ESTADO: ESTADO PRECISA DE 223 LEITOS DE UTIS
Geral
19.08.2010
TRIBUNA DO NORTE – 19-08-2010
Secção: Natal
Link: http://tribunadonorte.com.br/noticia/estado-precisa-de-223-leitos-de-utis/157300
Publicado no dia 19/08/10
ESTADO PRECISA DE 223 LEITOS DE UTIS
Apesar de ser considerado o menos problemático estado do Nordeste em termos de terapia intensiva, há um déficit de 223 leitos de UTI no Rio Grande do Norte, de acordo com a Secretaria Estadual de Saúde. O déficit diz respeito não somente à rede pública, mas ao total de leitos no Estado, incluindo as UTIs dos hospitais particulares. O resultado disso é a constante formação de filas para a obtenção de uma vaga para tratamento de terapia intensiva. No Walfredo Gurgel, por exemplo, a fila diária varia entre 15 e 20 pessoas.
O problema é comum em todo o Brasil, especialmente no Nordeste. Segundo dados da Associação de Medicina Intensiva Brasileira, o RN é o único estado nordestino a atingir a marca de um leito para cada 10 mil habitantes. Na avaliação da Sesap, isso não é suficiente. A formação de filas, por sua vez, é comum no setor público, embora o déficit seja medido em relação a todos os hospitais. O cálculo é feito da seguinte maneira: é preciso ter entre 4% e 10% do total de leitos chamados “gerais”, para tratamentos mais simples, nas UTIs do Estado.
O RN deveria ter 9,5 mil “leitos gerais”, embora só possua 7,6 mil. A Secretaria de Saúde fixou em 7% o percentual de leitos de terapia intensiva, o que obriga o Estado a ter 665 vagas de UTI, entre hospitais públicos e privados. Como só existem 442 leitos, o Estado tem o desafio de ampliar significativamente essa oferta. É preciso entender também a relação entre as unidades de terapia públicas e privadas. As filas são mais comuns no setor público porque a maior parte da demanda é de usuários do SUS, mas, como o déficit é geral, não seria possível, por exemplo, resolver o problema contratando leitos na rede privada, a exemplo do que aconteceu no ano passado, quando o Estado e o Município de Natal contrataram respectivamente 32 e 10 leitos de UTI em três hospitais particulares.
Uma ação do Ministério Público Estadual tenta “obrigar” o poder público a resolver o déficit, aumentando a oferta até que a necessidade seja satisfeita. Mas isso não é possível. O coordenador de planejamento da Sesap, José Renato Machado, explica. “Mesmo se tentássemos contratar leitos privados, os hospitais não teriam como dar suporte, pois se fizerem o convênio com o SUS não terão como atender aos planos de saúde e aos demais clientes da rede privada. É necessário criar mais leitos e o Estado terá de ser o indutor dessa expansão”, diz José Renato.
As dificuldades para conseguir expandir o número de leitos começa nos custos. Segundo o coordenador de planejamento da Sesap, cada leito de UTI custa em média R$ 100 mil, já incluídos os gastos com profissionais de saúde. O poder público, ainda de acordo com José Renato Machado, não tem como providenciar todos os leitos de uma única vez e em pouco tempo. Mas alternativas estão sendo pensadas. As primeiras ações foram prometidas para o início de setembro e passam pela reabilitação da antiga clínica médica que funcionava no Hospital João Machado.
Walfredo Gurgel contará com mais 10 novos leitos
Duas enfermarias atualmente funcionando no Walfredo Gurgel serão transferidas para a ala de clínica médica, agora reformada, do João Machado. Isso abrirá espaço para 10 novos leitos de UTI no Walfredo Gurgel. Os equipamentos, segundo José Renato, já foram comprados. Além disso, uma parceria com o Hospital Onofre Lopes irá reabilitar sete vagas existentes, mas não utilizadas por falta de profissionais. A unidade intensiva para cardíacos também será transferida para o Onofre Lopes, caso a parceria seja mesmo viabilizada. Mais 10 leitos serão instalados onde hoje funciona a unidade coronariana.
O ganho de quase 30 vagas deve ser ampliado com a negociação de novos leitos na rede privada. A intenção é licitar um contrato de longo prazo com os hospitais. Isso possibilitaria a criação de novas alas e novos leitos, ao invés de simplesmente remanejar. “Precisamos dessa parceria com a rede privada. Um contrato longo daria segurança para os hospitais realizarem os altos investimentos necessários. Isso enquanto a rede pública não se estrutura”, encerra José Renato.