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Como funciona a vasectomia

Geral

23.05.2016

Talvez os dias exaustivos e noites sem dormir enquanto seus filhos eram pequenos tenham te esgotado. Ou, como um homem solteiro, você pode ter se dado conta de que realmente não quer ter filhos. Ou ainda você pode fazer parte de um grupo crescente de homens que veem a vasectomia como uma decisão de consciência ambiental – ao se recusar a ter filhos, alguns acreditam que estão ajudando a preservar os recursos da Terra e fazendo o seu papel no que diz respeito ao controle da superpopulação mundial. Não importa a razão, você quer ter absoluta certeza de que aqueles dias em que se preocupava se a sua parceira estava ou não grávida não existem mais. Embora os resultados sejam atraentes para muitos homens, a cirurgia de vasectomia em si pode provocar medo. Dor nos genitais, riscos à saúde e disfunção sexual são algumas das preocupações de muitos dos homens que um dia já chegaram a pensar em fazer o procedimento. Mas o que diz a ciência sobre isso? Os homens que passam por uma cirurgia de vasectomia têm problemas de ereção ou sofrem com dores crônicas? A vasectomia pode causar câncer? A vasectomia pode ser revertida? A vasectomia é um modo seguro e bastante eficaz no que diz respeito ao controle de nascimento permitindo aos homens desfrutarem de uma vida sexual sem se preocupar com uma gravidez indesejada, por exemplo. Muitos casais glorificam seus benefícios, mas a vasectomia é algo permanente e não se deve passar por isso apenas para satisfazer um capricho. Neste artigo, explicaremos como funciona uma vasectomia e de onde ela veio, e resumiremos o que dizem as últimas pesquisas médicas sobre os efeitos colaterais da vasectomia, seus riscos e complicações. A esterilização de homens e mulheres é a forma mais comum de controle de natalidade ao redor do mundo, de acordo com a Organização Mundial de Saúde. Mais de 200 milhões de pessoas foram esterilizadas no mundo todo, e o governo de cada país é quem regula a cirurgia de acordo com seus diferentes costumes e padrões. Em alguns países, o seu estado civil e número de familiares determinam se você deve ou não fazer a cirurgia [fonte: CDC]. Mas onde a vasectomia teve início? Assim como a maioria dos procedimentos médicos, a vasectomia foi realizada primeiramente em animais antes de experimentá-la em seres humanos. A primeira vasectomia de que se tem notícia aconteceu em um cachorro, em 1823. Não temos certeza de quando aconteceu a primeira vasectomia em um homem, ou quem a sofreu, mas seu apelo pode ter aumentado quando os homens perceberam que a castração não era mais necessária como tratamento para determinados problemas de próstata. Com o advento da vasectomia, o homem poderia manter seus testículos mesmo com certos problemas de saúde [fonte: Drake et al.]. Por volta de 1900, durante um movimento histórico conhecido como esterilização eugênica, a vasectomia se espalhou por toda a Europa. Políticos e membros influentes da sociedade fizeram campanha para a esterilização de indivíduos socialmente indesejáveis na Alemanha, Suíça e outros países. Esses líderes consideravam a vasectomia como uma opção conveniente para que certos grupos étnicos não se procriassem. Outros grupos que foram esterilizados naquela mesma época incluíam doentes mentais e criminosos insanos. Ao redor do mundo, em lugares como Londres, Cuba e Estados Unidos, prisioneiros e pacientes foram esterilizados à força. Cerca de 65 mil homens foram esterilizados nos Estados Unidos durante a “vasectomania”, e presos foram confinados até que suas cirurgias estivessem completas. Mais tarde, no início dos anos 1900, acreditava-se que a vasectomia beneficiava os homens de várias maneiras, incluindo uma reversão na senilidade e melhora na saúde sexual. Um homem foi esterilizado duas vezes para diminuir seu hábito de masturbação excessiva, com relatos de sucesso [fonte: Drake et al.]