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Caos na obstetrícia de Natal repercute na Maternidade Divino Amor em Parnamirim

Geral

12.04.2013

O caos na obstetrícia do Rio Grande do Norte, que há dias tem causado transtorno a Maternidade Escola Januário Cicco (MEJC) e ao Centro Obstétrico do Hospital Santa Catarina, já afeta o Hospital Maternidade Divino Amor, no município de Parnamirim, localizado na Região Metropolitana de Natal. Nesta quarta-feira (10), a maternidade contava com 85 mulheres internadas, sendo que a capacidade é de apenas 64 leitos, o que obrigou a suspensão das cirurgias eletivas masculinas para poder comportar o excedente das mulheres nas enfermarias. Hoje, a situação estava mais tranqüila. No centro obstétrico, as duas salas de pré-parto tinham apenas duas mulheres em trabalho de parto. No entanto, na recepção do hospital mais de dez gestantes aguardavam atendimento.

A diretora geral da Maternidade Divino Amor, Maria Socorro Medeiros de Morais, explica que não há pactuação entre Parnamirim e os demais municípios, ou seja, todos os partos realizados na Maternidade deveriam ser de parturientes residentes na cidade. No entanto, não é isso o que acontece. É comum encontrar pacientes de outros municípios. Hoje, além de pacientes de São Gonçalo do Amarante, São José de Mipibu, Nísia Floresta, tinham oitos mulheres de Natal. A Maternidade Divino Amor realiza uma média de 300 partos por mês, sendo que destes, cerca de 20% são de pacientes de outros municípios.

“A nossa Maternidade é mantida com recursos próprios e do Ministério da Saúde. Não recebemos recursos dos municípios para receber suas gestantes, mas por outro lado não podemos recusar atendimento. Mas o caos que está instalado em Natal já começa a repercutir em nosso município. As últimas 72 horas têm sido de caos em nossa maternidade, com pacientes em cadeiras esperando a hora do parto. É uma situação triste, em um momento tão especial para as mulheres”, destacou.

A diretora conta que é feita uma fiscalização efetiva nos endereços dos pacientes, inclusive com a visita domiciliar dos assistentes sociais, mas apenas nos casos das cirurgias eletivas, pois nos casos de urgência e emergência não há como fazer a fiscalização. “Não temos como saber se a paciente que chega na maternidade em situação de urgência está dizendo a verdade ao dar o endereço de Parnamirim. Não podemos restringir o atendimento, pois isso seria omissão de socorro e jamais faremos isso”, ressaltou Socorro Medeiros.

A Maternidade tem uma estrutura obstétrica formada por duas salas de parto, duas salas de pré-parto, uma sala de curetagem e duas salas de centro cirúrgico, para realização de partos cesáreos. O Centro de Recuperação de Operados (CRO), que chegou a ficar com pacientes excedentes, hoje estava dentro da capacidade. Ontem à noite tinham oito mulheres em trabalho de parto, em um espaço que só comporta seis pacientes. As duas excedentes ficaram em cadeiras. No centro cirúrgico, três pacientes aguardavam a realização da cesárea. A enfermaria de recém-nascidos em tratamento clínico, com seis leitos, estava ocupada hoje por puérperas. Os leitos de cirurgias clínicas também estavam ocupados por puérperas.

A Maternidade conta com dez leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) Neonatal e hoje estavam todos ocupados. A metade deles de recém-nascidos de Parnamirim e os demais oriundos de outras cidades. Com a superlotação, está sendo comum improvisar novos leitos. A diretora Socorro Medeiros conta que semana passada chegou a ter 12 recém-nascidos na UTI Neonatal. “Isso não é o ideal e além de comprometer a assistência prestada ao recém-nascido, sobrecarrega a equipe. E o mais complicado é que não temos pontos de oxigênio suficientes para abrir leitos de UTI improvisados. O Estado precisa fazer a sua parte e colocar leitos de UTI Neonatal para funcionar e desafogar o nosso serviço”, destacou a diretora da Maternidade Divino Amor.

“Oferecemos uma assistência obstétrica como poucos municípios do Brasil e temos uma situação privilegiada em relação a outros, como Natal, que não tem a nossa resolutividade obstétrica e nem tem leitos de UTI Neonatal como dispomos. Ainda somos uma ilha de excelência no meio de um mar de inoperância, muito pelo compromisso dos gestores com a qualidade da saúde pública, em especial da assistência materno-infantil”. Além da Maternidade Divino Amor, apenas a Maternidade Januário Cicco e o Hospital Santa Catarina conta com leitos de UTI Neonatal para pacientes do SUS na Região Metropolitana de Natal.

No entanto, o município de Parnamirim não conta com um hospital municipal para atendimento infantil e à saúde do homem. Diante dessa deficiência, desde outubro do ano passado, foram criados seis leitos de enfermaria para pacientes masculinos que passam por cirurgia eletiva. Ontem, diante da superlotação, as oito cirurgias eletivas foram suspensas e os leitos destinados a puerperas. Hoje, as cirurgias foram retomadas.

Pacientes de fora

Maria Luzineide mora em Natal, no bairro de Candelária. Ela conta que chegou a ir na Maternidade Escola Januário Cicco, mas diante da superlotação preferiu não ficar internada. “Lá tinha muitas mulheres nos corredores e como eu sabia que o meu parto seria cesáreo fiquei com medo de não ser atendida logo e ter que esperar demais. Me indicaram a Maternidade Divino Amor e disseram que o atendimento era muito bom e realmente é, pois mais parece uma maternidade privada”, destacou a mãe que teve seu filho no último dia três.

Niedja Luany, de 18 anos, também mora em Natal. Ela mora no conjunto Pirangi e fez o pré-natal na Unidade de Saúde de Felipe Camarão, mas na hora do parto, também optou por ir para a Maternidade Divino Amor. “Três dias antes fui fazer o monitoramento na Maternidade Januário Cicco, mas já sabia que não ia fazer o parto lá. Pela qualidade, queria que o meu filho nascesse aqui. Quando cheguei estava tranquilo, mas ontem à noite o centro obstétrico estava muito tumultuado e bem agitado. Mesmo assim, apesar da demora, fomos bem atendidos”, destacou.

Simone Freire, de 24 anos, mora em um distrito do município de Nísia Floresta. Ela conta que fez o pré-natal em Nísia Floresta, mas que, apesar da proximidade com São José de Mipibu, optou pela Maternidade Divino Amor. “Lá era mais perto, mas como não sabia se tinha atendimento, preferi vir pra cá, pois era garantia de atendimento e atendimento bom”, afirmou.

MEJC

Diante da situação da alta demanda de recém-nascidos que necessitam que cuidados especiais em Unidade de Terapia Intensiva (UTI) Neonatal, a direção da Maternidade Escola Januário Cicco foi obrigada a criar leitos de UTI Neonatal improvisadas nas duas salas do centro cirúrgico e no CRO. Diante da interdição do centro obstétrico, a direção suspendeu, por tempo indeterminado, a realização das cirurgias eletivas, transformando o centro ginecológico em um novo centro obstétrico, a fim de garantir a realização dos partos cesáreos.

Fonte: O Jornal de Hoje