Cinco minutos que podem salvar uma vida
Geral
13.04.2013
Células-tronco são hoje a grande promessa e uma das maiores esperanças da medicina moderna para encontrar a cura de uma infinidade de doenças. Muitos pais devem se perguntar se vale a pena contratar serviços de um empresa especializada em conservar o sangue do cordão umbilical de seus bebês, que é rico dessa natureza. Embora essas células não possam ter total garantia de cura, profissionais apontam que estudos comprovaram a possibilidade de tratamento eficaz em mais de 70 doenças.
De acordo com o especialista em terapia celular, Gustavo Oliveira, as células-tronco do sangue do cordão umbilical têm um uso limitado, pois 90% delas são progenitoras hematopoéticas – o que significa que são úteis, somente, se empregadas no tratamento da leucemia e de doenças hematológicas.
“São doenças que também podem ser tratadas com células retiradas da medula óssea do próprio paciente ou de um doador. Mas, quando comparadas, as unidades presentes no cordão umbilical levam a melhor, uma vez que apresentam 100% de compatibilidade com o paciente. Sem contar que elas têm disponibilidade imediata de uso e maior eficiência por serem consideradas ‘puras’”, afirmou. “O processo de retirada do sangue só leva cinco minutos. Tempo que pode salvar uma vida”.
As células do cordão umbilical são mais jovens comparando com as células da medula óssea e, portanto, ainda não sofreram qualquer exposição a vírus, bactérias, radiação, meio ambiente. Isso garante uma eficiência terapêutica. Além de poderem ser usadas pelo próprio doador, também existe uma probabilidade de compatibilidade entre irmãos de mesmo pai e mãe, mãe, pai e primos.
Entretanto, segundo Oliveira, um procedimento mais promissor do que armazenar apenas o sangue do cordão umbilical é o de preservar, também, o seu próprio tecido, um serviço ainda não ofertado pela maioria dos bancos. “Os vasos do cordão umbilical são compostos por células mesenquimais, que podem ser usadas em muitas outras terapias, como formação de ossos, cartilagem, músculo, gordura. Mas a utilização desse material ainda não é autorizado pela Anvisa, por se tratar ainda de pesquisas”, completa.
Para o especialista, com essas células guardadas será possível, por exemplo, reverter um problema congênito no coração de uma criança ou curar uma pessoa que venha a sofrer uma lesão no joelho, provocada por um trauma. “Por medida de segurança, ainda não somos autorizados a submeter o paciente a essas células mesenquimais, mas sabemos que será um grande passo dado às atividades futuras da medicina”, disse.
Apesar de estar em alta e ser um assunto muito presente na mídia, a coleta de células-tronco ainda é restrita a poucas pessoas e a maioria da população nem entende direito todas as implicações do procedimento.
Procedimento
A retirada das células-tronco pelo sangue do cordão umbilical é feita através do momento do nascimento do bebê, oportunidade em que se consegue coletar um grande número de células. Trata-se de um processo não invasivo e indolor, pois não há contato nem com o bebê e nem com a mãe. A coleta das células-troncos é feita ainda na sala de parto, a partir do momento em que o médico corta o cordão umbilical. Após a coleta, as células são levadas para o laboratório e congeladas com nitrogênio líquido.
Normalmente, coleta-se também uma amostra de sangue da mãe, para a realização de exames que irão acusar seu estado de saúde naquele instante específico. Uma vez que o casal resolva guardar as células-tronco do cordão umbilical do bebê, não há prazo de validade para sua estocagem. O que existe é uma limitação do número de vezes que o material poderá ser utilizado, já que ele não pode ser congelado novamente após o descongelamento.
“Por isso, essa é uma das indagações que os futuros pais devem fazer ao conhecer os serviços de uma determinada empresa. Recomendo que procurem conhecer banco e tirar todas as dúvidas sobre como as células serão armazenadas e qual a tecnologia utilizada”, sugere Gustavo Oliveira.
A maior desvantagem do processo é a dose de utilização – uma vez que a doação ocorre em uma única coleta (sem possibilidade de nova coleta) – e o volume que é restrito, pois o número de células-tronco pode ser limitado. Assim, existe um limite de peso para o paciente, em função da quantidade de células-tronco retiradas do sangue do cordão. Para armazenamento, os bebês precisam ter pelo menos 3 kg.
Bancos de armazenamento
Existem os bancos de armazenamento de Sangue de Cordão Umbilical e Placentário particulares e também um banco público, chamado Brasil Cord, que funciona sob a supervisão do Instituto Nacional do Câncer (Inca). Porém, diferentemente do que acontece na rede particular, a finalidade da conservação das células pelo Brasil Cord não é a utilização do material pelo próprio doador. Quem decide doar o cordão umbilical do filho abre mão, quase que totalmente, da possibilidade de aproveitá-lo em benefício da própria criança. Todas as células são processadas, analisadas, identificadas e armazenadas para uso em qualquer brasileiro compatível que necessite delas.
No Brasil, os bancos privados possuem escritórios nas maiores cidades, como Rio de Janeiro e São Paulo. Um profissional faz a coleta no momento do parto e logo em seguida armazena o material em uma bolsa especial que será enviada para o banco credenciado e enviam um profissional para realizar a coleta, no momento do parto.
Os bancos cobram um preço pela coleta do material e, depois, uma anuidade para sua conservação. Esses valores geralmente são parceláveis. Mas, para se ter uma noção de quanto se gasta, o procedimento de coleta pode custar de R$ 2,5 mil a R$ 2,8 mil em Natal, enquanto a taxa anual gira em torno de R$ 550. Na capital potiguar há uma média de 20 armazenamentos feitos por mês. De 2009 para cá, já se tem mais de mil casos no Estado.
A armazenagem, ou seja, a criopreservação das células-tronco, é feita em contêineres abastecidos com nitrogênio líquido, que sempre se mantém a -196ºC, o que faz com que estas células possam ficar infinitamente armazenadas e, quando for necessária sua utilização, elas estejam em perfeitas condições, independentemente do tempo armazenado
Fonte: O Jornal de Hoje