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Medicina Reprodutiva mostra que é possível realizar o sonho de ser mãe

Geral

08.05.2013

 

Sem dúvida, um dos momentos mais importantes e decisivos na vida de uma mulher é a gestação. A chegada do mês de maio, em virtude da comemoração do Dia das Mães, celebrado no próximo domingo (11), potencializa ainda mais o sonho e o desejo de ser mãe nas mulheres. Se no passado, as mulheres se casavam e logo em seguida tinham vários filhos, hoje a realidade é diferente. Muitas optam pela estabilidade financeira e profissional antes de planejar uma gravidez. No entanto, nem todas as mulheres conseguem realizar o sonho de ser mãe sem uma “ajuda profissional”, como as técnicas de reprodução assistida.

No Brasil, o número de casais que procuram clínicas especializadas em Reprodução Assistida vem aumentando consideravelmente nos últimos anos. E diante do crescente número de casos de infertilidade, o papel do especialista em reprodução humana é fundamental para o sucesso do casal. Reprodução Assistida é um conjunto de técnicas, utilizadas por profissionais especializados, que tem como principal objetivo tentar viabilizar a gestação em casais com dificuldades para engravidar.

Especialistas afirmam que cerca de 80% dos casais demoram até um ano para concretizar a gravidez. Isso significa que, se as suas tentativas começaram há pouco tempo, é melhor conter a ansiedade. Porém, se essas tentativas já excederam um ano (para casais cuja mulher tenha menos que 30 anos) ou seis meses (naqueles cuja mulher tenha mais de 30 anos), a avaliação de um especialista pode abreviar o diagnóstico e reduzir a “via crucis” que geralmente os casais costumam enfrentar.

As ginecologistas Mychelle Garcia Torres, Kyvia Bezerra Mota e Adriana Leão Barbalho Sant´Anna são especialistas em Reprodução Humana e fazem parte da equipe do Centro de Reprodução Assistida da Clínica da Mulher, pioneiro em reprodução assistida em Natal. Segundo as profissionais, é necessário desmistificar os paradigmas que envolvem a infertilidade, acabar com o preconceito e unir forças, uma vez que avaliar cada caso de forma personalizada é a receita mais indicada para alcançar o objetivo do casal.

O atual estilo de vida da maioria da população e a postergação da maternidade ou paternidade têm levado alguns casais a necessitar de técnicas avançadas no âmbito da reprodução para conseguir o seu tão desejado bebê. Múltiplos parceiros sexuais, estresse, uso indiscriminado de medicamentos, maus hábitos alimentares, obesidade, exposição a produtos tóxicos, tabagismo, álcool e a privação de sono, associados à escassa prática de exercícios físicos são alguns dos fatores que frequentemente contribuem para a queda da fertilidade. Com o avançar da idade, o organismo fica progressivamente mais exposto aos efeitos deletérios destas situações, assim como às infecções do trato genital.

Além dessas orientações no estilo de vida, a medicina reprodutiva dispõe de várias ferramentas capazes de tornar possível o sonho de ter filhos. Preservar a fertilidade também significa guardar os gametas congelados (óvulos e espermatozoides) para uso futuro. Considerando que a idade da mulher é um fator fundamental na obtenção do resultado do tratamento, é possível que mulheres com idade ao redor dos 35 anos e que ainda não tenham desejo em gestar, congelem seus óvulos para uso posterior. É possível também preservar os gametas femininos e masculinos quando um câncer é diagnosticado e o seu tratamento pode por em risco a fertilidade. São enormes os avanços no congelamento de gametas e de tecido ovariano principalmente após o advento da técnica da vitrificação, já sendo rotina há mais de quatro anos no Centro de Reprodução Assistida da Clínica da Mulher.

