Se você tivesse a cura perfeita para a fome mundial, você não iria querer compartilhá-la? Um grupo chamado respiratoriano afirma ter a resposta para esse dilema mundial e para outras doenças relacionadas à fome: parar de comer. Ou melhor, viver de prana, que é a palavra em sânscrito para "vida de ar" ou "força vital". O conceito de prana aparece em muitas outras tradições. China, Japão e Polinésia têm suas próprias palavras para essa força de sustentação de vida – tchi, qi e mana, respectivamente. Os respiratorianos, ou inediantes, acreditam que uma pessoa pode abrir mão de comida e água e viver puramente do prana, que eles também chamam de "viver de luz" ou "viver de ar". A principal respiratoriana, Jasmuheen, anteriormente Ellen Greve, começou o movimento respiratoriano na Austrália. Seu Programa Prana aconselha os seguidores a converter-se ao respiratorianismo gradualmente: torne-se vegetariano, torne-se vegan, mude para alimentos crus, depois para frutas, depois para líquidos e finalmente para prana. Você substitui a comida física por ar e luz, bem como por nutrição metafísica. O jejum é um aspecto espiritual importante das principais religiões, incluindo hinduísmo, cristianismo, islamismo e judaísmo. Mahatma Gandhi, o famoso líder político, espiritual e humanitário, se referia ao jejum completo como "a oração mais verdadeira". Ele jejuou ao longo de sua vida por motivos religiosos e políticos. A principal diferença em o jejum e o método alimentar respiratoriano é que o jejum tem um ponto final. No respiratorianismo, o jejum total é para a vida – ou seja, não importa o quanto você viva. Jasmuheen afirma que ela vive há anos sem alimento, embora ela admita ficar com água na boca quando pensa no sabor da comida de vez em quando. Mas o respiratorianismo tirou as vidas de alguns de seus seguidores. Verity Linn, uma mulher de 49 anos, foi encontrada morta em uma parte remota da Escócia depois de tentar a conversão ao respiratorianismo.Timo Degen, um professor de jardim da infância, tentou a inédia e ficou em coma. Degen se recuperou depois de quatro semanas recebendo soro intravenoso, só para morrer pouco depois. Lani Morris mantinha um diário durante o seu tempo como inediante. Morris, mãe de nove filhos, morreu com sintomas de pneumonia, desidratação grave, insuficiência renal e efeitos de um derrame severo. Ela estava aos cuidados de dois respiratorianos, Jim e Eugenia Pesnak. Morris estava isolada e sabia que receberia suco de laranja depois de uma semana e nada nas duas semanas seguintes. Ela indicou em seu diário que sonhava com comida. Perdeu o uso das pernas, se tornou incontinente e começou a tossir um líquido negro pegajoso. Os Pesnaks alegaram que eles não sabiam que Morris estava seriamente doente até que fosse tarde demais. Na próxima página, vamos examinar o que acontece com uma pessoa que pare de comer completamente e por que o respiratorianismo pode ser um caminho tão perigoso para a iluminação. O que acontece ao corpo humano sem comida nem água? Sem alimento, seu corpo precisa encontrar outra forma de manter os níveis de glicose. Primeiro, ele quebra o glicogênio. Em seguida, ele transforma proteínas em gorduras. O fígado transforma ácidos graxos em subprodutos chamados corpos cetônicos até que haja muitos deles para processar. Em seguida, o corpo entra num desequilíbrio químico que ameaça a vida chamado cetoacidose. Mas na verdade é a desidratação que tem um efeito fatal mais imediato. Uma pessoa pode sobreviver sem água por alguns dias, talvez duas semanas no máximo. A quantidade exata de tempo depende da temperatura externa e das características da pessoa. Primeiro o corpo perde água por meio da urina e do suor. Depois, a pessoa desenvolve cetoacidose e uremia, aumento de toxinas no sangue. Com o tempo, os sistemas de órgãos começam a falhar. O corpo desenvolve insuficiência renal, e um desequilíbrio de eletrólitos provoca arritmia cardíaca. A desidratação provoca convulsões, dano cerebral permanente ou mesmo a morte. Jasmuheen disse: "Se uma pessoa está despreparada e não escuta sua voz interior pode haver muitos problemas no processo do dia 21 [jejum], de extrema perda de peso a perda da vida até". A ciência diz que o corpo humano não pode sobreviver sem comida e água por essa quantidade de tempo, apesar do que diz nossa voz interior. Jasmuheen se ofereceu para provar suas alegações de viver sem luz na versão australiana do programa "60 minutes". Após 48 horas de jejum total, sua pressão sanguínea aumentou e ela exibiu sinais de desidratação. Ela atribuiu esses sintomas ao ar poluído. O programa, então, a transferiu para um lugar fora da cidade, mas à medida que sua fala ficava lenta, as pupilas dilatavam e a perda de peso continuava, o médico que estava supervisionando a observação aconselhou a produção do programa a parar o experimento antes que Jasmuheen perdesse as funções renais. Foi o que fizeram. Jasmuheen mantém que o "60 minutos" parou o teste porque "eles temiam que ela não fosse ser bem-sucedida". Apesar das evidências científicas em contrário, alguns respiratorianos alegam que podem viver vidas saudáveis sem água ou comida. Wiley Brooks fundou o Breatharian Institute of America e alega que tem sido um não-alimentador há quase 30 anos. Ele apareceu na série de TV "That´s Incredible!", em 1981, levantando um peso de 499 kg. Em seu web site, ele alega que pode erguer até 400 kg sem se exercitar e dormir de uma a sete horas por semana. Um tanto extraordinário para um respiratoriano, ele recomenda de 500 ml a 1 l de coca diet em garrafas plásticas, junto com um quarteirão com queijo duplo do McDonald´s. Você vai descobrir o porquê aqui. Por meros US$ 10 milhões, Wiley Brooks vai iniciá-lo no Breatharian Institute of America. Hira Ratan Manek, outra notória inediante, afirma que vive de energia do sol e água desde de 18 de junho de 1995. Seu web site lista múltiplos estudos científicos, mas o preconceito dos cientistas parece estar em questão. Pode uma pessoa sobreviver sem alimentos? Por um tempo, sim. Pessoas em greve de fome podem sobreviver por meses. É na falta d'água que que reside o perigo. Reprodução: http://saude.hsw.uol.com.br/