Com direito a discussão com secretário, Sindsaúde faz protesto em frente ao Hospital de Natal
Geral
21.01.2016
Servidores da saúde do município iniciaram uma manifestação na manhã desta quarta-feira (20), em frente ao Hospital Municipal de Natal, devido um possível ato racista que aconteceu no último sábado. A ação começou por volta das 10h. Antes do ato, diretores do Sindsaúde tiveram uma discussão com o secretário Luiz Roberto Fonseca, dentro da recepção da unidade hospitalar. O titular da Secretaria Municipal de Saúde se mostrou veementemente contrário à manifestação.
De acordo com a diretora do Sindsaúde, Célia Dantas, o ato desta manhã foi ação de denúncia ao descaso da prefeitura com os servidores e pacientes.
“Além da falta de estrutura do hospital, está ocorrendo assédio moral. Um funcionário chamou alguns membros da equipe de macacos depois de ver que estava faltando bananas na copa. Isso é racismo”, disse enfática.
A ação racista relatada por Célia Dantas teria acontecido no último sábado (16), quando uma nutricionista disse que um grupo de servidores eram macacos após verificar a pouca quantidade de bananas no setor de nutrição. Ainda de acordo com a diretora do sindicato, um outro funcionário do hospital teria dito que os servidores de um determinado setor deveriam “ser encoleirados para não fugirem do trabalho”.
O movimento dos servidores teve a participação de aproximadamente 20 pessoas. Com uma caixa de som, os manifestantes entoavam gritos de protestos e acusavam a prefeitura de Natal de descaso. A ação aconteceu às margens da porta de entrada do setor de emergência. Por causa do barulho, alguns pacientes chegaram a reclamar da ação dos manifestantes.
Momentos antes de iniciar o ato, o secretário Luiz Roberto Fonseca, que também estava no Hospital de Natal esta manhã, teve uma discussão com os diretores do Sindsáude. Alegando ilegalidade e falta de respeito aos pacientes, o titular da SMS deu um tempo de tolerância para o término da manifestação. “É ilegal e uma falta de respeito aos pacientes. Se não for encerrado, vou chamar os ‘amarelinhos'”, disse.
Ao portalnoar.com, Luiz Roberto Fonseca afirmou que a manifestação desta manhã foi um ato político. “Não há necessidade para esse manifesto. Fazer uma analogia ao ato de comer e gostar de banana não tem nada a ver com racismo. Essa é uma ação meramente política”, contou.
O secretário foi mais além. “Existe uma reunião com o sindicato marcada para o dia 25 de janeiro. Em vez de prejudicarem o paciente, o assunto deveria ser discutido com a secretaria”, complementou.
Secretário Luiz Roberto Fonseca chegou a discutir com diretores do sindicato (Foto: Hana Dourado/PortalNoAr)
Secretário Luiz Roberto Fonseca chegou a discutir com diretores do sindicato (Foto: Hana Dourado/PortalNoAr)
Estrutura
Além dos casos de racismo, o grupo de manifestantes reivindicava a melhoria das condições estruturais da unidade hospitalar. Segundo o Sindsaúde, o número de leitos foi reduzido e há problemas com a tubulação de oxigênio, o que impede a abertura dos leitos de UTI.
De acordo com o secretário Luiz Roberto Fonseca, por se tratar de uma unidade hospitalar aberta recentemente, é comum encontrar problemas. No entanto, a SMS e a direção do hospital estão realizando continuamente melhorias para evitar maiores transtornos ao hospital.
Em relação à abertura dos leitos de UTI, o titular da SMS, explicou que não há um problema com a tubulação. “Está tudo em perfeitas condições. Existe uma necessidade da colocação de uma usina de oxigênio. Fizemos a licitação nessa terça-feira e até sexta-feira o contrato com a empresa será assinado”, afirmou.
Relatório
Além de realizar a manifestação, o Sindsaúde divulgou um relatório listando todos os problemas encontrados no Hospital de Natal. Confira a lista na íntegra.
INFRAESTRUTURA
1- No Pronto-Socorro, na Sala de Medicação, não há bancada para preparo das medicações; a coleta de Exames Laboratoriais é feita no mesmo espaço; E o eletrocardiograma também é feito no mesmo espaço;
2- Na Observação Adulta, o espaço é restrito para 04 leitos, sem bancada para preparo de medicação, rede de gases medicinais sem funcionar (SIC – apresenta vazamento)
3- Houve a redução dos leitos de observação da pediatria, que no Sandra Celeste existiam 14 leitos, atualmente restringe-se a 03 leitos e 04 poltronas;
4- Falta de gases medicinais na observação pediátrica, nebulizacão sendo realizada com equipamento de compressão elétrica com barulho intenso;
5- Fluxo cruzado de crianças, sem o isolamento necessário entre as que precisam ser medicadas e das que estão em observação;
6- Posto de medicação da urgência pediátrica sem condições de trabalho, falta bancada, falta de pia (existe apenas um pequeno lavabo) para higiene das mãos;
7- Falta de gases medicinais na tubulação existente, uso de cilindros em alguns setores; SIC – Gás de Cozinha foi instalado sem realização de testes prévios da tubulação; Faltam cadeiras para os servidores;
8- Serviço de nutrição com espaço reduzido para atender a demanda de refeições servidas aos servidores;
9- Espaço reduzido para preparo dos alimentos, com uso de dois fogões, apenas um exaustor, ocasionando o calor excessivo no setor;
10- Uso comum de Pia única do setor para a lavagem da louça, sem a separação da utilizada por pacientes e da utilizada por servidores;
FALTA DE CONDIÇÕES DE TRABALHO
11 – Funcionário da Enfermagem do PS precisa se deslocar para pegar medicações na farmácia no andar superior;
12 – Proibição de uso do elevador por servidores. Os mesmos tendo que se deslocar pelas escadas para pegar medicações na farmácia do andar superior, inclusive servidoras de idade e com problemas de saúde;
13 – Falta de insumos, medicamentos e materiais diversos;
14 – Laboratório localizado em área distante do PS, e com acessibilidade através de Rampa a céu aberto, ou escadas; Proximidade com a central de gás de cozinha;
15 – Não há ramal no laboratório;
16 – Desestruturação do atendimento pediátrico com a relocação dos servidores do Pronto Socorro Infantil Sandra Celeste para setores diversos, e atribuição de profissionais contratados, sem experiências para o atendimento pediátrico de urgência;
17 – Ausência de cadeiras. Servidores têm que permanecer em pé durante longos períodos;
DIREITOS DOS SERVIDORES
18 – Redução na remuneração: Retirada de Gratificações de servidores que atuavam na urgência pediátrica devido relocarem os mesmos nas enfermarias;
19 – Não é garantido que os servidores do PSI Sandra Celeste permaneçam no atendimento infantil;
20 -Alto índice de servidores terceirizados e com contratos temporários;
21 – Proibição do repouso no turno de 12h diurnas;
22 – Abertura do repouso noturno somente na hora determinada para repousar, inviabilizando o uso dos banheiros, enquanto o repouso médico permanece aberto dia e noite, Quantidade insuficiente para os servidores de nível elementar;
23 – Falta de local específico para guardar pertences, os armários existentes não oferecem segurança, falta fechadura;
24 – Restrições de trocas de serviços e de remanejamentos;
25 – Atos de pressão e assédio moral sobre os servidores, com ameaça de devolução para a SMS; Quantidade insignificante de servidores do quadro em posições de chefia e/ou de coordenação. 26 – Atos racistas por parte de nutricionista;
Fonte: Portal no ar