Estudantes de Medicina realizam campanha de conscientização sobre a Doença de Parkinson
Geral
29.04.2013
Quem visitou o Parque das Dunas na manhã deste sábado se deparou com vários cartazes espalhados ao longo da via. Na entrada do Parque, dois estudantes indicavam, por meio de placas, uma patologia que afeta mais de quatro milhões de pessoas no mundo. Mais adiante, cartazes informavam que a doença atinge com mais freqüência pessoas com mais de 60 anos, mas que também pode ser desenvolvida em jovens. Para conseguir a resposta, os transeuntes tinham que seguir as setas colocadas no chão. No meio do caminho, dois atores, caracterizados como idosos, interpretavam os sintomas da doença. Ao fim do caminho, os pedestres encontravam com um grupo de estudantes de Medicina da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), integrante da Federação Internacional dos Estudantes de Medicina (IFMSA), que revelavam qual era a doença. Tratava-se da doença de Parkinson.
A campanha, intitulada ‘Parkinson: Mova essa ideia’, foi realizada com o objetivo de conscientizar a população acerca dessa doença neurológica, alertando quanto aos sintomas e incentivando o cuidado e a atenção aos portadores, além de desmistificar alguns conceitos e práticas. A iniciativa é dos estudantes de Medicina que compõem o comitê da IFMSA na UFRN, acompanhados dos professores de Neurologia Clécio de Oliveira Godeiro Júnior, e de geriatria, Amanda Baptista Aranha. A população também pode conhecer os efeitos da doença no cérebro, em parceria com o Museu de Morfologia da UFRN, com peças anatômicas em exposição, além de responderem um questionário para verificar o conhecimento da população sobre a doença.
O Dia Mundial da Doença de Parkinson foi celebrado no dia 11 de abril e os estudantes, que já desenvolveram atividades semelhantes em relação Alzheimer e a negligência infantil, pretendem tornar essa ação mundial. Os estudantes Isabella Tarciana, Leandro Augusto e Matheus Marques estavam na coordenação do evento. Matheus explica que ainda há muito mito em torno da doença e que ações como estas servem para explicar a respeito de uma doença que atinge uma grande parcela da população. “Parkinson não é uma doença exclusivamente do idoso e pensamos em fazer uma ação mais dinâmica de forma que marcasse mais efetivamente a população e que eles pudessem sentir um pouco na pele o que sente as pessoas com Parkinson”, destacou.
A estudante Isabella Tarciana explica que o tema da campanha ‘Mova essa ideia’ tem dois sentidos. “Primeiro é necessário que as pessoas que tem Parkinson se movimentem e façam exercícios, e o outro sentido é que as pessoas que conheceram a campanha abracem a causa e levem a ideia adiante”, destacou. Leandro Augusto explicou que a Federação desenvolve um trabalho em quatro áreas de atuação, em Educação Médica, Saúde Pública, DST/AIDS e Direitos Humanos. A próxima ação do grupo será uma campanha de conscientização contra a mortalidade da AIDS, no próximo dia 17 de maio.
Além de receberem informações a respeito da doença de Parkinson, as pessoas que caminhavam no Parque das Dunas também puderam simular como vive uma pessoa com a doença por intermédio de aparelhos que simulam os movimentos involuntários das pernas, durante a caminhada, e das mãos. Os estudantes improvisaram pesos nas pernas e em mochila, além de elástico, para mostrar a dificuldade de locomoção das pessoas.
A advogada Rosirene Dantas foi caminhar no Parque das Dunas assim como faz todos os sábados. Ela ficou surpresa e curiosa com os cartazes e seguiu as setas até o fim, quando passou pela simulação. “É uma ação muito importante para a população, no sentido de esclarecimento, pois muitas doenças ainda são incógnitas. Poucos minutos com o peso percebi o quanto difícil é o dia a dia de uma pessoa com Parkinson, só imaginava os tremores, mas hoje vi que é uma doença muito mais complexa e que atinge uma faixa da população muito mais abrangente”, destacou.
Associação de Parkinson
A recém criada Associação Potiguar de Parkinson também esteve apoiando o evento dos estudantes de Medicina da UFRN. O presidente da Associação, Domingos Sávio, destacou a importância da Associação, já que a incidência em pessoas idosas é grande e a população está ficando cada vez mais idosa. “A incidência da doença é uma realidade e, infelizmente, não há política públicas nem programas específicos para o Parkinson. O Estado é obrigado a custear o medicamento dos doentes, mas não o faz e quando faz, não é a contento. Eu tenho que tomar seis caixas de comprimidos por mês e cada caixa custa R$ 230. Nesse aspecto, a associação se configura como uma instituição política para cobrar com veemência e assiduidade o dever e a obrigação do Estado”, destacou.
Domingos Sávio disse que ações como esta realizada pelos estudantes de Medicina devem ser potencializadas. “Eles estão desenvolvendo palestras e uma pesquisa na área do Parkinson e nós entramos como parceiros, e não apenas como cobaias. É importante, pois os estudantes perceberam que existia essa lacuna”, afirmou. A Associação funciona na avenida Prudente de Morais, 74, no mesmo prédio onde funciona a Cruz Vermelha.
Reprodução: Jornal de Hoje