Altos custos inibem investimentos
Geral
08.05.2014
Para o presidente da Associação dos Hospitais do Rio Grande do Norte, o médico Élson Sousa Miranda, os hospitais ainda estão trabalhando dentro da normalidade, mas há momentos em que os surtos de viroses ou dengue fazem a situação se complicar. Ele confirma que, nos últimos meses, o número de leitos, principalmente os de UTI, é insuficiente.
“Faz muito tempo que Natal não inaugura um hospital. Para se ter uma ideia, o último foi o Natal Hospital Center, e já faz muitos anos (são 12 anos)”, coloca. “Em muitos casos, hoje, achar uma vaga não é facil, principalmente de UTI”, diz. Ele acredita que não há uma uma perspectiva de melhora a curto prazo.
saiba mais
Não há qualquer regulamentação que estabeleça o número mínimo de leitos hospitalares para a rede complementar. O presidente da associação explica que as unidades estão aumentando despesas, logo logo não podem investir tanto como antes. “É muito complexo porque depende do empresariado. O preço dos insumos vai crescendo. O plano de saúde paga, mas a diária não aumenta”, pontua Élson Miranda.
Ele ainda destaca que os leitos custam caro e ainda exigem investimento com profissionais para atendimento. “O empresário pensa duas vezes. Não se vê no horizonte uma solução. É caro e não se vê um movimento quanto a isso”, coloca Miranda.
Uma Unidade de Tratamento Intensivo pode custar até R$ 100 mil, somados equipamentos complementares necessários ao funcionamento dela. Além disso, é preciso considerar gasto com funcionários.
Defasagem
Para o presidente do Conselho Regional de Medicina (CRM), Jeancarlo Fernandes Cavalcante, o pouco investimento dos hospitais particulares também ocorre, em parte, pela falta de reajuste das tabelas de pagamento dos planos de saúde, responsáveis por grande parte do volume de pacientes particulares.
Ainda de acordo com ele, é cada vez mais comum os médicos desmarcarem as cirurgias eletivas para garantir o número adequado de leitos para casos de emergência. “Se pegarmos dados mais antigos, vamos ver que na verdade tivemos uma redução de leitos. O déficit de UTIs, principalmente, é no público e no particular”, declarou Jeancarlo Fernandes.
Durante a reportagem, a equipe da TRIBUNA DO NORTE não pôde visitar os leitos dos hospitais, ou falar com pacientes. Fotos desses ambientes também foram permitidas. A reportagem também procurou dois planos de saúde que atuam no Rio Grande do Norte para saber se eles receberam algum tipo de reclamação, por parte de seus clientes, quanto à falta de internação. Até o fechamento da reportagem, porém nenhum dos dois respondeu ao questionamento.
Em 2013, a população do Estado foi estimada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em 3.373.959 pessoas. Considerando-se que a OMS recomenda 2,5 a 3 leitos para cada mil habitantes, o RN precisaria de 8.434 disponíveis. Porém, de acordo com dados de março, existem apenas 7.454. Dessa forma, calculada a exigência mínima de 2,5 há um déficit de 980 leitos de hospitais no Estado.
Leitos internação
Dados referentes a março deste ano
Total
RN – 7.454
Natal – 2.982
Interior – 4.472
Tipo de prestador
Público – 4.642
Privado – 2.115
Filantrópico – 697
Tipo de especialidade
Cirúrgico – 1.726
Clínico – 2.606
Obstétrico – 1.118
Pediátrico – 1.128
Hospital/Dia – 81
Outros – 795
Para cada 1000 habitantes, é necessário de 2,5 a 3 leitos hospitalares.
De acordo com o IBGE, a população do RN foi estimada em 3.373.959 habitantes.
Fonte: DataSUS
Fonte: Tribuna do Norte