Médicos da Coopmed paralisam atividades e Hospital Deoclécio Marques suspende atendimento ortopédico
Geral
03.12.2012
O segundo maior hospital de ortopedia do Rio Grande do Norte, o Hospital Regional Deoclécio Marques de Lucena, no município de Parnamirim, está, a partir deste sábado (1º), com o atendimento ortopédico suspenso por tempo indeterminado. Os médicos que prestam serviço ao Governo do Estado pela Cooperativa dos Médicos do Rio Grande do Norte (Coopmed/RN) decidiram paralisar as atividades em virtude da falta de pagamento referente aos meses de agosto, setembro e outubro. Além da ortopedia do Deoclécio Marques, o atendimento no Centro de Recuperação Pós-Operatório (CRO) do Hospital Monsenhor Walfredo Gurgel, no Samu Metropolitano e nas enfermarias do Hospital Universitário Onofre Lopes (Huol) também foram atingidos com a paralisação dos médicos da Coopmed. A suspensão já estava prevista desde o dia 22 de novembro, quando a cooperativa se reuniu para discutir o atraso nos pagamentos dos contratos firmados com a Secretaria Estadual de Saúde. Na ocasião, ficou decidido que, se o Governo do Estado não pagasse a dívida de cerca de R$ 3,6 milhões, os serviços seriam suspensos neste sábado, dia 1º. O atendimento ortopédico, já na manhã deste sábado, no Hospital Deoclécio Marques, estava completamente paralisado. A paralisação dos médicos atinge os serviços de urgência e emergência e a realização das cirurgias eletivas. Por dia é realizada uma média de seis cirurgias eletivas, além das urgências e emergências. Com a paralisação, todo atendimento será encaminhado para o Hospital Walfredo Gurgel. No Deoclécio, todos os ortopedistas, num total de 20, são da Cooperativa dos Médicos. Com a suspensão da ortopedia, apenas o atendimento clínico, pediátrico e a cirurgia geral estão funcionando. O coordenador da Ortopedia no RN, Jean Valber, explicou que os pacientes que estão no corredor foram transferidos para o Hospital Médico Cirúrgico e o Memorial, pois, a partir da próxima segunda-feira (3) será realizada uma grande reforma na unidade para adequar a porta de entrada da urgência e emergência. Esta mudança segue as recomendações do Ministério da Saúde e tem o objetivo de separar o serviço ambulatorial do de urgência, que hoje são realizados juntos no Deoclécio Marques. Os pacientes clínicos foram transferidos para o Hospital Regional de São José de Mipibu e de Macaíba. Quem procurou atendimento neste sábado recebeu a mesma informação de que os médicos estavam em greve. A dona de casa Damiana de Oliveira foi uma das inúmeras pessoas que procuraram atendimento. Ela, que mora no município de Monte Alegre, sofreu uma queda na noite desta sexta-feira e deslocou a rótula do joelho. Como não tinha médicos, Damiana estava esperando um carro para decidir se buscaria atendimento no Walfredo Gurgel ou no Hospital de São José de Mipibu. Como ela estava com a pressão alta, Damiana foi atendida, medicada e, em seguida, liberada. No setor de enfermaria, 36 pacientes aguardavam a realização de cirurgia ortopédica. Com a paralisação, não há perspectiva de quando eles realizarão os procedimentos. José Ilton dos Santos sofreu um acidente de moto e quebrou a perna no dia 25 de outubro. Desde então, ele aguarda a realização da cirurgia eletiva e a única coisa que fizeram foi colocar um pino na perna. “Não me dão nenhuma perspectiva. Estou afastado do trabalho e fico aqui sem saber quando vou sair. É muito ruim. Uma situação péssima, mas preciso da cirurgia”, afirmou. O operário da Construção Civil, José Caetano, de 20 anos, sofreu um acidente de moto há seis meses, quebrou a perna e, desde então, já foram realizadas seis cirurgias. Mas ele ainda não conseguiu abandonar a cadeira de rodas. “Já fiz duas cirurgias e ainda preciso fazer mais duas. Uma estava marcada para a próxima quarta-feira, mas com essa greve não sabei o que será do futuro aqui. Estou sem trabalhar, sem nada. É triste a situação que vivemos aqui”, afirmou. Em nota divulgada para a imprensa, a Cooperativa dos Médicos disse que enfrenta mais uma crise na saúde do Estado. Segundo a Coopmed, além da ocorrência do desabastecimento e falta de condições de trabalho dos serviços, o que dificulta sobremaneira o trabalho dos seus profissionais, “vivenciamos repetida e ciclicamente atrasos nos repasses dos valores dos serviços prestados. Infelizmente o que realmente ocorre é o atraso constante e o não cumprimento dos prazos acordados para os pagamentos”. Município. Além da suspensão dos serviços da rede estadual de saúde, os serviços de alta e média complexidade e plantões municipais também poderão ser paralisados a partir de segunda-feira caso o Governo não quite todos os débitos até o domingo. O contrato firmado com a Prefeitura se vence até o dia 2 e a assinatura de um novo contrato estará atrelada à quitação dos demais débitos em atraso. Na próxima quarta-feira, está marcada outra assembleia para deliberar sobre a renovação do contrato com a Prefeitura de Natal. Em nota, o presidente da Cooperativa, Fernando Pinto, afirmou que os trabalhadores estão chegando ao quarto mês sem qualquer sinalização de pagamento. O contrato em questão contempla a alta e média complexidade (cirurgias e procedimentos) que compreendem em torno de 36 especialidades, SAMU Natal, e plantões de urgência e ambulatoriais de 25 unidades de saúde. Reprodução: O Jornal de Hoje