A ginecologista Mychelle Garcia explica que em torno de 15% dos casais em idade reprodutiva vão encontrar alguma dificuldade para engravidar. “Os motivos são inerentes a cada caso. Existem motivos femininos e masculinos e casais que os dois podem ter alguma justificativa para essa infertilidade, o que consideramos uma tentativa de gestação, pelo menos um ano, com relações frequentes, sem obter o sucesso da gravidez”, afirmou. A especialista conta ainda que existem as causas específicas dentro de cada diagnóstico. Em relação às mulheres, são os distúrbios na ovulação, os problemas nas Trompas (aderências ou endometriose), e do ponto de vista masculino, são as alterações na produção dos espermatozóides, em quantidade ou qualidade.

“Após o diagnóstico, sempre tem um caminho a seguir. Às vezes, por um caminho simples, com tratamento com medicamentos ou procedimento cirúrgico, mas às vezes esse tratamento não tem resultado. E, ou quando de cara o problema é um caso mais grave, ou quando os tratamentos simples não dão resultados, a paciente pode precisar das técnicas de reprodução assistida, que são as técnicas mais complexas”, destacou a ginecologista.

O próprio ginecologista consegue fazer essa triagem e muitas mulheres conseguem engravidar com o próprio especialista, sem a necessidade de procurar um centro avançado para obter a gestação. “O encaminhamento acontece quando o ginecologista já fez a parte básica e fez até onde entendia que poderia ter sucesso e, muitas vezes, referencia para um Centro para utilizarmos de exames mais avançados, de técnicas mais sofisticadas para obtermos os resultados”, destacou.

A ginecologista Adriana Leão Barbalho Sant´Anna conta que existe os tratamentos de baixa e alta complexidade. Os de baixa complexidade são o coito programado e a inseminação. Os tratamentos de alta complexidade mais utilizados são a fertilização in vitro, que depende do laboratório tanto a fertilização, quando a inseminação. “Tudo depende do diagnóstico. Quem vai nortear qual o tratamento adequado é o diagnóstico. Quando o tratamento de baixa complexidade falha, normalmente partimos para o de alta complexidade”, explica a Adriana Barbalho.

Adriana Barbalho alerta que 30% do fator de infertilidade é exclusivamente masculino. “Mas na maioria dos casos, em 50% a mulher está envolvida, e nos outros 50% o homem também está envolvido, porque existem fatores combinados”, explicou. Mychelle Garcia conta que ainda existe uma resistência masculina ao tratamento. “Existe uma cultura de o homem dizer para a mulher procurar o ginecologista, que muitas vezes é a porta de entrada da investigação. ‘Faça tudo e se não der nada eu faço o meu exame’. Isso está mudando, pois com o retardo da maternidade por parte de algumas famílias, por conta da questão profissional, existe uma necessidade mais urgente de resolver a gravidez quando aquele desejo chega”, destacou.

O tratamento, de acordo com as especialistas, varia de casal para casal. “Existe o percentual de sucesso de cada tratamento e muitas vezes a necessidade de repeti-lo. Então, quando o casal falha na primeira tentativa e consegue no mês seguinte fazer uma nova tentativa, com certeza no seguinte, nós vamos ter uma resposta mais rápida”, explicou a ginecologista Mychelle Garcia. Ela conta que dois meses após uma consulta, se todos os exames necessários forem feitos de forma sequencial, é possível fechar um diagnóstico e iniciar um tratamento. “O tratamento acontece sempre durante um período menstrual”.

Custo

O avanço da tecnologia que permite a mulher, que por alguma dificuldade não consegue engravidar, realizar o sonho de ser mãe, através de técnicas avançadas de reprodução assistida, tem seu custo. A ginecologista Mychelle Garcia não considera caro o tratamento, se comparado com uma cirurgia de videolaparoscopia, para diagnosticar a endometriose.

“A questão é que os planos de saúde não cobrem esse tipo de tratamento, que muitas vezes não pode ser resolutivo, pode precisar de novas tentativas. A grande diferença é que sai do bolso. É um tratamento extremamente sofisticado, muito especializado. É necessário equipamento atualizado, com revisões periódicas. O custo de manutenção de um laboratório deste nível é altíssimo, pois temos um controle de qualidade muito grande. O custo, no final das contas, é relativo, pois é um procedimento muito sofisticado. Cabe no bolso, a partir do momento em que a pessoa se programa. Hoje, todos os tratamentos são atingíveis, até para classes menos favorecidas”, destacou.

