Epidemia exige cuidado redobrado
Geral
04.12.2015
A confirmação feita pelo Ministério da Saúde da relação entre vírus da Zika com o grande crescimento da quantidade de bebês diagnosticados com microcefalia no Nordeste e, no Rio Grande do Norte, deixou médicos e grávidas em alerta. Os profissionais da saúde, recomendam aos pacientes, entre os medidas, o uso contínuo de repelente como forma de se proteger do mosquito. A ginecologista e obstetra da Maternidade Escola Januário Cicco, Patrícia Fonseca, afirmou que o momento de epidemia exige cuidado redobrado, principalmente para as futuras mamães.

Patrícia Fonseca indicou que o repelente deve utilizado em conjunto com ações prevenção no dia a dia. “Não deixar água parada em nenhum recipiente é fundamental. Usar roupas do corpo, além que cubram a maior parte de evitar transitar em locais que tenham muitas plantas podem fazer a diferença”, disse. Patrícia explicou que o repelente deve ser aplicado após o banho. “A grávida deve continuar com sua rotina de cuidados, se passar hidratante, coloca o repelente por cima”, explicou.
A médica obstetra apontou que existem três substâncias de eficácia comprovada e sem riscos de absorção e tem uso liberado para gestantes: a Icaridina, o dietiltoluamida (DEET) e o IR3535. A Icaridina na concentração de 20 a 25% (Exposis) é o repelente de maior duração na pele: 10 horas. No entanto, Patrícia indicou que os estoques do produto estão esgotados no mercado potiguar.
No entanto, na falta da primeira opção, O DEET, mais fácil de ser encontrado em farmácias e supermercados tem duração de 6h também é pode utilizado, no Brasil é encontrado na concentração de até 15%. O IR3535 (Loção Antimosquito Johnson’s), que também é indicado para crianças de seis meses a dois anos, tem uma duração de duas horas.
Os repelentes caseiros podem ser aplicados por quem tem alergia às substâncias encontradas em farmácias e supermercados, e por quem não tem condição financeira de adquirir o produto. A formulação caseira à base de álcool e cravo da índia é a mais indicada, segundo a médica. “A grávida coloca o cravo em imersão no álcool durante 24h, após isso coa e adicionar um óleo e passa no corpo. Ele deve ser aplicado a cada duas horas”, disse.
A farmacêutica Márcia Valéria chamou atenção para o fato do repelente infantil não ser o mais recomendado para adultos. “Por ter baixa concentração (6% a 9%), a duração é menor. O adulto deve optar por repelentes com uma concentração mais alta”, disse. A farmacêutica ainda apontou que a busca por repelentes aumentou drasticamente na farmácia em que trabalha, ela disse que não existe repelente específico para grávidas. “O de adulto pode ser usado sem nenhum problema”, disse.
A RCD 19, de abril de 2013, da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) que dispõe sobre os requisitos técnicos para a concessão de registro de produtos cosméticos repelentes de insetos diz que: “para uso durante a gravidez e amamentação, consulte um médico.” Mesmo recomendação da obstetra, que reforçou a importância do pré-natal para receber as orientações sobre o uso de medicamentos.
A Pró-Reitoria de Extensão da Universidade Federal do Rio Grande do Norte debate a transmissão do vírus Zika e casos de microcefalia no RN, no próximo dia 8 deste mês, a partir das 14h, no Anfiteatro A do CCET.
DICAS – Proteção contra o mosquito
1- Quando sair, use um repelente nas roupas e nas áreas expostas. Na falta de repelentes industrializados, faça um em casa
2- Para as futuras mamães, não é infincado o uso de repelentes infantis por ter baixa duração e concentração de produto
3- Use roupas mais cumpridas, que deixem a pele menos exposta. Beba muita água para não passar mal com o calor
4- Coloque telas protetoras nas janelas de casa, deixando-as sempre fechadas
5- Previna a proliferação do mosquito, não deixe água parada
6- Procure um especialista para mais esclarecimentos e caso tenha alergia a algum produto
Grávidas mudam rotina de cuidados
A analista administrativa, Maria Clara, 30 anos, está grávida de 11 semanas e disse que o aumento de casos de microcefalia associados ao vírus da Zika mudou a sua rotina de cuidados com a gestação. Maria Clara também disse que inicialmente ficou preocupada com a epidemia, mas que tenta se manter tranquila para resguardar a saúde do bebê. “Eu comecei a me cuidar com repelentes depois de saber do problema com a microcefalia. No início ela recomendou um natural e depois um de duração mais longa”, disse.
A futura mãe redobrou os cuidados em casa e mudou hábitos para se prevenir do mosquito. “Venho trabalhar de calça e blusa com mangas longas, até para evitar passar repelente em muitas áreas do meu corpo, querendo ou não é um produto químico. Além disso eu uso velas de citronela e durmo com ar-condicionado para manter as janelas fechadas”, explicou.
Já a dona de casa, Damiana Barbosa, 35 anos, disse que não usou repelentes durante a gestação por falta de condições financeiras para adquirir o produto. Grávida de 37 semanas, Damiana relatou que ficou sabendo da microcefalia pela televisão. “Quando soube dessa doença comecei a tomar mais cuidado para não deixar água parada em casa e na vizinhança”, explicou.
O número de casos de microcefalia no Rio Grande do Norte saltou de 47 para 79 (68%) em sete dias. De acordo com boletim epidemiológico divulgado em 30 de novembro pelo Ministério da Saúde, as notificações registradas entre 21 e 27 de novembro levaram o estado a ultrapassar Sergipe na quantidade de casos, chegando a terceiro no ranking nacional, ficando atrás apenas da Paraíba e Pernambuco. A microcefalia é uma condição rara em que o bebê nasce com um crânio de um tamanho menor do que o normal – com perímetro inferior ou igual a 33 centímetros. A condição normal é de que o crânio tenha um perímetro de pelo menos 34 centímetros.
Fonte: Tribuna do Norte