Hospitais fecham atendimento de urgência pediátrica e crianças ficam desassistidas
Geral
28.03.2013
O atendimento de urgência e emergência pediátrica na maior unidade hospitalar do Estado, o Hospital Monsenhor Walfredo Gurgel está suspenso de hoje (27) até o próximo domingo (31). Isto porque na manhã desta quarta-feira, os pediatras entregaram o plantão às diretoras técnica, Hélida Maria Bezerra, e médica, Marleide Alves, e por falta de profissionais a escala médica do mês de março não pode ser completa. A direção do Hospital propôs uma escala alternativa com apenas um médico por plantão como forma de garantir o atendimento infantil até o fim do mês, mas a proposta foi rejeitada, por unanimidade, pelos pediatras, com respaldo do Sindicato dos Médicos (Sinmed) e do Conselho Regional de Medicina do Rio Grande do Norte (Cremern). Com isso, quem precisar de atendimento pediátrico de urgência e emergência terá que buscar outra unidade hospitalar. No entanto, essa busca não deve ser fácil, pois os principais hospitais do Estado também estão com o Pronto Socorro Infantil fechados pelo mesmo motivo: falta de profissionais.
O Pronto Socorro Infantil do Hospital Doutor José Pedro Bezerra, conhecido como Hospital Santa Catarina, já está com o atendimento suspenso desde o último dia 19. Situação que se repete há três meses e nenhuma providência foi tomada. No Hospital Regional Deoclécio Marques de Lucena, em Parnamirim, o atendimento infantil está garantido até hoje (27). No Pronto Socorro Infantil Sandra Celeste os médicos só atendem até amanhã (28).
A diretora geral do Hospital Walfredo Gurgel, Fátima Pinheiro, explicou que a direção junto com a Secretaria de Saúde Pública (Sesap) não mediu esforços para garantir a escala dos profissionais, com dois pediatras, por plantão. “Há mais de 30 dias que já estávamos em negociação para garantir o cumprimento dessa escala, mas como houve o processo de transição de secretários, houve essa interrupção nas negociações, mas acredito que o novo secretário Luiz Roberto Fonseca dará continuidade a luta de Isaú Gerino para garantir o pleno funcionamento da urgência pediátrica do Walfredo”, destacou a diretora.
Fátima Pinheiro disse que ontem, o secretário adjunto de Saúde, Marcelo Bessa, acompanhado de representantes do setor de Recursos Humanos da Sesap estiveram no Walfredo e confirmaram que estão em busca dos pediatras para garantir o plantão com, no mínimo, dois pediatras. Como não há mais pediatras do último concurso público para serem convocados, a Secretaria Estadual de Saúde Pública está fazendo um levantamento dos profissionais que trabalham nos ambulatórios para serem transferidos para o Hospital Walfredo Gurgel e suprir a carência.
“Também concordamos que um pediatra por plantão não é o adequado, mas sugerimos isso de forma que o serviço não fechasse e que as crianças não ficassem desassistidas. Sei que a Secretaria está em busca de pediatras que estão em outros hospitais, mas isso requer tempo e diálogo. Infelizmente, quem precisar de atendimento pediátrico até o dia 31 terá que buscar outra unidade, mas as crianças que estão internadas no CTQ e na enfermaria continuam tendo assistência”, lamentou a diretora do Walfredo Gurgel.
A diretora disse que, inicialmente, seriam necessários, pelo menos, quatro pediatras de 40 horas. “Com esses profissionais, conseguiríamos cumprir as escalas, as férias, as licenças-prêmios e outros motivos de afastamento”. A diretora médica do hospital Marleide Alves explica que dos 13 médicos que compõem a escala dos profissionais, cinco médicos com carga horária de 40 horas, dividem a sua carga horária, sendo 20 horas na porta de entrada de atendimento e 20 horas nas enfermarias de queimados, pediátrica e no ambulatório, para atendimento de filhos de funcionários.
Os pediatras alegam que, com apenas um médico por plantão, é impossível atender a demanda. Atualmente, são dois pediatras por plantão, mas houve tempo em que eram quatro. Os pediatras de plantão são responsáveis pelo atendimento de urgência e emergência na porta de entrada do Pronto Socorro, bem como das crianças internadas no Centro de Tratamento de Queimados e na enfermaria, além do ambulatório.
Como o atendimento pediátrico foi suspenso, a direção aproveitou a observação pediátrica vazia e fez uma mudança que já estava prevista. A observação pediátrica foi deslocada para próximo do setor de politrauma, fazendo parte da linha vermelha, dentro do Eixo Vermelho, uma exigência para a implantação da classificação de risco. “É uma forma de melhorar o atendimento e destinar o atendimento prioritário para as crianças em casos graves”, destacou a diretora.
Fonte: Jornal de Hoje