NATAL: MAPA DA HEPATITE C - MAPA DA HEPATITE C
Geral
03.08.2010
DIÁRIO DE NATAL – 03-08-2010
Secção: Saúde
Por: Carolina Cotta
Link: http://www.diariodenatal.com.br/2010/08/03/saude1_0.php
Publicado no dia 03/08/10
MAPA DA HEPATITE C
Pesquisa mostra que transmissão está associada a grupos sociais e que exposição a drogas
Os resultados de uma pesquisa da Universidade de São Paulo (USP) podem ajudar no foco das campanhas de prevenção da hepatite C. Segundo o trabalho, que faz parte da Rede de Diversidade Genética Viral, os três principais subtipos do vírus causador da hepatite, o HCV, no Brasil, teriam entrado no país em diferentes momentos. O mais recente deles, o 1a, que tem crescido mais e, especialmente, entre os mais jovens, estaria associado às pessoas que possuem mais parceiros sexuais e estiveram expostas a mais fatores de risco.
O dado é importante na formulação de um perfil dos portadores de hepatite C, hoje considerada epidemia. Enquanto em todo o mundo cerca de 170 a 190 milhões de pessoas estão infectadas, no Brasil as estimativas chegam a 3,5% da população, com muitos casos atribuídos a usuários de drogas injetáveis.
O contato sexual foi usado como medida para compreender a interação social dos indivíduos. De acordo com o coordenador da pesquisa, o virologista do Instituto de Ciências Biomédicas daUSP, Paolo Zanotto, partiu-se do pressuposto de que a rede de contatos sexuais de uma pessoa seria um bom indicativo também de suas interações sociais.
Segundo Camila Romano, pesquisadora do Instituto de Medicina Tropical de São Paulo, os portadores do vírus HCV-1a teriam mais interações sociais e mais comportamentos de risco, o que indica que os subtipos mais novos, em especial o 1a, devem continuar se espalhando. Entretanto, segundo ela, é importante ressaltar que o número de relações sexuais não é o responsável pela transmissão acelerada, mas apenas um indicador dos contatos sociais.
Para chegar aos resultados foram feitas coletas de sangue de indivíduos infectados entre 1996 e 2007, em diferentes centros de tratamento da doença no interior paulista e no Hospital das Clínicas de São Paulo. Além do sequenciamento de parte do vírus, os pesquisadores contaram com dados de questionários respondidos pelos pacientes. Mesmo assim, segundo a pesquisadora, não foi possível explicar cerca de 40% dos casos, que não foram expostos aos principais fatores de risco, como o uso de drogas injetáveis e transfusão de sangue antes de 1993. Práticas como manicure e pedicure, extração dentária e pequenas cirurgias, reveladas pelos questionários, também não foram informativas, já que todos os pacientes haviam feito grande parte delas.
A partir da compreensão da dinâmica evolutiva do vírus foram identificadas os diferentes comportamentos das epidemias de cada subtipo. O primeiro vírus a entrar no país foi do subtipo 1b, que cresceu bastante no passado e está diminuindo provavelmente em função do controle nos bancos de sangue implementados entre as décadas de 1980 e 1990. Em seguida, entrou o subtipo 3a, seguido pelo subtipo 1a, com a maior taxa de crescimento entre todos.