Pelo segundo ano seguido, crianças de cinco a dez anos do bairro de Mãe Luíza foram selecionados para voltar a ter a plenitude da sua visão. Na manhã do último sábado (21), 40 meninos e meninas que estudam em escolas públicas passaram por exames de vista para diagnosticar possíveis problemas. A ação social Natal Solidário foi organizada pelo Lions Clube Natal Reis Magos e contou a ajuda de uma clínica particular e uma ótica.

É o caso de Mikaelly da Silva Batista de cinco anos. Ela ainda está no jardim, mas sua mãe já desconfia que a filha tenha dificuldade para enxergar objetos distantes. “Quando ela está em casa coloca a cadeira muito perto da televisão para assistir”, notou Márcia Guedes da Silva. Segundo especialista, esse fato é realmente um sinal, mas só pode ser confirmado com um exame.

Ao passar pela equipe de triagem em novembro, os médicos voluntários encaminharam a menina para o projeto. “Na escola, ela passou por um exame e não acertou dizer que uma maçã não estava feito uma casa”, relembrou a mãe. Caso o problema seja diagnosticado, Mikaelly ganhará óculos gratuitamente da ótica Amafra.

Foi a  primeira vez que a filha de Márcia passou por um oftalmologista. Segundo a mãe, se não fosse a ação social de hoje, muito provavelmente levaria muito tempo para conseguir uma consulta pelo SUS. “Na área onde eu moro é muito difícil de encontrar”, disse sobre o especialista na área.

De acordo com o proprietário do Instituto de Oftalmologia, Marco Rey, cerca de 15% das crianças em idade escolar têm alguma dificuldade para enxergar. O pior é que explicar exatamente que estão ou não com problema de visão. “O certo seria um exame anual, principalmente para crianças que estão entrando na escola. E especialistas para isso o Brasil tem”, disse o oftalmologista parceiro da ação. Segundo ele, o Conselho Brasileiro de Oftalmologia (CBO) fez um levantamento em que mostra que a quantidade de médicos especializados na visão humana é suficiente para atender a população brasileira.

Entretanto, é preciso gestão eficiente para distribuir os especialistas nas áreas necessitadas e dar a estrutura adequada. “Para você ter ideia, um consultório oftalmológico básico custa cerca de R$ 50 mil. Para a gente isso pode ser caro, mas para o governo isso é muito pouco”, afirmou Marco Rey.

Enquanto as autoridades não despertam para essa necessidade, os próprios cidadãos se articulam para mudar a realidade. “A gente tem que dar um pouquinho da gente, acho que todo mundo deveria dar um pouquinho de si principalmente na época do ano. Faz a gente se sentir bem”, disse o médico que colocou outros seis especialistas à disposição do projeto para realizar os exames.

Segundo o coordenador da ação, Omar Dias, no ano passado 45 crianças também foram atendidas. “O Lions Clube tem esse lema também ‘Visão em primeiro lugar’. E o nosso clube é um dos mais atuantes nessa área”, disse o membro do Lions Clube Natal Reis Magos. Além disso, a unidade realiza atendimentos odontológicos no mesmo bairro e palestras de combate