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Cardiologistas do Walfredo Gurgel desmentem Sesap e reafirmam pedido de exoneração

Geral

08.07.2013

Mesmo após reunião solicitada pelo titular da Secretaria Estadual da Saúde Pública do Rio Grande do Norte (Sesap), Luiz Roberto Fonseca, para tentar um acordo quanto ao pedido de exoneração coletiva, os médicos da UTI Cardiológica do Hospital Monsenhor Walfredo Gurgel permanecem fiéis às declarações feitas inicialmente. Em conversa com O Jornal de Hoje na manhã deste sábado (6), o cardiologista Luciano Pilla, um dos demissionários, desmentiu as informações passadas pela assessoria de comunicação da Sesap, de que os médicos ainda dariam uma palavra final sobre o assunto em nova reunião, marcada para semana que vem. “É mentira. Durante a conversa que tivemos com o secretário, deixamos bem claro que a nossa decisão era irrevogável. Essa história de 30 dias para adequar a UTI a um padrão mínimo de funcionamento é balela. Faz três anos que reivindicamos condições básicas de trabalho e nunca fomos atendidos, vão resolver em um mês, agora?”, questiona Pilla.

O profissional conta, ainda, que em momento algum foi solicitada a mediação da Associação Médica do RN (AMRN), na conversa com a Secretaria de Saúde do Estado. “Eles [da AMRN] queriam que desistíssemos do pedido de afastamento, foram à reunião com esse intuito, mas deixamos claro desde o início que não existia possibilidade de mudarmos de opinião. Inclusive os cinco pedidos individuais de demissão foram entregues ontem (5) ao setor de Recursos Humanos do hospital, sendo quatro ainda pela manhã e um no período da tarde, pois o quinto médico estava em procedimento cirúrgico e não pôde comparecer à reunião”, afirma.

A Sesap já havia anunciado que não havia riscos de fechar a UTI Cardiológica do Walfredo Gurgel, mesmo considerando a saída dos médicos. A solução, segundo a Secretaria, seria transferir cardiologistas de outros setores do próprio hospital para a Unidade de Tratamento Intensivo – de acordo com informações extraoficiais, já existe uma reunião marcada com esses profissionais para segunda-feira (8) -, mas Luciano Pilla alerta para o fato de que os especialistas lotados nas enfermarias não exercem funções na área de terapia intensiva há muito tempo.

“É uma situação muito complicada para eles, assumir um setor diferente do que estão habituados. Não sei até que ponto seria viável”, comenta o médico. “A população do Rio Grande do Norte precisa ficar ciente do que está acontecendo. Já dissemos isto ontem, mas eu vou ser mais específico: Que espécie de trabalho é esse, em que, por vezes literalmente, temos de escolher quem vive e quem morre? É uma situação insustentável, não existe a mínima condição de exercer uma medicina de qualidade dessa maneira, sem estrutura física, sem medicamentos”, desabafa.

Não é a primeira vez que a Saúde do Estado sofre um impacto como esses. Em dezembro do ano passado, outra equipe de médicos do Walfredo Gurgel também pediu exoneração por falta de condições de trabalho. Um dos reclamantes era o cirurgião vascular Eugênio Lopes, que atribui a ocorrência desse tipo de problema ao descaso do Governo do Estado para com a Saúde Pública. “Eu concordo totalmente com a posição dos colegas. Também pedi demissão, mas o processo para me liberar demorou tanto que fiz, junto aos outros médicos, um acordo com a Secretaria de Saúde solicitando que nos transferissem para o Hospital Estadual Dr. Ruy Pereira, em Petrópolis. O Walfredo Gurgel não dá a mínima condição para se trabalhar; a classe médica fez aquele protesto (na última quarta-feira, dia 3) justamente com o intuito de chamar atenção da sociedade para o problema. Ficam dizendo por aí que o médico não quer trabalhar, não quer ir para o interior, mas quem aceitaria trabalhar em um lugar afastado, sem vínculo empregatício, sem direito a férias ou 13º, sem uma mísera maca para examinar um paciente? Eu fiz juramento para ser médico, não para ser santo”, salienta Lopes.

Fonte: Jornal de Hoje