Novos atendimentos são suspensos
Geral
14.01.2015
O Hospital Psiquiátrico Professor Severino Lopes vai manter suspenso o atendimento aos pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS), decisão tomada no dia 26 de dezembro, até que a Secretaria Municipal de Saúde (SMS) aumente a diária paga pela prestação do serviço.
De acordo com Wedson Silva, gerente administrativo do hospital, desde novembro de 2013 a SMS paga pela diária R$ 43,73, valor que é insuficiente para manter as despesas com os pacientes. O novo valor pleiteado é de R$120.
“Com o que estava sendo pago, vínhamos começando a ter prejuízo. Antes que a qualidade do atendimento fosse prejudicada, resolvemos suspender o atendimento”, disse Wedson.
Segundo ele, mais de 140 pacientes conveniados ao Sistema Único de Saúde continuam internados no Hospital Severino Lopes, porém, a unidade não tem mais aceitado novos portadores de transtornos mentais e dependentes químicos conveniados ao SUS, apesar de hoje haver vagas – 16 de 160 oferecidas.
Wedson espera que a Secretaria de Saúde do Município aceite a reivindicação do hospital, pois, do jeito que está hoje, a unidade não receberá novos pacientes e nem o retorno dos que hoje estão lá, uma vez que eles vão receber alta ao apresentar melhora e poderão precisar ser novamente internados, em caso de crise.
Uma das maiores preocupações do gerente administrativo é com os pacientes do SUS de longa permanência, em torno de 60 atualmente. São pessoas que estão lá há mais de um ano, seja por apresentarem transtornos graves, por terem sido abandonadas pelas famílias ou por serem presos de Justiça. A situação levou a diretoria do hospital a acionar o Ministério Público para ajudar a resolver essa questão. O pedido é para que o órgão cobre da Secretaria de Saúde um destino para esses pacientes.
Os portadores de transtornos mentais e dependentes químicos conveniados ao SUS são levados primeiramente para o hospital público Dr. João Machado, cuja estrutura é mantida pelo Governo do Estado e os atendimentos são custeados pela Prefeitura.
O hospital possui 130 leitos para internação, capacidade insuficiente para a demanda, e, por isso, tem que fazer a regulação para o Hospital Psiquiátrico Professor Severino Lopes.
Segundo a diretora-geral do João Machado, Louise Seabra, a situação é complicada porque o Ministério da Saúde não autoriza a ampliação de leitos, conduta que obedece à política de desospitalização da saúde mental no país. O impasse causa aflição nas pessoas que têm familiares internados no Hospital Psiquiátrico Professor Severino Lopes. É o caso de Leônia Ferreira da Silva. Com 76 anos, ela mora sozinha e não tem a mínima condição de cuidar do filho esquizofrênico de 58 anos, um dos pacientes do SUS com internação de longa duração na unidade.
Leônia Ferreira não quer nem pensar na possibilidade do filho ser liberado e voltar pra casa. “Ele é agressivo comigo, se recusa a tomar remédio. Sozinha e com essa idade, não consigo controlá-lo”.
Ceiça Silva Falcão tem uma filha de 24 anos internada no Hospital Severino Lopes, pelo SUS, e por isso também está muito preocupada com a suspensão do atendimento. Dependente química, a jovem foi internada há dois meses e, segundo a mãe, passou também a apresentar transtorno mental.
“Já tenho uma pessoa doente em casa e, no momento, não conseguiria lidar com ela, que chegou a fugir e morar na rua, passando a apresentar um comportamento muito agressivo. Seria terrível se recebesse alta agora”, disse ela.
Reprodução: Tribuna do Norte