. Após a Segunda Guerra Mundial, a vasectomia passou a ser amplamente utilizada como forma de controle de natalidade, e assim é até hoje. Durante a década de 1970, o governo indiano ofereceu incentivo financeiro a centenas de milhares de homens indianos para fazerem vasectomia. Os governantes pretendiam reduzir drasticamente o crescimento da população. Diferentes regiões competiam para ver quem esterilizaria o maior número de homens [fonte: Leavesley]. A vasectomia cresceu em popularidade ao redor do globo durante as últimas décadas do século 20, e muitos urologistas nos Estados Unidos começaram a fazer cirurgias de reversão da vasectomia nos anos 1970. Hoje em dia a vasectomia e a cirurgia para a sua reversão permanecem populares e seguras no mundo todo [fonte: Kim]. No mundo todo, apenas 5% dos homens casados já fizeram vasectomia, apesar de um em cada seis norte-americanos com mais de 35 anos já terem passado pela cirurgia [fonte: U.S. Dept. of Health and Human Services]. Em um estudo realizado em 1999, pesquisadores procuraram identificar as características dos homens que estavam fazendo vasectomia nos Estados Unidos. Entre 80 e 90% dos homens que haviam feito vasectomia eram brancos, não latinos, casados ou com uma parceira a longo prazo. Mais de 80% tinham, no mínimo, ensino médio completo, e cerca de metade deles tinha superior completo [fonte: Barone et al.]. A vasectomia foi a forma mais comum de controle de natalidade usada pelos americanos em 2002, com uma taxa alta também ao redor do mundo. Durante o ato sexual, o corpo do homem ejacula espermatozóides dentro do corpo da mulher em uma tentativa de engravidá-la. Para entender como a vasectomia funciona é preciso antes de mais nada entender os mecanismos da ejaculação. – Dois testículos, alojados no escroto, produzem milhões de espermatozóides. – Os espermatozóides aguardam em dois tubos próximos conhecidos como epidídimos, onde eles se desenvolvem e amadurecem. – Assim que atingirem a maturidade, os espermatozóides são levados de cada epidídimo em dois longos tubos chamados de canais ou ductos deferentes, que por sua vez se conectam à próstata. – Os canais deferentes e as vesículas seminais trabalham juntos para transportar milhões de espermatozóides maduros até a cabeça do pênis através de um líquido lubrificante e açucarado chamado de sêmen. – Antes e durante a relação sexual, o pênis se enche de sangue, endurece e normalmente permanece duro até o homem atingir o orgasmo. – Durante o orgasmo, o sêmen, carregando os espermatozóides, é ejaculado para fora do pênis através da uretra. [fonte: WebMD, American Urological Association Foundation]. Quando um homem passa por uma vasectomia, ambos os canais deferentes são cortados, bloqueados ou amarrados para evitar que os espermatozóides viajem através da uretra durante a relação sexual. No entanto, a vasectomia não funciona imediatamente. Em função dos espermatozóides estarem sendo continuamente produzidos nos testículos, armazenados nos epidídimos e transportados através da uretra, leva alguns meses até que os espermatozóides já existentes estejam fora do sistema reprodutivo [fonte: Davis]. Depois da vasectomia, não deve haver mudan&cc
edil;a perceptível na qualidade ou quantidade de espermatozóides. Os testículos continuarão a produzi-los e o corpo os absorverá com o passar do tempo [fonte: National Library of Medicine]. Antes de fazer a vasectomia, você precisará escolher um médico, o que pode fazer com que você pesquise um pouco. Aqui vão algumas ideias que podem te ajudar a escolher um bom médico: – converse com amigos e parentes que já se submeteram a uma vasectomia – pense se você prefere um cirurgião homem ou mulher – procure obter referências de urologistas – pergunte a cada médico sobre o tipo de vasectomia que ele ou ela faz Uma vez escolhido o médico você terá que marcar uma consulta inicial, normalmente semanas ou meses antes da cirurgia em si. Pode ser útil levar sua esposa ou companheira nessa consulta. Seu médico precisará de um histórico completo de sua saúde e discutirá com você os riscos e benefícios da vasectomia. Ele também poderá perguntar sobre o tamanho da sua família e as razões pessoais que o fazem optar pela cirurgia. Você terá que dar detalhes dos medicamentos que toma regularmente. Alguns remédios, como anticoagulantes, afetam a sua capacidade de coagular, então provavelmente você terá que parar de tomá-los ou diminuir a dose pelo menos uns dez dias antes da cirurgia. Isso inclui remédios como a aspirina e o ibuprofeno [fonte: Zieve et al.]. Seu médico também poderá fazer um exame físico para excluir qualquer problema anatômico que possa vir a interferir na cirurgia [fonte: Clenney]. O grande dia chegou – e muitos homens se encontram bastante nervosos. Enquanto as mulheres são mais acostumadas a ter seus genitais examinados anualmente por um ginecologista, os homens tendem a ter suas partes íntimas tocadas e examinadas por um médico com menos frequência. No dia da cirurgia você terá que lavar e depilar seus testículos. Se você não depilá-los, um assistente provavelmente o fará. Você também precisará levar uma cueca bem apertada para usar depois da cirurgia para dar apoio ao escroto. A sala estará quente para te ajudar a relaxar. O procedimento em si é bastante rápido e dura entre 15 e 30 minutos. Provavelmente você estará acordado durante a vasectomia, embora relaxado com o sedativo que pode ter sido administrado por via oral ou intravenosa [fonte: Davis]. Raramente é usada anestesia geral [fonte: Zieve et al.]