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Especialista alerta sobre importância da alimentação correta para autistas

Geral

25.08.2014

Pais de crianças com autismo, profissionais da área de saúde e demais interessados no tema participaram neste sábado (23) de uma palestra sobre a importância de uma alimentação correta para crianças e adolescentes com o Transtorno de Espectro Autista, ou autismo, com a especialista em Defeat Autism Now (Derrote o Autismo Já) Simone Pires, em Natal. Em duas horas, ela falou sobre a importância de uma correta dieta alimentar e do histórico clínico da criança ou adolescente, para o diagnóstico e tratamento de cada caso.

“É importante sabermos se a criança com autismo tem alguma intolerância, déficit de vitamina, mineral ou aminoácido, para fazermos essa reposição para que ela possa aprender no dia a dia dela ter mais facilidade para aprender nas terapias, na escola. Muitas crianças com o espectro autista não conseguem dormir, elas têm seletividade alimentar, isso tudo por causa orgânica. Quando resolvemos essa parte, conseguimos uma melhor qualidade de vida para elas”, explicou.

Simone, que é formada em anestesiologia, disse que estuda o tema desde 2002, quando seu filho, com então um ano de idade, foi diagnosticado com autismo. Desde então, ela se aprofundou nos estudos e fez várias pós-graduações dentro e fora do Brasil, para aprender a cuidar com maior atenção do filho e ajudar outras famílias com o mesmo diagnóstico. Até 2008, ela fez isso através da internet, mas depois, passou a atender de forma efetiva, em consultório.

Ela disse que é preciso ficar atento aos quadros clínicos que as crianças apresentarem, para pensar nas possíveis investigações a serem feitas, porque muitos não conseguem expressar sentimentos, emoções, sintomas e é através desses dados é que é possível estabelecer uma forma de terapia a ser aplicada a cada caso. E que o histórico clínico da criança também é muito importante.

“Muitos não falam, ou seja, não conseguem expressar se tem dor, se tem medo, não conseguir dormir, uma série de sintomas e através de alguns dados clínicos, como constipação intestinal, não ir ao banheiro, não comer, isso tudo são sinais que podem integrar ao estudo para saber quais exames e terapias seguir. A ideia é poder ajudar essas pessoas aqui a direcionar o que eles têm que olhar nas crianças que eles têm”, explicou.

No caso dos profissionais de educação e de saúde, Simone disse que o objetivo da palestra é auxiliá-los a descobrir o que cada um pode fazer dentro de sua área de atuação, o que podem contribuir para o autista e sua família. Ela afirmou que, em casos de famílias com filho único ou primeiro filho, os pais encontram dificuldades para identificar algum sintoma que possa relacionar ao autismo. O que, para um professor, que tem outros 20 alunos para comparar o comportamento daquele estudante específico, é bem mais fácil.

Três níveis de autismo

Simone Pires explicou que o autismo hoje é classificado, de grosso modo, em três níveis: leve, moderado e grave. E que, dentro de cada um desses, há várias subclassificações. Mas que, no geral, isso depende de cada caso e que não há possibilidade, até os sete ou dez anos de idade, se ela terá uma vida independente ou não.

“Tem autista que fala e o que não fala, o que é agressivo ou não, que tem movimentos estereotipados ou não, entre outros detalhes. E que depende dos estímulos recebidos por cada um e se tem condições de aprendizagem, assim, tem autista que não são verbais, mas que conseguem ser independentes e temos aqueles que falam e são totalmente dependentes, então, varia muito de pessoa para pessoa”, explicou a especialista.

“Meu filho pode muito mais do que diz a medicina convencional”

Mãe de um menino de quatro anos, diagnosticado com autismo há um, a professora Janaína Lira integra um grupo de familiares no Rio Grande do Norte que busca a autonomia e o desenvolvimento de crianças autistas. Ela disse que seu filho, que foi diagnosticado primeiro com Transtornos Globais de Desenvolvimento (TGD), passou a ter qualidade de vida após o início do tratamento com a especialista Simone Pires.

“Pensava muito na questão da dependência e quando conversei com a Simone pela primeira vez, ela me disse que também tinha um filho autista e que queria que ele fosse morar sozinho aos 18 anos. Entendi o recado e que meu filho tinha chances de evoluir e que ele pode muito mais do que diz a medicina convencional. Passei a fazer os exames, a suplementação, a alimentação correta e, em uma semana, ele começou a mudar, começou a viver com um pouco mais de qualidade de vida”, desabafou.

Janaína revelou que antes, a criança não dormia direito, não se alimentava corretamente, entre outras limitações que trouxeram inúmeras dificuldades para a família, mas que, com o passar dos dias e o tratamento adequado, ele conseguiu pequenos, mas importantes avanços, como olhar nos olhos das pessoas, acompanhar visualmente animais, se alimentar melhor e aumentar o nível de concentração, além de dormir bem. E que compartilhar isso com outros pais, que também têm filhos autistas, trouxe inúmeras recompensas emocionais.

“Não é fácil, não é mágico, mas é algo que traz segurança porque vemos que nosso filho está conquistando a sua saúde e autonomia. E descobri que não adianta trabalhar o externo, se o interno está destruído. Tudo foi tratado paulatinamente e compartilhar isso com outros pais que estão vivendo o que eu vivi é muito bom e importante, porque precisamos de orientação no momento do diagnóstico. E eu sofri muito até encontrar um especialista que conseguisse me auxiliar”, afirmou.

Reprodução: Jornal de Hoje