Mychelle Garcia conta que uma inseminação artificial é mais barata que uma cirurgia plástica de pálpebras. “Mas a cirurgia de pálpebra te garante que você faz a cirurgia e corrige, pode até não ficar como você imaginava, mas aquilo vai ser executado e em uma inseminação não. Dentro de um tratamento de inseminação, eu tenho, no máximo, no melhor dos casos, 20% de sucesso. E essa é a grande questão”, afirmou.

 

Programa Acesso facilita tratamento de casais sem condições financeiras

O Programa Acesso existe para auxiliar casais com dificuldades na concepção. É um dos serviços oferecidos à comunidade pelo ProBEM – Programa de Bem Estar para Pacientes Crônicos – e conta com o apoio de clínicas, deliveries e da Merck Serono. No Rio Grande do Norte, o Centro de Saúde Reprodutiva da Clínica da Mulher é o único estabelecimento credenciado a participar do programa.

Desde 2006, o Programa Acesso já deu a oportunidade a milhares de famílias de realizar o sonho de ter um filho, oferecendo descontos em medicamentos e em honorários médicos para o tratamento de fertilidade. Podem fazer parte do Programa apenas casais sem condições financeiras para arcar com todas as despesas do tratamento.

Para participar do Programa Acesso, a paciente deve procurar um médico, ou uma clínica habilitada no Programa para saber se o casal está apto ao tratamento. Se aprovado, de acordo com os critérios de inclusão do Programa Acesso, o casal recebe uma chave de compra que permite o acesso aos medicamentos com desconto nos locais associados ao programa. Cada clínica participante pode oferecer, segundo seus critérios, descontos nos honorários médicos.

A ginecologista Mychelle Garcia lembra que o objetivo do Programa Acesso é facilitar o tratamento de reprodução assistida para casais sem condições financeiras para arcar com todas as despesas. O programa diminui tanto com a medicação, quanto com o valor pago pela clínica.

 

O casal Elaine Cristina Carvalho e Dailson Nunes de Carvalho já tinha 11 anos de casado e ela tinha dificuldades para engravidar. No início do casamento, durante dois anos, Elaine evitou a gravidez. Em seguida, foram nove anos de tentativas. Depois de inúmeras tentativas pelo meio tradicional e sempre sem sucesso, o casal decidiu procurar um especialista em reprodução assistida. “Juntamos um dinheiro que acreditávamos que dava para fazer o tratamento e, em seguida, procuramos a clínica”. Cinco meses. Esse foi o tempo entre a primeira consulta com a ginecologista Mychelle Garcia e a implantação dos embriões.

Ela conta que iniciou o tratamento sabendo que as chances de sucesso com a fertilização seriam de 40%. “Me indicaram um psicólogo, da própria clínica, para fazer esse acompanhamento, pois às vezes, acontece de não dar certo na primeira vez, mas graças a Deus deu”, conta Elaine Cristina. Ela relembra o momento da notícia da gravidez, na mesma data de aniversário do esposo Dailson, dia 3 de abril de 2012.

“Quando eu sou soube foi a maior felicidade do mundo, pois era o maior desejo do meu coração, do meu esposo, em sermos pais. A médica até sugeriu fazer em outro dia, para não estragar o aniversário, mas tínhamos a certeza de que daria positivo. De início não sabíamos que os dois embriões que foram colocados deram certo e que eu estava grávida de gêmeas”, afirmou a mãe.