. Antes da cirurgia seu escroto será anestesiado com anestesia local [fonte: Davis]. Durante o procedimento você pode sentir umas puxadas desconfortáveis no escroto, mas isso é diferente de dor. Para acessar os canais deferentes, o médico irá cortar ou fazer um ou dois furos de cada lado do escroto com um bisturi. Cada um dos dois canais deferentes será cortado [fonte: National Library of Medicine]. Nesse momento, os tubos serão presos ou amarrados de maneira segura (vasectomia fechada), ou simplesmente cortados e deixados abertos (vasectomia aberta) [fonte: Christiansen]. Muitos urologistas fazem então uma cauterização térmica do canal, usando calor para selar o canal deferente. Após a cirurgia, seu médico pode optar por costurar ou não o local da incisão, dependendo do tamanho da incisão e se está havendo ou não sangramento [fonte: CDC]. Seu médico pode optar ainda por usar outra técnica de vasectomia que é feita sem incisão e sem o uso de um bisturi. Conhecido como “técnica de Li”, o procedimento teve início na China no início da década de 1970 e continua popular até hoje. A vasectomia sem bisturi promete menos desconforto, cicatrização mais rápida e uma redução no tempo da cirurgia [fonte: Clenney]. Durante o processo, o urologista procura os canais deferentes no escroto e amarra-os com segurança. O médico perfura a pele do escroto levemente com um pinça afiada e depois estica a pele para levantar o canal deferente para fora através de um pequeno buraco. O canal é cortado, e em seguida é cauterizado ou amarrado, e então recolocado no escroto [fonte: American Urological Association Foundation]. Com esta técnica não há necessidade de dar pontos e o sangramento é mínimo. Imediatamente após a vasectomia você precisará descansar um pouco até que esteja estável e lúcido novamente, e então poderá ir para casa. Naquele dia, seu escroto estará bastante sensível, e é possível que sinta um pouco de dor no local, inchaço ou que surja alguma secreção. Repouso e bolsas de gelo ajudarão a reduzir qualquer desconforto que venha a sentir. Alguns homens já conseguem trabalhar no dia seguinte, mas a maioria deles retorna ao trabalho cerca de 3 a 5 dias depois [fonte: National Library of Medicine]. Você precisará evitar trabalhar pesado demais nos dias seguintes à cirurgia até que o inchaço e a dor passem totalmente. Certifique-se de seguir as recomendações de seu médico sobre usar cuecas apertadas ou um suporte para o escroto. Muito provavelmente você ira voltar à sua rotina normal (incluindo sexo) dentro de uma semana após a cirurgia [fonte: Zieve et al.]. Você pode pensar que agora que já fez a vasectomia pode começar a desfrutar imediatamente do sexo sem se preocupar com uma gravidez indesejada. Isso não é verdade. Por meses após a vasectomia você ainda será fértil. Por dois ou três meses, os espermatozóides ainda estarão circulando pelo seu sistema reprodutivo – e durante esse período a sua parceira poderá engravidar. Para confirmar que o seu sêmen está livre de todo e qualquer espermatozóide será preciso realizar um espermograma após alguns meses da cirurgia. Alguns médicos podem até mesmo recomendar que você retorne várias vezes para confirmar o sucesso da vasectomia. E, assim como discutiremos mais tarde, um dos aspectos mais importantes que contribuem para o sucesso da sua vasectomia é evitar o sexo desprotegido durante os primeiros meses após a cirurgia. A maioria das gestações que ocorrem após as vasectomias ocorrem dentro de um período de seis meses após a cirurgia. Por esta razão, a abstinência ou outro método de controle deve ser usado no intuito de evitar a gravidez. Enquanto a vasectomia é considerada uma cirurgia bastante segura, com poucos ou nenhum efeito colateral grave, em raras ocasiões, alguns homens enfrentam problemas após o procedimento. Afinal, a vasectomia é uma cirurgia invasiva e que pode possivelmente resultar em complicações cirúrgicas como infecções, hemorragia, alergia a medicamentos ou cicatrizes. No entanto, alguns afirmam que a vasectomia faz com que alguns homens desenvolvam anticorpos contra o esperma, o que por sua vez pode acarretar doenças cardíacas, artrite ou outras doenças – porém, nada disso foi cientificamente comprovado [fonte: U.S. Dept. of Health and Human Services]. Enquanto a vasectomia é considerada uma cirurgia bastante segura, com poucos ou nenhum efeito colateral grave, em raras ocasiões, alguns homens enfrentam problemas após o procedimento. Afinal, a vasectomia é uma cirurgia invasiva e que pode possive
