3201 5491

FALE COM A GENTE

ÁREA DO COOPERADO

Ambiente, não genes, explicam variações imunológicas humanas

Geral

06.02.2015

Um estudo com gêmeos realizado por cientistas da Universidade de Stanford (EUA) mostrou que o nosso ambiente, e não os genes que herdamos dos nossos pais, é o principal determinante do estado do nosso sistema imunológico, a defesa primária do corpo contra as doenças.

Isto é especialmente verdade à medida que envelhecemos, indica o estudo publicado na revista Cell.

Sonhos genéticos

Os cientistas acreditavam – muitos ainda acreditam – que os genes tinham papel determinante direto sobre a saúde humana, como se fossem chaves liga/desliga, e seu entendimento poderia predizer a saúde futura das pessoas. Mas, com algumas exceções notáveis, muito poucas variações genéticas individuais contribuem fortemente para doenças específicas.

"A ideia em alguns círculos [científicos e médicos] tem sido que, se você sequenciar o genoma de alguém, você poderá dizer quais doenças essa pessoa terá 50 anos mais tarde", comenta o Dr. Mark Davis, líder do estudo. "Contudo, embora a variação genômica desempenhe claramente um papel em algumas doenças, o sistema imunológico precisa ser extremamente adaptável a fim de lidar com episódios imprevisíveis de infecção, ferimentos e formação de tumores."

"Ao contrário dos ratos de laboratório com genética controlada, as pessoas têm heranças genéticas amplamente divergentes," continua Davis. "E quando você examina o sistema imunológico das pessoas, muitas vezes você encontra enormes diferenças entre elas. Então, nos perguntamos se isso reflete diferenças genéticas subjacentes ou alguma outra coisa."

Gêmeos idênticos e gêmeos fraternos

Para determinar as contribuições relativas da genética e do ambiente – as condições de vida de cada pessoa – Davis e seus colegas usaram um método largamente utilizado para separar influências ambientais das influências hereditárias: eles compararam pares de gêmeos monozigóticos – mais conhecidos como gêmeos idênticos, gerados do mesmo óvulo – com gêmeos dizigóticos – ou gêmeos fraternos, gerados ao mesmo tempo mas de dois óvulos.

Os gêmeos idênticos herdam o mesmo genoma, à exceção de alguns erros de cópia inevitáveis quando as células se dividem. Já os gêmeos fraternos não são mais parecidos geneticamente do que irmãos regulares, partilhando em média 50% dos seus genes.

Como os dois tipos de gêmeos compartilham o mesmo ambiente no útero e geralmente compartilham o mesmo ambiente na infância, eles são excelentes para contrastar a hereditariedade genética em relação à influência ambiental.

A equipe então aplicou os melhores métodos laboratoriais de análise disponíveis nas amostras de sangue dos voluntários para medir mais de 200 componentes e atividades do sistema imunológico.

Genética e sistema imunológico

"Mas o que descobrimos foi que, na maioria dos casos, incluindo a reação a uma vacina padrão contra a gripe e outros tipos de resposta imunológica, há pouca ou nenhuma influência genética operando e, provavelmente, o meio ambiente e sua exposição a inúmeros micróbios é o fator principal."

"Influências não herdadas, particularmente micróbios, parecem desempenhar um papel gigantesco na variação imunológica," disse Davis. "Pelo menos para os primeiros 20 e poucos anos de sua vida, quando seu sistema imunológico está amadurecendo, este sistema incrível parece ser capaz de se adaptar a condições ambientais largamente diferentes.

"Um sistema imunológico humano saudável se adapta continuamente para seus encontros com agentes patogênicos hostis, bactérias amigáveis, componentes nutricionais e muito mais, ofuscando as influências da maioria dos fatores hereditários," concluiu o cientista.

Fonte: Diario da saúde