Sindicato denuncia problemas estruturais no Giselda Trigueiro
Geral
15.05.2013
O Hospital Giselda Trigueiro, localizado na zona Oeste de Natal, mesmo passando por uma ampla reforma, orçada em aproximadamente R$ 2,8 milhões, ainda enfrenta diversos problemas estruturais. O sistema de ar condicionado do Pronto Socorro está quebrado há mais de oito meses, prejudicando o atendimento dos pacientes e o dia a dia dos funcionários da unidade. Há duas semanas, foi a vez dos aparelhos de ar condicionado da sala de raio-X apresentar problema, seguido do aparelho do setor de pediatria.
Sindicato dos Trabalhadores em Saúde do RN (Sindsaude-RN) denunciou os problemas e cobra do Governo do Estado uma solução.
Na última sexta-feira (10) uma comissão formada por enfermeiros, trabalhadores do Pronto-Socorro e pelo diretor do Sindicato dos Servidores em Saúde, Marcelo Guedes, que também trabalha na unidade, foi recebida pela diretora-geral do Hospital Giselda Trigueiro, Milena Maria Costa Martins, e por outros integrantes da direção do hospital. A reunião foi solicitada através de um abaixo-assinado dos funcionários, com cerca de 30 assinaturas. Nele, os funcionários relatavam os problemas de estrutura e de condições de trabalho enfrentados pelos profissionais, em especial o não funcionamento do ar condicionado do Pronto-Socorro, da Pediatria e, recentemente, da sala de Raio-X.
Em reunião com servidores e membros da diretoria do Sindsaúde-RN, a direção do hospital informou que o ar-condicionado do Pronto-Socorro e da sala de Raio-X devem estar funcionando até a próxima quinta-feira, 16 de maio. Neste período, duas salas que funcionam como enfermaria serão utilizadas temporariamente como espaços de atendimento. Segundo a direção, o problema se alongou devido ao não cumprimento do serviço por parte da empresa selecionada pelo governo, que tomou as medidas judiciais para que a empresa cumpra o que foi contratado.
Em relação ao ar-condicionado do setor de Pediatria, foi informado que há uma licitação sendo feita, para a escolha da empresa que fará o serviço. Outros temas específicos foram apresentados, como a necessidade de maqueiros de forma permanente no hospital. Uma nova reunião está marcada, para o dia 24 de maio, entre os servidores e a direção do hospital. “Há alguns meses, quando estava mais calor, os funcionários tiveram que jogar água em alguns pacientes, para refrescar um pouco e amenizar o calor”, disse Marcelo Guedes, diretor de comunicação do Sindsaúde e funcionário do hospital.
Como o aparelho de ar condicionado da sala de raio-X está sem funcionar, apenas exames de emergência estão sendo realizados, em condições improvisadas, “pois o aparelho não pode ser utilizado sem um ambiente refrigerado”, conta Marcelo Guedes. Funcionários relataram que, no passado, o aparelho de raio-x já chegou a explodir por estar sendo usado sem o ar-condicionado.
“Essa é uma questão elementar, básica, que o governo tem que dar conta, tem recursos e não dá prioridade. Já está claro que a relação de dependência estabelecida pelo Estado com os serviços terceirizados não é a solução: oito meses com o ar condicionado do pronto socorro quebrado mostra, no mínimo, que não há eficiência nesta relação”, afirma Simone Dutra, vice-coordenadora Geral do Sindsaúde.
A vendedora Cláudia Vicente procurou atendimento na manhã de hoje com suspeita de dengue, mas foi diagnosticado que ela estava com uma virose. Cláudia conta que o atendimento na porta de entrada estava demorado, pois apenas um dos três computadores do setor de acolhimento estava funcionando. “Demora apenas na recepção, lá dentro fui bem atendida, apesar do calor que estava insuportável. Não perguntei o porquê do calor, mas imagino que o ar condicionado está quebrado. É ruim porque fica tudo abafado e além da dor, temos que conviver com o calor”, destacou.
A auxiliar de cozinha Josefa da Silva mora no Igapó, zona Norte de Natal, e foi ao Giselda Trigueiro, porque no Hospital Santa Catarina o atendimento é difícil em virtude da alta demanda, e nas Unidades de Saúde só atendem com consulta marcada. “Estou suspeitando que esteja com dengue e como aqui é referência, optei por aqui mesmo, mas a enfermeira acredita que eu tenho apenas uma virose. “O atendimento está demorando um pouco, mas em outros hospitais é bem pior, pois somos mal atendidos e esperamos bastante”.
A auxiliar de enfermagem Célia Soares também procurou atendimento hoje de manhã no Giselda Trigueiro, mas não teve êxito. Com uma gripe há mais de duas semanas que não a deixa dormir, ela conta que procurou a Unidade Básica de Saúde do Bairro Nordeste, onde mora, mas que não resolveu o problema. “Quero um diagnóstico mais preciso. Procurei o hospital, porque pensei que pudesse ser atendida, mas não fui. Disseram que eu tinha que trazer um encaminhamento do Posto de Saúde para ser atendida aqui. É uma situação muito difícil, pois demoro a procurar o médico e quando venho sou obrigada a enfrentar essa situação”.
O Hospital Giselda Trigueiro não tem atendimento pediátrico de urgência, pois não possui pediatra de plantão no Pronto Socorro, com exceção para os casos de profilaxia antirrábica e antitetânica, acidentes com animais peçonhentos e pacientes encaminhados por outros serviços, para internação, através da regulação médica.
A reportagem d’O Jornal de Hoje entrou em contato com a direção do Hospital, através da assessoria de imprensa da Secretaria Estadual de Saúde Pública, e foi informada de que a diretora Milena Martins estava em reunião e que só poderia conceder entrevista em outra ocasião.
Fonte: Jornal de Hoje