Hospital Deoclécio Marques retoma cirurgias ortopédicas, mas corredor ainda está lotado
Geral
17.05.2013
Depois de mais de uma semana suspensas, as cirurgias eletivas ortopédicas do Hospital Regional Deoclécio Marques de Lucena, em Parnamirim, foram retomadas na manhã desta quinta-feira (16). Com a suspensão dos procedimentos, o número de pacientes internados na manhã de hoje na instituição é quase o dobro da capacidade. A unidade conta com 37 leitos de enfermarias, mas tem 61 pacientes a espera de um procedimento ortopédico, sendo 24 nos corredores do hospital.
Hoje, além do Deoclécio Marques de Lucena, apenas o Hospital Memorial está realizando as cirurgias eletivas em pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS), pois o Hospital Médico Cirúrgico suspendeu a realização dos procedimentos por falta de pagamento. A Secretaria Municipal de Natal está com seis meses de repasse atrasado à instituição e alega que o repasse ao Médico Cirúrgico não foi feito, por pendências de documentação do próprio hospital.
A diretora administrativa do Hospital Deoclécio Marques, Adriana Macedo de Pontes, explicou que, por falta de material cirúrgico, as cirurgias eletivas estavam suspensas, mas que, em reunião realizada na tarde desta quarta-feira (15), entre ortopedistas, direção do Hospital e a responsável pela Coordenadoria de Operações de Hospitais e Unidade de Referência (Cohur), Camila de Medeiros Costa, ficou definido que seria feito, em caráter emergencial, a aquisição de material ortopédico para realização de cirurgias de pequeno e médio porte.
“Passamos mais de uma semana realizando apenas as cirurgias de urgência e emergência, o que ocasionou essa situação de superlotação, mas em uma semana, conseguiremos limpar o corredor da ortopedia. As urgências que não podiam ser realizadas aqui estavam sendo referenciadas para o Hospital Memorial, que é o único que recebe. Em relação aos procedimentos de alta complexidade vamos ter que esperar um pouco mais. Os materiais ortopédicos são de alto custo e é necessário passarmos pelo processo licitatório e isso requer tempo”, afirma a diretora administrativa.
Na manhã de hoje, as primeiras caixas de pequenos e grandes fragmentos, material essencial para as cirurgias haviam chegado, o que possibilitou a realização dos procedimentos cirúrgicos. Por dia, o Deoclécio Marques de Lucena realiza uma média de dez cirurgias, sendo seis eletivas e as demais de urgência e emergência.
A dona de casa Francisca Valeriana Rodrigues mora no município de Monte das Gameleiras e sofreu um acidente em casa na última sexta-feira (10). Na queda, ela quebrou o fêmur e foi transferida para o Hospital Deoclécio Marques de Lucena. Desde então, ela aguarda a realização da cirurgia em uma maca no corredor. Ela reclama de fortes dores e do incômodo de esperar a cirurgia nas macas.
“Preciso que a minha cirurgia seja feita o quanto antes, pois sou dona de casa e o tempo que eu passar aqui não vai ter ninguém para cuidar da minha casa. Quando procuramos um hospital não estamos brincando, pois precisamos de atendimento o quanto antes. Além disso, o corredor não é um local para ninguém ficar. É desumano e muito ruim. Quando vim para o hospital, imaginei que, pelo menos, ficaria em um quarto, mas quero sair daqui o quanto antes”, desabafou Francisca Valeriana.
A aposentada Rinaura Adalgiza do Nascimento mora no município de Nísia Floresta e desde a última quinta-feira (9) está internada nos corredores do Hospital Deoclécio Marques. Ela está com osteomelite e precisa passar por um procedimento cirúrgico. No entanto, ela só pode fazer a cirurgia, depois de tratar a infecção. “Me disseram que preciso cuidar da infecção, mas apenas hoje que começaram a me dar a medicação. Não vejo a hora de sair daqui e voltar para a minha rotina”, destacou. O tratamento da osteomelite pode durar até 14 dias.
Diacone Dantas de Oliveira trabalha como vendedor autônomo no município de Santana do Matos, mas sofreu um acidente de moto na última quinta-feira (9), quebrou o braço direto e fraturou um dedo. Antes de chegar ao Hospital Deoclécio Marques, Diacone passou pelos hospitais dos municípios de Lagoa Nova e de Currais Novos. “O pior já passou. Sei que a demora é grande devido a concorrência. É muita gente para fazer a cirurgia, mas sei que a minha hora vai chegar”, afirmou Diacone.
Fonte: Jornal de Hoje