3201 5491

FALE COM A GENTE

ÁREA DO COOPERADO

COMO PREVENIR A DESNUTRIÇÃO NA TERCEIRA IDADE

Geral

23.01.2015

Causas físicas ou psicológicas afetam a qualidade da alimentação. Esteja atento aos sinais e saiba o que incluir no cardápio para evitar o problema

Você pode pensar que já viveu o suficiente para saber o que e quando comer. Entretanto, a má alimentação na terceira idade leva a um problema mais comum do que se imagina: a desnutrição. Mais da metade das pessoas a partir dos 60 anos que precisaram de atendimento médico emergencial estava desnutridas ou em risco de vir a ter o problema. Já entre aqueles que moram sozinhos, 6% apresentavam falha na alimentação, aponta uma pesquisa da revista americana Annals of Emergency Medicine. A deficiência nutricional nessa fase da vida pode estar associada a ausência de educação alimentar, restrições financeiras, diminuição da capacidade física e psicológica, isolamento social ou tratamento de doenças que afetam a absorção de nutrientes.

Paulo Camiz, geriatra e professor de Clínica Geral pelo Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (HC-FMUSP), aponta “9 Ds” como fontes da patologia. “A depressão é o principal deles, seja por consequência da viúvez ou outras questões, mas temos fatores que parecem sem importância, como a dentição, e que interferem diretamente nesses quadros. A geriatra Amábile Maria Pandori, do Hospital Leforte (SP), ressalta ainda o problema da perda da capacidade de mastigar. “Por causa do envelhecimento, a musculatura e o processo de engolir são prejudicados contribuindo para essa situação”.

NOVE CAUSAS LIGADAS AO PROBLEMA

Depressão
Demência (Alzheimer)
Distúrbios hormonais
Dentição
Drogas
Diarreia
Disgeusia (alteração no paladar)
Disfagia (sensação de que a comida não desce)
Dificuldade de locomoção
Os vários indícios

A deficiência alimentar pode ser perceptível por meio de sintomas como perda de peso, falta de cor na pele, muitas vezes causada pela anemia, unhas quebradiças e língua com aspectolisa e avermelhada, sinal de carência vitamínica. Exames de sangue quantificando as vitaminas e minerais podem confirmar com segurança o diagnóstico.

Na presença de deficiência, o idoso fica suscetível a infecções, distúrbios de coagulação, memória e raciocínio. Mas ainda mesmo quem tem uma alimentação equilibrada pode estar desnutrido.

A razão para isso é que, geralmente, esse grupo usa vários tipos de medicamentos. Os antiácidos reduzem a absorção de ferro, cálcio e vitamina B12. Substâncias usadas no combate a infecções podem acarretar falta de folato (vitamina do complexo B). O cloridrato de metformina, que controla a glicemia no diabético tipo 2, diminui a absorção de alguns nutrientes, como os carboidratos. Nesses casos é preciso dar mais atenção à dieta, e pode ser necessária a supervisão médica.

O que falta na dieta

Um estudo baseado no Inquérito Nacional de Alimentação de 2008-2009 evidencia ingestão reduzida de vitaminas A, C, D, E, B1e B6, e minerais: cálcio, magnésio, zinco e cobre. Porém, as necessidades nutricionais não são iguais para todos. Esse mesmo estudo aponta que nos homens a deficiência maior é de magnésio, vitaminas A, B e zinco. Entre as mulheres faltaram fósforo, niacina, ferro e cobre. As consequências da desnutrição se manifestam de diversas maneiras.

“Os antioxidantes como as vitaminas C e E estão associados à progressão de algumas doenças crônicas. Vitamina D, cálcio, magnésio e fósforo têm sua deficiência correlacionada a problemas no metabolismo ósseo, além de as deficiências de ferro e vitamina B12 estarem relacionadas à anemia”, explica Magali Monteath, nutricionista do Hospital Adventista (SP). Ela afirma que doenças como o diabetes do tipo 2, hipertensão ou dislipidemias (concentrações elevadas de colesterol e/ou triglicerídeos no sangue) levam ao desequilíbrio nutricional. “Esses problemas podem ocasionar a não adesão da dieta ideal e, com isso, o idoso foge do planejamento estabelecido, prejudicando a saúde”.

Mudanças no cardápio

Assim, o regime alimentar deve conter variedade de nutrientes: alimentos integrais, vegetais folhosos, frutas com casca ou bagaço, carnes magras, peixes e aves sem pele e ervas. Isso garante o consumo de vitaminas essenciais. É fundamental beber água, assim como praticar atividade física, como caminhada. Deve-se evitar carboidratos com açúcar, azeite de dendê, banha e manteiga, carnes ricas em gordura, alimentos embutidos, temperos e molhos prontos.

Quanto aos suplementos, o uso deve ser recomendado por um médico, pois a alternativa é mais indicada em casos de risco nutricional, ingestão alimentar insuficiente, perda de peso acelerada ou grandes intervenções cirúrgicas, neoplasias (tumor) e úlceras.

A médica geriatra Magali sugere o consumo dos nutrientes faltantes em abundância e maior cuidado com os intervalos das refeições. “É preciso se alimentar a cada 3 horas, possibilitando ao idoso atingir as suas necessidades nutricionais.”

Reprodução: Revista Viva Saúde