Adenotonsilectomia precoce para tratar a apneia obstrutiva do sono pode aumentar o ganho de peso em crianças: estudo publicado pelo Pediatrics
Geral
01.08.2014
A adenotonsilectomia para tratar a síndrome da apneia obstrutiva do sono (SAOS) em crianças pode levar ao ganho de peso, levando a efeitos deletérios à saúde quando conduz à obesidade. No entanto, dados anteriores vieram de estudos não controlados e não randomizados, limitando as inferências. Este estudo, publicado pelo periódico Pediatrics, analisou as modificações antropométricas em um intervalo de sete meses em um estudo controlado randomizado de pacientes submetidos à adenotonsilectomia para a SAOS, o ensaio clínico Childhood Adenotonsillectomy Trial.
Um total de 464 crianças que tinham SAOS (índice médio de apneia e hipopneia por hora de sono [IAH/hora] igual ou maior que 5,1/hora), com idades entre 5 a 9,9 anos, foram randomizados para Adenotonsilectomia Precoce (ATP) ou Conduta Expectante e Cuidados de Apoio (CECA). A polissonografia e a antropometria foram realizadas no início e com sete meses de acompanhamento. O modelo de regressão de multivariáveis foi utilizado para prever a alteração dos índices de peso e de crescimento.
Aumento do intervalo no escore z do IMC (0,13 vs 0,31) foi observado em ambos os grupos de intervenção CECA e ATP, respectivamente, mas foi maior no ATP (P<0,0001). A modelagem estatística mostrou que o escore z do IMC aumentou significativamente mais em associação com a ATP depois de considerar as influências do peso inicial e do IAH/hora. Uma maior proporção de crianças com excesso de peso randomizadas para a ATP em comparação com as do grupo da CECA desenvolveu obesidade no intervalo de sete meses (52% vs 21%, P <0,05). Raça, gênero e acompanhamento do IAH/hora não foram significativamente associados às mudanças no escore z do IMC. Os resultados deste estudo mostram que a ATP para tratar a SAOS em crianças resulta em ganho de peso clinicamente significativo maior do que o esperado, mesmo em crianças com sobrepeso no início do estudo. O aumento da adiposidade em crianças com excesso de peso coloca em maior risco para a SAOS e as consequências adversas da obesidade. Monitoramento do peso corporal, aconselhamento nutricional e incentivo à atividade física deve ser considerado depois da realização de uma ATP para tratar a SAOS. Fonte: Pediatrics, publicação online, de 28 de julho de 2014