Médicos do Pronto Socorro do Hospital Giselda Trigueiro querem limitar atendimento na unidade
Geral
22.12.2012
A mudança na escala de plantões dos médicos do Pronto Socorro do Hospital Giselda Trigueiro tem trazido transtornos e sobrecarga aos médicos plantonistas que trabalham na unidade. Nos últimos dias, houve uma mudança, ainda em caráter experimental, e ao invés de quatro profissionais trabalhando por plantão, o Pronto Socorro conta apenas com dois médicos plantonistas, o que é insuficiente para atender a demanda de cerca de cem atendimentos por plantão. A partir de janeiro de 2013, a mudança será definitiva.
A médica plantonista Janaína Palmeira, que estava de serviço na manhã desta sexta-feira com a médica Thaísa Maia, conta que os médicos estão insatisfeitos com essa mudança, pois a sobrecarga tem elevado o nível de estresse dos profissionais. “Dois médicos por plantão é insuficiente e não há condição de prestar um bom atendimento aos pacientes. O ideal seria, pelo menos quatro, mas alguns profissionais se aposentaram e o Governo do Estado não repôs esses médicos.
Janaína Palmeira disse que na próxima quarta-feira (26), os médicos do PS do Giselda Trigueiro se reunirão com o presidente do Sindicato dos Médicos (Sinmed) para analisar a possibilidade jurídica de fechar a porta do Pronto Socorro e tornar o Hospital Giselda Trigueiro em um hospital com atendimento referenciado. Hoje, o Pronto Socorro atende os pacientes no esquema de classificação de risco, em que todo o usuário é atendido.
“Apresentamos essa proposta para a direção do Hospital, mas alegaram que para transformar o Hospital requer tempo e não é tão simples assim. Isso ainda não foi aceito, mas vamos buscar respaldo jurídico para conseguir essa mudança. Nessa reunião já queremos definir uma data para fecharmos as portas. Porque do jeito que está não dá para continuar. Hoje o número de profissionais é insuficiente e os pacientes com doenças infectocontagiosas, que são a nossa grande referência, se misturam com pacientes com baixa complexidade”, destacou a médica.
Além desse problema, Janaina Palmeira disse que a falta de condições de trabalho, em condições insalubres, tem trazido problemas de saúde para os médicos. “Dois profissionais precisaram se afastar recentemente, pois contraíram tuberculose”. Além disso, a plantonista reclama da constante falta de medicamentos, seringas e até soro fisiológico. “O Governo do Estado conhece a realidade e não faz nada. No fim das contas, a triste realidade é esta: a gente finge que trabalha, os pacientes fingem que são atendidos e vamos levando a situação desse jeito”, desabafou a médica Janaina Palmeira.
A reportagem d’O Jornal de Hoje tentou entrar em contato com a diretora do Hospital Giselda Trigueiro, Milena Martins, inúmeras vezes, mas ela não atendeu as nossas ligações.
Walfredo Gurgel sofre com desabastecimento de medicamentos
Se não bastassem os corredores lotados de pacientes à espera de atendimento, o Hospital Monsenhor Walfredo Gurgel sofre com a irregularidade no abastecimento de medicamentos. Na tarde desta quinta-feira (20), a médica que estava de plantão na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) Cardiológica se recusou a admitir um novo paciente na unidade por falta de medicamentos. Na lista apresentada pela médica nas redes sociais, faltam medicamentos como Atenolol, Captopril, Cloreto de Sódio, Diclofenaco de Sódio, Dimeticona, Dopamina, Enalapril, Paracetamol, dentre outros.
O diretor administrativo e financeiro do Hospital Walfredo Gurgel, Josenildo Lira, confirmou que houve uma interrupção momentânea na admissão de novos pacientes, mas que a situação logo foi resolvida. Josenildo conta que a lista contendo mais de 40 medicamentos que estavam faltando já está sendo providenciadas. “Foi uma questão que já foi resolvida. Hoje vamos receber dos fornecedores as cotações desses medicamentos e o próximo passo será adquiri-los”, afirmou.
Sebastião Paulino é médico plantonista da UTI Geral do Walfredo Gurgel. Ele contou que a mesma situação da UTI Cardiológica é encontrada nas outras unidades. “É um desespero grande da equipe médica diante de um paciente grave sem poder medicar os pacientes. É preferível que os médicos tomem essa medida drástica para evitar que os pacientes morram em suas mãos. Infelizmente essa é a realidade diária do Walfredo Gurgel e do Hospital Santa Catarina. Uma situação extremamente dramática, em que os médicos trabalham de mãos atadas com o risco de o paciente vir a perecer a qualquer momento. Com essas condições, os médicos não estão nem prevenir a vida, nem atenuar o sofrimento, pois as condições são precárias”, afirmou.
O presidente do Sindicato dos Médicos do Rio Grande do Norte (Sinmed), Geraldo Ferreira, criticou a omissão do Governo do Estado em garantir o abastecimento de medicamentos nos Hospitais. “Essa constante falta de medicamentos termina inviabilizando a prestação do serviço. O Governo do Estado não está fazendo sequer o dever de casa que é abastecer as unidades de saúde com medicamentos elementares. Não adianta internar e não dar condições para isso. É lastimável que o Governo do Estado tenha deixado a saúde pública chegar a esse ponto”, afirmou o presidente do Sindicato.
Geraldo Ferreira disse que no mês de fevereiro, a Federação Nacional dos Médicos (Fenam) irá denunciar o Governo do Estado na Corte Interamericana de Justiça, na Costa Rica, pelos constantes e inúmeras violações de direitos humanos. “É inconcebível a forma com que o Governo está tratando a saúde pública e a população de Natal e não poderíamos ficar omissos diante dessa omissão toda”, afirmou.
Reprodução: Jornal de Hoje