3201 5491

FALE COM A GENTE

ÁREA DO COOPERADO

Custo sobe 5,3%, mas qualidade cai

Geral

20.05.2013

  assistência à saúde privada no Brasil está cada vez mais cara e a previsão é de que o custo continue aumentando. No Rio Grande do Norte, a perspectiva da empresa de pesquisas IPC Marketing Editora é de que o cidadão gaste ainda mais com os cuidados e tratamentos de saúde, com desembolsos que podem chegar ao montante de R$ 1,9 milhão ao longo de 2013. Este volume de recursos representa um ágio de 5,35% comparado com o total gasto no ano passado. No Estado, o dispêndio com saúde é maior que os valores gastos com educação e menor somente do que as despesas com alimentação e manutenção do lar. Na contramão do aumento, está a qualidade do serviço que caiu, ao longo dos anos.  


Dados de uma pesquisa formulada pelo Instituto Data Popular comprovam que de 2002 até março de 2013, os custos com planos de saúde no Brasil subiram 54%. Os gastos com tais serviços, além da compra de medicamentos, saltaram de R$ 110 bilhões em 2002 para R$ 169 bilhões até março deste ano. Os motivos para este significativo aumento são diversos. 

O economista Aldemir Freire analisa que a subida das mensalidades dos planos de saúde é consequência das novas tecnologias de prevenção e tratamento de doenças incorporadas à Medicina contemporânea. Há, também, a valorização de determinadas especialidades médicas, que contam com poucos profissionais e, ainda, os custos com desenvolvimento de drogas mais potentes para o combate à doenças como o câncer, por exemplo. Para ilustrar a variação dos valores cobrados pelas empresas de assistência médica o economista cita que, em 2006, o  portador de plano de saúde que gastava R$ 100 com a mensalidade, desembolsa, atualmente, R$ 141,01.

“Os custos atuais estão maiores que a inflação acumulada no período de 2007 a abril de 2013, que foi de 41,01%. Cobram-se valores altos, mas há uma baixa oferta de médicos nas operadoras de planos de saúde e o recorrente descredenciamento”, afirma o Freire. Mesmo com os aumentos, as empresas de planos e seguros de saúde incorporaram ainda mais clientes que saíram da classe C, principalmente, e ascenderam para a classe média. Entretanto, a expansão da cartela de usuários foi inversamente proporcional aos investimentos em expansão dos empreendimentos médicos conveniados a determinados planos. 

Além do inchaço dos hospitais e clínicas privadas, nos quais pacientes esperam até 12 horas por atendimento ou liberação de leitos para internação, o número de profissionais especialistas é cada vez menor. Visto que, é muito mais rentável para um médico, seja em qual especialidade for, atender um paciente particular do que através de um plano de saúde. Há especialidades pelas quais os usuários de planos de saúde precisam aguardar por até seis meses para marcar uma consulta. “Salvo o ambiente físico, em geral se espera mais que num ambiente público”, destaca Aldemir Freire.

Influência econômica

De dezembro de 2006 a maio de 2013, o salário mínimo sofreu um ágio de 93,71%, saindo de R$ 350 para R$ 678. A expansão do poder aquisitivo das classes menos abastadas no Brasil propiciou a contratação dos planos de saúde, serviço até então considerado de “luxo” pelos componentes das classes C e uma utopia para os da D e E. “O plano de saúde é um objeto de desejo. Quando se consegue o mínimo de renda, se adquire”, pontua Aldemir Freire.

Atualmente, segundo dados do Instituto Data Popular, quatro em cada dez pessoas da classe média já procuram por atendimento na rede privada de saúde, através dos planos. A classe baixa ainda é quase que integralmente dependente do Sistema Único de Saúde (SUS).

Além da elevação do poder aquisitivo e da oferta de planos de saúde a baixos custos mensais, a falta de atendimento adequado nos postos e hospitais da rede pública de Saúde transformaram a rede privada de assistência num caminho quase que sem volta. “A falta de profissionais na rede pública leva cada vez mais pessoas a procurarem os planos”, conclui o economista. Ele acredita que mesmo diante do cenário de encarecimento contínuo, a tendência é de que a procura por planos de saúde se eleve ainda mais em decorrência do envelhecimento da população.

Fonte: Tribuna do Norte