3201 5491

FALE COM A GENTE

ÁREA DO COOPERADO

63% das cidades estão sem pediatras

Geral

12.01.2015

os passeios da pequena Tábata Thauanne, 8 anos, à capital potiguar se resumem às visitas aos hospitais. Identificada com perda total de audição desde o nascimento, ela precisa vir duas vezes por semana de Santa Maria, a 67 quilômetros de Natal, para tratamento de fonoaudiologia em uma clínica vinculada ao SUS. Há também consultas rotineiras à pediatria do Hospital Universitário Onofre Lopes. Na última sexta-feira (9), a dona de casa Rosimar Medeiros, mãe de Thauanne, descobriu que precisará vir à capital no dia 19 de março somente para marcar a próxima consulta com o pediatra. No interior onde mãe e filha residem, não há atendimento infantil especializado.
Santa Maria é apenas um dos 106 municípios potiguares que não possuem pediatria oferecida pela rede de saúde – privada ou particular – de baixa, média ou alta complexidade, segundo o Datasus, sistema de dados do Ministério da Saúde.
De acordo com levantamento feito pela TRIBUNA DO NORTE junto ao sistema, 63,4% dos municípios não possuem pediatras ocupados na rede de saúde. Segundo o sistema, há 964 profissionais ocupados em pediatria no RN. Se considerados apenas os profissionais individuais, há 456 pediatras no estado, presentes em uma esfera ainda menor, segundo o Datasus: cobrem apenas 26% dos municípios.

Essa deficiência de cobertura é sentida tanto na rede pública quanto na privada. No último final de semana, foi noticiada a ausência de pediatras no Papi: um dos três pronto-socorros particulares infantis da capital. Profissionais reclamavam atrasos nos pagamentos. Já na rede de saúde público, o problema já conhecido das outras especialidades também atinge a infância: a Secretaria Estadual de Saúde (Sesap) trabalha com um déficit de 35 pediatras na rede. Hospitais regionais como o de Angicos e Caraúbas não possuem pediatras, embora as vagas estejam previstos no quadro.

Desassistidos no interior e na rede básica do município, há uma migração em massa para a porta dos pronto-socorros em busca de um atendimento que deveria ser ambulatorial. “Cansei de ir no hospital de São Paulo (do Potengi) buscar atendimento e ouvir a pergunta: não tem médico no seu município, não”, conta a dona de casa Rosimar Medeiros. O jeito foi pagar R$ 12 nas passagens de ônibus em busca de atendimento na capital.

 

Fonte: Tribuna do Norte