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Corredores do Walfredo Gurgel começam a esvaziar

Geral

28.09.2012

As transferências dos pacientes oriundos de cidades do interior do Rio Grande do Norte e que estavam nos corredores do Hospital Monsenhor Walfredo Gurgel à espera de uma cirurgia ortopédica para os municípios de origem começam a surtir efeitos. O número de pacientes que aguardavam cirurgias ortopédicas, que já ultrapassou os cem pacientes, na manhã desta quinta-feira eram apenas 57, sendo 26 de ortopedia. Enquanto isso, no Hospital Deoclécio Marques de Lucena, em Parnamirim a situação permanece a mesma, com uma média diária de 85 pacientes, espalhados entre os corredores e enfermarias, à espera de uma cirurgia ortopédica.

A diretora do Hospital Walfredo Gurgel, Fátima Pinheiro, disse que desde a última segunda-feira (24) já conseguiu transferir 38 pacientes. Embora haja resistência por parte de alguns pacientes, Fátima explica que a transferência é a melhor forma de garantir uma melhor assistência àqueles pacientes que necessitam de atendimento de urgência e emergência no Walfredo Gurgel. Além disso, os pacientes que foram transferidos permanecem na mesma colocação na fila de espera por uma cirurgia eletiva.

Nesta quarta-feira (25), mais 15 pacientes seriam transferidos para o Hospital Médico Cirúrgico. No entanto, como o pagamento da Prefeitura de Natal ao hospital não havia sido feito até ontem, a transferência foi suspensa. “Mas eles garantiram que tão logo o pagamento seja efetuado, esses pacientes que já estavam prontos para transferência, serão transferidos para que possam realizar as suas cirurgias”, disse. Fátima disse ainda que irá abrir quatro vagas para pacientes do Deoclécio Marques, pois no Walfredo Gurgel há quatro pacientes apenados e nem o Médico Cirúrgico, nem o Memorial realizam cirurgias nesses pacientes. “Os apenados só podem realizar cirurgias no Deoclécio Marques”, disse.

O corredor do Walfredo Gurgel não está completamente vazio, muito embora as mudanças já sejam perceptíveis. No entanto, ainda há muitos pacientes nos corredores no setor de trauma. Em sua maioria, são pacientes que precisam de atendimento neurológico, com procedimentos que não são realizados no Walfredo. Fátima Pinheiro é cautelosa em dizer que o Walfredo Gurgel começa a viver um novo momento.

Em relação à presença de um técnico do Ministério da Saúde no Walfredo Gurgel a partir do dia 9 de outubro, dentro do programa SOS Emergência, a diretora do Hospital disse que “a ajuda vai ser bem vinda e quanto mais força melhor para melhorar a saúde do RN”. “Mas se os municípios e se Natal não fizerem suas partes, todo esse trabalho vai ser utopia, pois esvaziamos num dia, e os municípios enchem o Walfredo de pacientes no outro”, destacou. Fátima disse que ontem foram liberados seis leitos de clínica médica no Hospital da Polícia e que estes pacientes devem ser transferidos até amanhã.

Se no Walfredo Gurgel a situação caminha para resolver os problemas de superlotação em relação aos pacientes ortopédicos, no Hospital Deoclécio Marques de Lucena a solução parece mais difícil. Nos últimos dias, há uma média diária de 85 pacientes que aguardam a realização de cirurgias eletivas. Destes 85, proporcionalmente, 22 são oriundos de Parnamirim, 10 de Natal e 53 do interior.

A diretora do Deoclécio Marques, Nilzelene Carrasco, explicou que há um mês o Hospital vem enfrentando alguns problemas que colaboraram para a superlotação e a demora na realização das cirurgias eletivas. Primeiramente, foram os médicos ortopedistas da Cooperativa Médica que paralisaram as atividades. Depois, o Governo do Estado atrasou o pagamento com a Lavanderia Sol, e o Hospital ficou sem rouparia e enxoval para realizar as cirurgias. No entanto, a situação dos enxovais já foi normalizada e a Lavanderia já está abastecendo com peças novas de enxoval.

Hoje, o Hospital enfrenta a greve dos anestesiologistas do Estado, que reivindicam reposição salarial e são contrários à instalação do ponto eletrônico. Por falta de anestesistas, o Deoclécio Marques ficou sem realizar cirurgias por dois dias, mas hoje a situação também já normalizou, pois a Secretaria de Saúde Pública do Estado (Sesap) encaminha diariamente dois anestesiologistas da Cooperativa dos Anestesiologistas (Coopanest).

Nilzelene Carrasco conta que, aos poucos, as transferências dos pacientes para os hospitais conveniados estão sendo feitas para que as cirurgias eletivas sejam realizadas. Na terça-feira, dos oito pacientes que esperavam por uma cirurgia de fêmur, quatro foram transferidos. Nesta quarta-feira, haviam cinco cirurgias eletivas marcadas, além das cirurgias de urgência e emergência. Nove pacientes aguardavam a liberação para serem transferidos ainda ontem. Mas não conseguiram transferência.

Nilzelene Carrasco conta que conseguiu a garantia da governadora Rosalba Ciarlini e do secretário de Saúde Pública, Isaú Vilela, da abertura da terceira sala de cirurgia. Ela conta que já foi solicitado tanto recursos humanos, quanto equipamentos para esta nova sala, que ainda não tem prazo para começar a funcionar. “Com esta nova sala não vamos parar de fazer as cirurgias, pois duas ficarão para as cirurgias eletivas de ortopedia e uma exclusiva para as urgências”, disse.

Em relação à superlotação do Deoclécio, a diretora explica que o grande problema é a rede básica de saúde dos municípios que não dão a assistência necessária. “Nossa ideia é que o hospital funcione apenas com urgência e emergência. A nossa sala de reanimação que é para quatro pacientes, normalmente funciona com o dobro de sua capacidade. Não temos mais macas, pois as macas ficam presas com os pacientes nos corredores. Hoje, a proporção é de 20 pacientes de ortopedia e três de clínica médica. Diante de tudo isso, as cirurgias não fluem, mas temos a esperança que comecem a fluir”, afirmou.

Com a falta de macas nos hospitais, alguns pacientes aguardam a cirurgia em cadeiras espalhadas pelos corredores. Diante disso, há a suspeita de uma possível comercialização de macas e cadeiras. A diretora do Deoclécio negou que houvesse algum tipo de ‘venda’ de macas no Hospital, mas diante da denúncia ela disse que iria apurar para ver se há alguma irregularidade. No entanto, uma funcionária que não quis se identificar, embora desconheça essa prática no Deoclécio, a que ela chama de “máfia dos maqueiros”, segundo ela, “é bem possível que aconteça”. “Os maqueiros do nada aparecem com macas e as dão para quem eles querem”, afirmou a profissional.

A reportagem de O Jornal de Hoje conversou com alguns pacientes, mas nenhum confirmou que existisse essa comercialização ou que fora abordado por alguém ‘vendendo’ macas. Flávio Leandro, de 23 anos, sofreu acidente de moto e desde a segunda-feira aguarda, numa cadeira, uma cirurgia, pois ele quebrou o braço e precisa colocar uma placa e pinos. “Desconheço que tenha essa prática, mas se tivessem me procurado eu compraria a maca, pois ficar sentado nessa cadeira é muito ruim. Para dormir, então, a situação é bem mais complicada”, afirmou.

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Fonte: Jornal de Hoje