Falta de insumos se agrava
Geral
10.02.2015
A dívida com fornecedores junto a Secretaria Estadual de Saúde Pública tem prejudicado o funcionamento na rede hospitalar do Estado. Somente junto a indústria farmacêutica o débito era de R$ 29 milhões, até dezembro de 2014, segundo levantamento divulgado pela Sesap. No Hospital Walfredo Gurgel a falta de medicamentos e insumos tem se agravado nos últimos dias. O desabastecimento na farmácia do maior hospital do Estado vai desde itens mais básicos como água destilada até antibióticos, necessário para tratar casos de infecção.
A situação não é mais grave, admite a diretora-geral do HWG, Fátima Pereira Pinheiro, devido a uma ação movida pelo Conselho Regional de Medicina do RN (Cremern) que garantiu na Justiça o bloqueio de R$ 2 milhões da conta do Governo em favor do Hospital. “Graças a esses recursos, temos conseguido manter minimamente o abastecimento e o que não conseguimos adquirir junto aos fornecedores, fazemos permuta com outros hospitais”, afirma Fátima Pinheiro.
A diretora afirma que uma das limitações para a compra junto aos fornecedores é que a ação judicial condiciona a compra de medicamentos e insumos ao último registro de preços da Sesap, que data de 2014. “Os fornecedores, mesmo recebendo o pagamento à vista com recursos do bloqueio, alegam que os valores estão defasados”, explica a diretora.
A reposição dos estoques, esclarece Fátima Pereira, depende da negociação das dívidas do Estado e a liberação de recursos do Orçamento Geral do Estado. Na tarde de ontem, a diretora não tinha detalhes sobre quais medicamentos haviam sido adquiridos e entregues, tampouco sobre os que ainda estavam em falta na farmácia do HWG. “A negociação e compras está sendo tratado diretamente com a direção técnica da unidade. Não tenho no momento estas informações para repassar”, afirmou. A TN não conseguiu contato com a diretora-técnica, Hélida Bezerra.
Estimativa feita pela Secretaria de Saúde, ainda na gestão anterior, apontava para uma dívida de R$ 84 milhões em débitos levando em conta repasses a municípios, cooperativas médicas, prestadores de serviços e fornecedoras de medicamentos, até o início de dezembro do ano passado.
A Secretaria de Estado da Saúde Pública (Sesap) informou, por meio de nota divulgada a imprensa ontem (9), que as dificuldades de abastecimento na rede hospitalar do Estado serão normalizadas com a abertura do orçamento do Estado que aconteceu na semana passada. A tramitação dos processos que permitem a compra de medicamentos e insumos para a rede hospitalar está sendo regularizada. A Secretaria repassou R$ 4 milhões, referentes à divida de R$ 28 milhões junto aos fornecedores e um segundo repasse está previsto para esta semana.
O secretário estadual de Saúde, Ricardo Lagreca, e fornecedores se reúnem esta semana para renegociar os pagamentos atrasados. Sem orçamento próprio, a Sesap busca junto a Secretaria de Estado de Planejamento e Finanças a autorização para que os repasses sejam feitos sem contingenciamento. Com o pagamento de parte da dívida, a Unidade Central de Agentes Terapêuticos (Unicat) começou a receber no último dia 6 itens como 1.250 pares de luvas e alguns medicamentos.
Macas presas
Quem precisou de atendimento do Serviço Móvel de Urgência (Samu) ontem (9) enfrentou um desfalque no número de ambulâncias. Desde às 8h, seis ambulâncias, sendo quatro do Samu Natal, ficaram Hospital Monsenhor Walfredo Gurgel sem poder atender à chamados devido a macas presas no Hospital Monsenhor Walfredo Gurgel. Segundo a diretora-geral da unidade, Fátima Pereira, pela manhã oito macas estavam presas com pacientes a espera de vagas na unidade, a maioria com casos graves de trauma. De acordo com ela, a superlotação no hospital é recorrente nas segundas-feiras por causa do maior número de acidentes no fim de semana. Ao todo, 64 pacientes aguardavam no corredor, destes 21 de trauma. No final da tarde, sete pacientes da ortopedia que estavam esperando vagas foram transferidos para o Hospital Deoclécio Marques, em Parnamirim, onde acontece um mutirão de cirurgias ortopédicas.
Fonte: Tribuna do Norte