O casal conta que apesar das dificuldades, valeu a pena o sacrifício e que faria tudo de novo, se necessário. Eles contam que o tratamento ainda tem um custo elevado, mas que eles se programaram bem para poder fazê-lo. Além disso, eles também foram beneficiados com o Programa Acesso. “No final das contas gastamos cerca de R$ 12 mil e se não tivéssemos o benefício do programa teríamos gasto muito mais. Para se ter ideia, uma das muitas injeções que tive que tomar era R$ 1,4 mil, mas com o desconto do programa saiu por R$ 612. É tratamento sofrido e longo, mas que vale a pena e faria tudo de novo se fosse preciso”, destacou.

Os nove meses de gestação, conta Elaine Cristina, foi tranquilo. “Foi uma maravilha. Graças a Deus não tive nenhum problema”, afirmou Elaine. Ela revela que só tinha medo nos dias de ultrassonografia, temendo que os bebês não estivessem se desenvolvendo normalmente. “Sobre a fertilização não tive nenhum medo, pois tínhamos a certeza de que se tivesse de ser, daria certo, que era um negócio garantido. Pedimos uma e Deus mandou duas, foi uma benção dobrada”, destacou. Agora, Elaine Cristina, aos 34 anos, não pensa em ter mais filhos. “O nosso objetivo será de cuidar delas duas”. As gêmeas nasceram um dia antes de o casal completar doze anos de casados, dia 17 de novembro de 2012. “Mais um presente na nossa vida”.

Pais de Ana Cecília e Ana Letícia, Elaine Cristina e Dailson Nunes contam que a rotina do casal mudou completamente após a chegada das gêmeas. “Mudou tudo na nossa vida, e para melhor. Desejávamos muito. Elas eram bastante esperadas por todos da família. Ser mãe é maravilhoso. Não imaginei que fosse tão bom”, destacou. Ela relembra que, todos os anos no período do dia das mães, ficava na expectativa de engravidar. Ano passado, Ana Cecília e Ana Letícia já estavam na barriga e este será o primeiro dia das mães ao lado das gêmeas. “Ser mãe é a coisa mais bela da vida. É grandioso, que com palavras não conseguimos explicar, mas é um amor incondicional. O maior amor que existe”, ressaltou.

Elaine Cristina lembra que o marido é fundamental durante o processo de reprodução assistida, haja vista que, em alguns casos, o tratamento é conjunto. “Ás vezes a mulher quer muito, mas o homem tem receio de fazer certos exames, que são incômodos. O casal tem que querer muito, mas no fim vale a pena. O conselho que dou é que procurem, façam tratamento e se tiverem condições façam porque vale a pena. Hoje temos duas bênçãos, que são os nossos dois troféus”, afirmou a mãe.

O marido de Elaine, Dailson Nunes conta que fez questão de estar sempre ao lado da esposa durante o tratamento. “É fundamental o marido estar do lado e se fazer presente. Eu sentia a dor e o sofrimento, mas não mostrava para ela. Sempre motivava ela, mesmo que quando ela saísse eu chorasse de tristeza, mas na frente dela tinha que dar maior força, porque a pessoa sozinha não faz não”.

O pai conta que foi o maior presente que poderia ganhar na vida. “Eu nunca mais esqueço o meu aniversário de 36 anos. Foi o mais perfeito de todos, quando recebi o maior presente”, disse. Dailson Nunes fez questão de acompanhar o parto. “Eu comecei a chorar quando elas estavam saindo da barriga. Foi a maior emoção da minha vida”. Hoje, Ana Cecília e Ana Letícia têm cinco meses de idade. “Esses cinco meses têm sido maravilhosos. No início foi meio corrido, até ajustar o horário delas, pois quem define tudo são elas, mas estamos encaixando. Não tem nada que diga que não valeu a pena. Acordar de madrugada é tranquilo. Eu levanto sorrindo. Quando fazemos com amor, não tem trabalho nenhum. É benção dobrada, o amor é dobrado, o sorriso é dobrado”, destacou. O casal revela o esquema para cuidar das gêmeas de madrugada. A primeira que acordar é de responsabilidade da mãe. A segunda, é do pai.

Fonte: Jornal de Hoje