lmente resultar em complicações cirúrgicas como infecções, hemorragia, alergia a medicamentos ou cicatrizes. No entanto, alguns afirmam que a vasectomia faz com que alguns homens desenvolvam anticorpos contra o esperma, o que por sua vez pode acarretar doenças cardíacas, artrite ou outras doenças – porém, nada disso foi cientificamente comprovado [fonte: U.S. Dept. of Health and Human Services]. Muitos de nós já ouvimos histórias tristes e engraçadas de casais que engravidaram após o homem ter feito uma vasectomia. Embora a vasectomia seja altamente eficiente como método de contraceptivo, não é à prova de falhas. Raramente, homens que se submeteram a vasectomias se tornam pais após a cirurgia. As possíveis razões para uma vasectomia falhar incluem: – não usar um outro método contraceptivo nos primeiros meses após a cirurgia; – usar um método contraceptivo falho – os canais deferentes se reconectarem após a cirurgia Ao se observar as taxas de gravidez em mulheres após seus parceiros terem sido submetidos a vasectomias, o risco de falha na vasectomia é de 10 em 1.000, ou 1% de chance de engravidar dentro de alguns anos após a vasectomia. A maioria dessas gestações acidentais ocorre no prazo de seis meses após a vasectomia, e metade delas ocorre até três meses após a cirurgia, durante o período em que o homem ainda está fértil [fonte: Jamieson, et al.]. Lembre-se: demora meses até que os espermatozóides estejam completamente fora do sistema reprodutor masculino após a vasectomia. Isso reitera a importância de ser cauteloso e usar um segundo método contraceptivo durante os primeiros meses após a vasectomia. Isso ainda deixa numerosas gestações pós-vasectomias sem explicações. Como pode uma vasectomia falhar se o casal evitou praticar sexo durante o período fértil após a cirurgia? Uma explicação é o fenômeno chamado recanalização e que pode ocorrer após a vasectomia. Durante a recanalização, uma massa de células começa a crescer entre os dois cortes das extremidades dos canais, e os canais deferentes são capazes de se reconectar, permitindo aos espermatozóides viajarem através dos canais novamente. Normalmente o homem não sabe que isso aconteceu até que ocorra a gravidez. Às vezes a recanalização é diagnosticada quando um exame de sêmen após a vasectomia mostra que há algo de errado, mas em outras ocasiões isso só ocorre anos depois da cirurgia [fonte: Xiaozhang]. Algumas vezes os médicos cortam e removem pequenas seções dos canais durante a vasectomia para evitar essa rara complicação [fonte: American Urological Association Foundation]. Depois de ler tudo isso você pode se sentir pronto para fazer uma vasectomia. Afinal, se depois você mudar de opinião, ainda poderá fazer uma cirurgia de reversão, certo? Ou talvez você mantenha alguns espermatozóides congelados em um banco de esperma para o caso de você decidir vir a ter mais filhos um dia. Embora essas medidas de segurança sejam apelativas, a maioria dos médicos o aconselhará a pensar na vasectomia como algo permanente. Enquanto alguns homens podem ter filhos após uma cirurgia de reversão de vasectomia, outros não conseguem, pois a reversão não funciona. O banco de espermas nem sempre é algo viável. Especialistas recomendam que os homens considerem a vasectomia como uma opção de método contraceptivo somente se tiverem 100% de certeza de que não querem mais ter filhos. Antes de passar por esse procedimento é preciso pensar um pouco sobre seu futuro. Muitos homens se divorciam e depois casam novamente – e então querem ter filhos com a nova parceira. Isso pode levar à frustração e desapontamento, principalmente quando a cirurgia de reversão não funciona. Se a sua parceira é quem está te pressionando a fazer vasectomia porque ela não quer engravidar, converse com ela sobre ligadura de trompas (laqueadura). Essa cirurgia é mais demorada e mais cara, além de oferecer mais riscos e efeitos colaterais. Por essas razões, e porque as taxas de sucesso da laqueadura e da vasectomia são semelhantes, muitos casais optam pela vasectomia como método de esterilização. A decisão de passar por uma cirurgia de esterilização é altamente pessoal e deve ser exaustivamente discutida com sua parceira e seu médico. Para mais informações sobre vasectomias e outros assuntos relacionados ao sistema reprodutivo, dê uma olhada nos links da próxima página. Reprodução: http://saude.hsw.uol.com.br/