Pediatria e Ortopedia são gargalos
Geral
05.04.2013
Ricardo Araújo e Valdir Julião – Repórteres Adecretação de calamidade pública na Saúde estadual pela governadora Rosalba Ciarlini, em 2012, alavancou investimentos no setor e culminou com a recente visita do ministro da Saúde, Alexandre Padilha, ao Pronto-Socorro Clóvis Sarinho, em Natal. Entretanto, não foi suficiente para mudar uma situação que se banalizou nos últimos anos: a paralisação dos serviços de ortopedia no Hospital Regional Dr. Deoclécio Marques de Lucena, em Parnamirim. Cobrando repasses atrasados, da ordem de R$ 2,4 milhões, a Cooperativa Médica do Rio Grande do Norte (Coopmed) suspendeu os atendimentos desde às 7h da segunda-feira, 1º de abril. O que soou como mentira para inúmeros pacientes é, na verdade, uma cruel realidade. Até o início da tarde de ontem, 27 homens e mulheres de idades diversas, aguardavam por cirurgia nos leitos do hospital. A problemática, porém, é ainda maior. Os pacientes que necessitam de cirurgias ortopédicas de urgência estão sendo transferidos para o Hospital Walfredo Gurgel, historicamente conhecido pela superlotação dos corredores do Pronto-Socorro Clóvis Sarinho. Até o início da tarde de ontem, além dos pacientes internados em Parnamirim, outros 27 estavam espalhados entre as enfermarias do quarto andar do HWG e pelos corredores do Clóvis Sarinho. saiba mais Hospitais não têm como fechar as escalas pediátricas Deoclécio Marques espera retomar cirurgias na sexta Sesap mantém contratos emergenciais há 8 meses Baixa remuneração afasta pediatras A assessoria de imprensa da Secretaria de Estado da Saúde Pública (Sesap) confirmou que o pagamento da Coopmed será regularizado até a próxima sexta-feira, 5. O presidente da cooperativa, Fernando Pinto, advertiu que os médicos só retornarão ao trabalho depois que o depósito for confirmado. ?Só retomaremos as cirurgias quando recebermos os pagamentos?, frisou Fernando Pinto. No total, segundo ele, o Estado acumula débitos para com a Cooperativa desde dezembro do ano passado. Somente no Deoclécio Marques, as dívidas chegam a R$ 750 mil (meses de dezembro de 2012; janeiro e fevereiro de 2013). ?As coisas só chegam a este ponto porque outras medidas não são tomadas antecipadamente?, asseverou Fernando Pinto. O imbróglio entre a Sesap e a Coopmed reflete no tempo de espera dos pacientes. Vítima de acidente automobilístico em junho de 2012, o moto-taxista Paulo Brito de Araújo, de 48 anos, está internado no Deoclécio Marques desde 9 de janeiro. Ele aguarda a quarta cirurgia eletiva na perna esquerda, com múltiplas fraturas em decorrência do acidente. ?O que eu posso fazer, a não ser esperar, a quem devo recorrer??, indagou.