Como bactérias podem salvar a vida de crianças desnutridas
Geral
23.11.2018
Durante décadas, crianças desnutridas em todo o mundo foram tratadas com uma dieta de alimentos ricos em proteínas e altamente calóricos.
Essas comidas podem ter várias formas – de pasta de amendoim a milkshakes gordurosos -, mas a ideia geral é: restaurar rapidamente os nutrientes mais básicos para o corpo em crescimento.
Os “alimentos terapêuticos prontos para uso” ajudam a eliminar o risco imediato à vida da criança. Mas essa batalha está vencida apenas pela metade.
O período que uma criança fica desnutrida pode ser de apenas alguns meses, mas suas consequências poderão durar a vida inteira.
Durante toda a infância e adolescência, a criança permanecerá fisicamente atrofiada e mais suscetível a infecções. Ela também pode apresentar déficits cognitivos, resultando em um QI mais baixo – o que pode significar ficar para trás na escola e ter de lutar para encontrar emprego quando adulta.
Mas uma recente e inovadora pesquisa sugere que podemos estar negligenciando uma potencial solução: as dezenas de trilhões de bactérias “do bem” que vivem em nosso trato digestivo, a chamada microbiota intestinal, ou flora intestinal.
“Somos uma sublime mistura de partes humanas e microbianas”, diz Jeffrey Gordon, diretor do Centro de Ciência do Genoma e dos Sistemas Biológicos da Universidade Washington em St. Louis , nos EUA. E essas comunidades fervilhantes de aliados invisíveis são agora consideradas essenciais para a nossa saúde e bem-estar.
A flora intestinal é tão importante, que cientistas como Gordon geralmente se referem a ela como sendo um “órgão” separado.
De acordo com a teoria do especialista, muitas das consequências de longo prazo da desnutrição podem estar diretamente ligadas a uma desordem da microbiota intestinal. E, corrigindo esse desequilíbrio, você pode novamente colocar uma criança no caminho certo para seu desenvolvimento.
Financiado pela Fundação Bill e Melinda Gates, a pesquisa de Gordon tem liderado estudos pioneiros no Malaui e em Bangladesh para testar essa teoria. E os primeiros resultados parecem promissores.
Quanto mais ferramentas forem desenvolvidas para atacar o problema – e o mais rápido possível -, melhor: mais de 200 milhões de crianças menores de cinco anos sofrem atualmente de desnutrição.
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