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Médicos acusam Governo de dificultar inscrições

Geral

02.08.2013

O Conselho Federal de Medicina acusou ontem o Ministério da Saúde de deliberadamente dificultar a inscrição de profissionais brasileiros no programa Mais Médicos. O órgão decidiu pedir a intervenção do Ministério Público e uma investigação da Polícia Federal e quer a reabertura das inscrições para os brasileiros. Roberto d’Ávila, presidente do órgão, afirma que os vários problemas encontrados por médicos que tentavam fazer a inscrição no Brasil não aconteciam quando o acesso era feito com um IP (registro do computador) era do exterior. “Temos informações que quem acessou por um IP do exterior não teve nenhuma dificuldade. Não é possível que mais de 8 mil médicos brasileiros que tenham tentado se inscrever não consigam por um problema na internet. Faz desconfiar de uma ação proposital para não inscrever médicos brasileiros”, acusou.
Elza Fiúza/Agencia Brasil
Roberto dÁvila, do CFM, levanta suspeita de boicote deliberado feito pelo Ministério da SaúdeRoberto dÁvila, do CFM, levanta suspeita de boicote deliberado feito pelo Ministério da Saúde

“Eu lamento porque é uma crítica absolutamente inconsistente e vazia. 90% dos CRMs inválidos que foram preenchidos, o número que estava sendo colocado como CRM inválido era 000 traço traço traço, não era uma confusão de números”, respondeu o ministro da Saúde, Alexandre Padilha. “E mesmo assim, o Ministério da Saúde, para valorizar o médico brasileiro que de fato quer ir atender a periferia das grandes cidades e municípios do interior, deu mais um prazo para que se esses médicos realmente tinham interesse em participar do programa pudessem ter até o dia 28, à meia noite, para corrigir isso.” Em nota, o Ministério da Saúde diz, ainda, que a visualização da página do programa era mais rápida no Brasil que no exterior e que o sistema reconhecia sinais gráficos e letras maiúsculas e minúsculas.

O programa fechou na última sexta-feira, com mais de 18 mil pré-inscrições. Dessas, no entanto, 45% eram de CRMs inválidos. Apesar de o ministro Alexandre Padilha se negar a afirmar claramente, a visão do governo era de que isso confirmava um boicote ao programa anunciado em redes sociais. Apesar das inscrições terem se encerrado com apenas 4,6 mil inscrições efetivadas – cerca de 900 de estrangeiros -, o CFM nega. Afirma que recebeu telefonemas de dezenas de médicos que queriam efetivamente se inscrever, mas não conseguiram por problemas no sistema do ministério.

D’Ávila afirma que o ministério usou um programa que não aceitava acentos ou outros sinais gráficos e por isso dizia que o CRM era inválido. Além disso, teria usado um banco de dados desatualizado para conferir os CRMs. Também diz que nos últimos dias de inscrição o sistema não aguentou o tráfego de dados e que, por isso, os médicos tiveram menos de 24 horas para entregar toda a documentação necessária. “Não entendemos o porquê de tanta pressa. Essa é a razão de tantos problemas. Tudo foi feito de maneira incompetente”, afirmou.

Desde o início, o CFM foi contrário ao programa. O presidente do órgão garante que o CFM também se surpreendeu com a procura e que esclarece aos seus filiados que o Mais Médicos é uma bolsa e não garante direitos trabalhistas. Ainda assim, disse seu presidente, exige do governo a reabertura das inscrições para que os brasileiros não sejam prejudicados, perdendo lugar para estrangeiros.

Em um balanço do programa divulgado ontem, o ministério informou que já foram selecionais os primeiros 626 municípios que receberão médicos, com 1.753 vagas. Dessas, 51,3% são no interior do País e considerados de maior vulnerabilidade social. O restante fica na periferia de capitais e nas regiões metropolitanas. A primeira fase do programa encerrou com 4,6 mil médicos inscritos.
 

Fonte: Tribuna do Norte On Line