De hoje (26) até o próximo sábado (28) cerca de 800 oftalmologistas das regiões Norte e Nordeste estarão em Natal participando do 21º Congresso Norte Nordeste de Oftalmologia, que acontece no Hotel Sehrs, com uma extensa programação científica voltada à socialização de conhecimento e soluções de casos clínicos que desafiam o atual momento da oftalmologia mundial. O evento, este ano, traz renomados palestrantes internacionais, com destaque para os norte-americanos Paul Pamberg, especialista em Glaucoma, e Emmet Cunningham, respeitado internacionalmente pelos trabalhos na área de retina e inflamação ocular.

O presidente da Sociedade Norte Nordeste de Oftalmologia, que organiza o Congresso, Carlos Alexandre de Amorim Garcia, explica a classe oftalmológica dessas duas regiões estarão durante esses três dias discutindo novos tratamentos, novos meios de diagnósticos para os pacientes. Este ano, a dinâmica do congresso está sendo diferente. Ao invés do tradicional formato de aulas, o congresso está dividido em apresentação de casos desafiadores da oftalmologia.

“São casos que os colegas tiveram dificuldade em fazer o diagnóstico e tratamento nas várias sub-especialidades, que vai ser discutida com os experts nas áreas especificas como catarata, glaucoma e doenças inflamatórias”, destaca o oftalmologista Carlos Alexandre Garcia.

O presidente da Sociedade ressalta a importância dos jovens profissionais estarem participando de congresso como este. “A minha experiência como professor universitário mostra que trabalhamos voltado para os jovens, pois o jovem deve acompanhar mensalmente, anualmente, o estudo da oftalmologia mundial, se atualizando, e isso já nos deixa satisfeitos. Hoje o conhecimento é globalizado, e o conhecimento médico é muito aproximado, o que ajuda os novos profissionais a estarem buscando essa constante atualização”, afirma.

Atualmente, o desafio da medicina é fazer o diagnóstico precoce das doenças oculares, principalmente, levando em consideração a genética, com as células-tronco. “Hoje tudo é voltado para a genética, com o tratamento das células-tronco, mas ainda é um passo-a-passo que ainda está distante de ser alcançado. Muito se tem de estudo, mas para um novo tratamento ainda se leva muito tempo. Vale salientar que muita coisa já evoluiu na área da genética, mas ainda há um longo caminho a percorrer”, ressalta o médico.

“Infelizmente, a saúde pública no Rio Grande do Norte quando o assunto é oftalmologia deixa muito a desejar. Hoje, praticamente, só temos um serviço de oftalmologia no estado inteiro para atender a população do SUS, em casos mais complicados, que é o Hospital Universitário Onofre Lopes. Existem serviços isolados, para cirurgia de catarata, por exemplo, mas ambulatórios especializados para tratar as várias doenças oculares ficam a desejar. Meu sonho é ver a saúde ocular do estado melhorar”, destaca o oftalmologista Carlos Alexandre Garcia.

Ele explica que o tratamento do glaucoma e o diabetes – maior causa de cegueira no mundo entre 20 e 70 anos de idade – é o grande desafio. “A maioria deles não tem acesso ao clínico, para serem encaminhados para o oftalmologista. Hoje, no RN temos cerca de 120 mil pessoas com retinopatia diabética, destas 40 mil pessoas deveriam ser tratadas este ano, mas isso é impossível. Muitas delas ficarão cegas por falta de acesso ao tratamento”, lamenta o profissional.

Durante os três dias, a programação do Congresso contemplará em seus temas centrais assuntos atuais e do interesso do universo da oftalmologia, como glaucoma, retina cirúrgica, estrabismo, inflamação ocular, neuro oftalmologia, córnea, doenças externas oculares, catarata, transplante de córnea, plástica, dentre outros assuntos. O evento terá ainda a exposição de produtos oftalmológicos de 40 empresas, possibilitando um maior contato entre os congressistas e a geração de negócios.

Reprodução: Jornal de Hoje