Esperança para enfrentar o câncer
Geral
03.11.2015
O Rio Grande do Norte deve superar a previsão do número de casos de câncer de mama diagnosticados no estado, que era de 500 ocorrências. A estimativa é que no ano de 2015 sejam identificados 800 casos. Mas o aumento não é de todo negativo quando falamos de diagnóstico. A medida que o número de casos identificados aumenta, cresce também a possibilidade de cura, que hoje gira em torno de 90% a 95% quando descoberto de forma precoce.
Os tempos mudaram e com a modernidade vieram novas formas de identificar a doença. “Quando eu comecei a clinicar, 45 anos atrás, os nódulos eram identificados quando podiam ser sentidos pelo toque do médico. Hoje nós contamos com aparelhos de mamografia, ultra-sonografia e até de ressonância magnética que nos proporcionaram uma grande evolução. Ao invés de identificar um nódulo com três, quatro centímetros, nós conseguimos encontrá-lo com apenas alguns milímetros”, relembra o doutor Ivo Barreto, mastologista.
A evolução no diagnóstico foi seguida pela evolução dos tratamentos. As sessões de quimioterapia conseguem reduzir consideravelmente o tamanho dos nódulos, tornando-os operáveis e possibilitando a não retirada total da mama. “Antes o câncer era uma coisa vista como aquele dito popular ‘se correr o bicho pega, se ficar ele come’. Hoje a situação é bem diferente. Se correr ele cura e se ficar ele não come de vez”, conta.
A forma de operar também mudou. O que antes era um veredicto de remoção da mama, hoje é encarado de maneira diferente pelos médicos e menos temido pelas pacientes. Dependendo do tamanho e da malignidade do tumor e da mama, existe a possibilidade de fazer uma cirurgia apenas no quadrante afetado, ao invés de realizar a mastectomia completa.
A influência dessa nova solução é direta no pós-operatório e interfere drasticamente na auto-estima das mulheres que se submetem a cirurgia. Hoje, as reconstruções de mama são vistas como uma ação necessária para as mulheres e já podem ser feitas no momento da remoção do tumor ou posteriormente a retirada do local afetado. Surgiu, inclusive, um profissional especializado no procedimento, a onconplástica, um cirurgião que entende com propriedade de tanto de cirurgia estética quanto de câncer e trata especificamente de casos de reconstrução. O Rio Grande do Norte conta com três desses médicos especializados.
Em alguns casos, a cirurgia requer a retirada do mamilo e a reconstrução moderna também trata esse tipo de caso. Pode ser utilizada uma pele mais escura da região da virilha, em uma pequena cirurgia para reconstruir a aréola. Mas a técnica indicada pelo doutor Ivo Barreto, por ser menos invasiva e dolorosa é a da tatuagem. Em Natal, alguns profissionais oferecem o serviço até gratuitamente. É o caso de Roberto Nascimento, que desde abril de 2015 abriu as portas do Theosophia Tatoo, no CCAB Sul, para a realização desse trabalho. De acordo com o profissional, a ação é recompensadora e cercada de emoção. “Até agora atendemos cerca de sete mulheres. O feedback é muito positivo e o momento de fazer a tatuagem é muito emocionante, cercado de histórias de superação”, relatou.
De acordo com Roberto, o resultado da tatuagem depende muito do cuidado na hora da cirurgia. “Às vezes, os cirurgiões deixam uma linha da pele que serve como um guia para reproduzir o antigo mamilo”. A textura não pode ser reproduzida perfeitamente pela tatuagem, mas visualmente a diferença entre um mamilo tatuado e um de verdade é mínima.
Fonte: Tribuna do Norte