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Atuação de enfermeiro obstetra pode melhorar assistência materno-infantil

Geral

09.05.2013

 

O atendimento médico obstétrico no Rio Grande do Norte continua caótico. As duas maiores maternidades de Natal, a Maternidade Escola Januário Cicco (MEJC) e o Hospital Santa Catarina estão lotadas de pacientes, oriundas, em sua maioria, do interior do Estado. A superlotação das unidades obstétricas é reflexo da falta de estrutura médica e operacional dos hospitais do interior do Estado que, impossibilitados de realizarem partos mais complexos, encaminham mulheres em trabalho de parto para Natal. Diante dessa situação, o Comitê de Mortalidade Materna estuda a possibilidade de formação de enfermeiros obstetras como forma de amenizar a situação da saúde materno-infantil.

Em reunião realizada na última segunda-feira (6), representantes do Conselho Regional de Medicina do Rio Grande do Norte (Cremern), que participaram da reunião do Fórum em Defesa da Saúde do RN apresentaram um projeto que poderia diminuir os efeitos da crise da assistência materno-infantil estadual. Essa opção foi testada com estudantes da Inglaterra, na Maternidade de Felipe Camarão e trouxe bons resultados. O Conselho apresentou um relatório se posicionando favorável ao curso e a Associação de Pediatria também se mostrou favorável a prática, destacando a presença de um pediatra.

A diretora médica da Maternidade Escola Januário Cicco, Maria da Guia de Medeiros Garcia, considera que o projeto é importante e que pode ajudar a amenizar a crise, no entanto, isoladamente não resolve a crise. Ela conta que o enfermeiro obstetra pode realizar parto normal de baixo risco, desde que próximo a ele tenha um hospital maternidade e uma ambulância para dar o suporte, em caso de complicação no parto.

“Na Europa, diante da falta de obstetras, quem realiza os partos são os enfermeiros obstetras, mas o projeto prevê a construção de casas de partos, acopladas a maternidades, como forma de desafogar. A Januário Cicco recusou, mas o Hospital Santa Catarina se propôs, há mais de um ano, em construir uma casa de parto, apenas para os partos normais de baixo risco, feito exclusivamente pelos enfermeiros obstetras. Sozinho, esse projeto não resolve o caos, pois ele só conseguirá dar resolutividade em locais que se tenham hospitais por perto, como Assú e Mossoró”, destacou.

Maria da Guia de Medeiros disse que além do profissional de obstetrícia, a falta de pediatras também é outro problema a ser enfrentado. Para isso, a diretora conta que a Secretaria Estadual de Saúde Pública do RN (Sesap) deverá, nos próximos meses, treinar enfermeiros e técnicos de enfermagem, no atendimento ao recém-nascido. “Desta forma, não precisaria da presença do pediatra. É uma recomendação inclusive do Cremern, e a própria Rede Cegonha já trabalha com essa lógica”, destacou. A diretora conta que na próxima semana, a Secretaria Municipal de Saúde (SMS) estabelecendo que as três maternidades do município tenham profissionais de enfermagem capacitados para assistirem os recém-nascidos.

A obstetra Maria do Carmo é do Comitê de Mortalidade Materna e explicou como se daria a formação de enfermeira obstetra, que era realizado na Maternidade Escola Januário Cicco. “Nesse caso, a enfermeira tem condições de realizar um parto de risco habitual, com um médico de resguarda e um neonatologista”, conta Maria do Carmo.

Fonte: Jornal de Hoje