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Combate ao mosquito em Natal passa por ajustes

Geral

23.11.2015

Outra preocupação dos entes públicos é que, a partir de janeiro, há expectativa de aumento na proliferação do vetor Aedes aegypti e, com isso, dos casos de dengue, Chikungunya e Zyka. Ainda sem vacinas autorizadas contra as doenças no Brasil, a alternativa é recorrer à prevenção.

Em Natal, a Prefeitura modificou a metodologia de combate ao mosquito, investindo nas ovitrampas – espécie de armadilha que atrai o depósito de ovos do mosquito –, o que facilita a identificação de focos. De acordo com o coordenador do Centro de Zoonoses de Natal, Alessandre Medeiros, a nova metodologia entrou em vigor há um mês em substituição ao Levantamento Rápido de Índice de Infestação para Aedes aegypti (LIRAa). Identificando a concentração de depósito de ovos por logradouro, é possível direcionar ações de combate específicos.

“Ainda é cedo para saber da diminuição [na infestação do mosquito], mas percebemos que, quando identificamos o foco, há a queda da infestação. Por exemplo, em Nossa Senhora da Apresentação, identificamos o número de vetores e de casos, e concentramos as ações. Em duas semanas, saímos de 68% da densidade vetorial para 2%”, explicou. Além de capturar os ovos, a armadilha também limpa o ambiente de outras infestações, uma vez que mosquito prefere o ambiente criado, escuro e úmido. As ovitrampas são constituídas por um recipiente plástico preto, um material poroso para depósito dos ovos e larvicida e até agora, 410 foram espalhadas pela capital – uma a cada 300 metros. Já foram colhidas armadilhas com mais de 2 mil ovos.

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O novo sistema também soluciona, segundo Alessandre Medeiros, as deficiências de pessoal. Hoje, o município conta com cerca de 580 agentes de endemias, dos quais 340 são direcionados ao combate ao Aedes aegypti. Entretanto, mais de 250 estão em greve desde o dia 9 de novembro, segundo o Sindicato dos Agentes de Endemias e Comunitários de Saúde do Rio Grande do Norte. O novo modelo também substituiu o sistema de ciclos bimestrais de visitas às casas, concentrando os esforços em áreas com altos índices de ovitrampas infectadas.

Especialista alerta sobre aumento da infestação
Agora, de acordo com Medeiros, a Secretaria Municipal de Saúde (SMS) trabalha outras duas ações: a criação de uma legislação, a ser enviada para a Câmara Municipal de Natal, para facilitar o combate ao mosquito em prédios fechados. O município quer diminuir o tempo de resposta do proprietário de prédios abandonados de 72 horas para 46 horas. O último LIRAa apontou um Índice de Infestação Predial de 3,9% em Natal.

Além disso, também foi iniciada uma parceria com a Universidade Federal do Rio Grande do Norte para a análise dos ovos e identificação da doença que seria transmitida. De acordo com o coordenador do projeto, Josélio de Araújo, a coleta será semanal e em pontos estratégicos (como cemitérios e borracharias) nos bairros de Alecrim, Quintas, Nova Descoberta, Felipe Camarão, Potengi e Nossa Senhora da Apresentação.

“Agora a população está mais suscetível a estes outros vírus, pois não possui imunidade, então se tínhamos um problema com a dengue, agora ele é três vezes maior. Este ano tivemos uma epidemia menor de dengue estamos estudando se os novos vírus deslocaram o da dengue, competindo pelo hospedeiro”, explicou.

De acordo com o especialista, a situação se agrava por causa do período do ano: entre dezembro e janeiro, se inicia o pico de infestação do mosquito. “Se for comprovada a relação da microcefalia com a Zyka teremos um problema sério pois, ao contrário de outras doenças congênitas, como a rubéola, não há vacina”, alertou.

De acordo com a Secretaria Estadual de Saúde, ainda não há um protocolo definido para combate ao inseto. Hoje, a epidemiologia é feita por cada município. Segundo Cosmo Mariz, do Sindicato dos Agentes de Endemias do RN, “a situação é crítica”, com a falta de agentes e estrutura. Tangará e Senador Elói de Souza, segundo ele, estão há mais de 30 dias sem agentes de endemias, após a aplicação de um Termo de Ajustamento de Conduta com Ministério Público para a realização de concurso público. “A população está 100% desassistida”, afirmou Cosmo. A promotoria de Tangará não soube informar se os municípios já realizaram a nomeação dos novos agentes.
 

Fonte: Tribuna do Norte