheimer preocupa novamente o Ministério Público e os familiares dos pacientes. Dessa vez, são os remédios Erans de 5 mg e Exelon, 1.6 mg que estão em falta na Central de Agentes Terapêuticos – UNICAT.
A promotora de Justiça do Idoso, Iadya Gama Maio, instaurou inquérito civil para apurar a falta de medicamentos na Central há aproximadamente 5 meses. A promotora disse que na última sexta-feira, 20, recebeu cópia de uma Ordem de empenho para a compra desses remédios, encaminhados pela Secretaria de Estado da Saúde Pública (Sesap).
“A secretaria informou que até a próxima sexta-feira, 28, o fornecimento estará normalizado. Vou aguardar o prazo e verificar se foi fornecido aos pacientes”.
Os medicamentos que estão faltando tem como princípio ativo a Donepezila e a Rivastigmina, inibidores de enzimas que atacam regiões do cérebro responsáveis por transmitir impulsos nervosos. Sem o tratamento, os pacientes apresentam uma avanço nos lapsos de memórias, uma das características da doença, ao provocar o esquecimento da memória passada e recente.
Para a psiquiatra Euglena Lessa a falta do remédio atrapalha o tratamento, por causa da rápida evolução da doença. “Sem cura o Alzheimer tem que ser combatido com os remédios, somado a um tratamento multidisciplinar, através de uma equipe formada por diversos profissionais, desde geriatras até fisioterapeutas”.
A médica disse que a composição dos remédios de combate ao Alzheimer é diferente de acordo com o princípio ativo. “Cada um age em uma enzima específica, por isso não pode ser substituído um pelo outro”.
Mas alguns familiares de pacientes, que estavam esperando há mais de duas horas na UNICAT, afirmam que já receberam dosagens diferentes na Central, por causa da falta do medicamento. É o que afirma Raimunda Soares e Lindalra Melo que estavam na fila para receber o remédio Exelon 4,6 mg. “Minha mãe de 88 anos tem Alzheimer e toma um remédio por dia, como essa dosagem estava faltando, no início do ano, me entregaram três caixas, uma de 2mg e uma de 5mg, para ela tomar dois comprimidos por dia”.
Lindalra, que cuida de Francisca Pereira de 82 anos, disse que aconteceu o mesmo quando foi buscar o medicamento no início do ano, ambas reclamam também da demora no atendimento. “Cheguei aqui às 15 horas, já são 17h e ainda tem 20 pessoas na minha frente”.
Raimunda disse que na época foi procurar o remédio numa farmácia, mas desistiu de comprar por causa do valor. “Era mais de 300 reais, não tinha condições, fiquei aguardando chegar na UNICAT”.
Em duas redes de farmácia da Grande Natal o valor do Erans (5mg) é de 433,00 reais e do Exelon (1.6 mg) 171,00, ambos com 28 comprimidos. “Não dá nem mesmo para um mês”, reclama Raimunda.
A promotora disse que a secretaria tinha alegado falta de recursos para aquisição desses medicamentos, além da burocracia nos processos de compra. A assessoria de comunicação da Sesap confirmou que o empenho foi realizado e que a situação será normalizada até sexta-feira, 28, como havia informado a promotoria.
Cinco novos pacientes chegam ao Ceasi
O Centro Especializado de Atenção e Saúde do Idoso (CEASI) emite o laudo atestando a existência da doença, documento necessário para o paciente começar a receber os remédios na UNICAT. Um acompanhamento é realizado a cada 3 meses para avaliar a necessidade de aumentar a dosagem ou a inclusão de outros remédios. A cada dia, cinco novos pacientes chegam até o centro com suspeita de ter Alzheimer. “A principal queixa deles é esquecimento, fazemos uma avaliação com a equipe de médicos, quando necessário é prescrito o medicamento de combate à doença”.
A diretora disse que a reclamação dos pacientes e familiares é constante, mas o tratamento sem a devida dosagem dos remédios fica ineficiente.