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MEJC sofre com alta demanda

Geral

03.01.2013

 

A direção da Maternidade Escola Januário Cicco está preocupada com a situação do atendimento de obstetrícia na rede municipal de saúde, em Natal, que tem levado à superlotação a unidade mantida pela UFRN, e convocou o novo secretário municipal de saúde, Cipriano Maia, para discutir soluções. "Precisamos de investimentos urgentes para que as três maternidades municipais funcionem com eficiência e acolha a população gestante que precisa de um atendimento digno", cobrou Kleber Morais, diretor geral da MJEC.
Com as falhas no atendimento das três unidades materno-infantis da rede básica, mantidas pela Prefeitura de Natal, a MEJC recebeu cerca de 130 pacientes nos meses de outubro e novembro do ano passado, das quais mais de 30 precisaram ser acomodadas nos corredores. "Não podemos ver esta cena se repetir com essa nova gestão", disse Kleber Morais, advertindo que a superlotação acaba também por desvirtuar a atividade fim da MEJC que é a formação de novos obstetras. Ao todo, a MEJC possui uma capacidade de 92 leitos. 
 
Para o novo secretário de Saúde de Natal, Cipriano Maia, a reestruturação das maternidades municipais das Quintas, de Felipe Camarão e do Hospital da Mulher na Zona Norte são passos prioritários para os primeiros três meses de gestão. "São respostas que garantem um melhor atendimento à população e desafoga a maternidade escola. Estaremos empenhados nessa missão nesses primeiros meses", pontuou.
 
"Como em toda a máquina da saúde municipal, é preciso reestruturar o gerenciamento das vagas e o abastecimento das unidades, dois fatores que refletem diretamente no cumprimento do serviço", colocou Cipriano Maia. Sobre os desafios que a SMS encontrará, o novo titular da Saúde mencionou que o maior deles é fazer com que o exercício profissional seja assegurado. "A paralisação das maternidades sempre se deveu ao não pagamento das cooperativas médicas. Nosso compromisso é o de unir esforços para garantir que os contratos  de prestação de serviços não sejam desrespeitados e que os prazos para os pagamentos não vençam", disse.
 
O último mês pago à Cooperativa dos Médicos (Coopmed) foi em outubro. O repasse referente aos meses de novembro e dezembro devem ser feitos após a abertura do Orçamento 2013, para que não haja ameaças de paralisação nos atendimentos. Cipriano fez questão de mencionar que há contratos de prestação de serviços vencidos desde maio de 2012, referentes à manutenção de equipamentos odontológicos e de prédios alugados pela SMS. Os restos a pagar poderão variar entre R$ 150 milhões e R$ 200 milhões 
 
"A situação é catastrófica. Vamos começar pelo prático, equalizando o pessoal, ampliando a oferta de atendimentos e organizando a capacidade de investimentos. Há a possibilidade de haver muitos recursos públicos desviados ao longo da gestão anterior, dado o tamanho do rombo", disse, referindo-se aos restos a pagar.
 
RN tem deficit de 217 leitos de UTI
 
O Rio Grande do Norte tem um deficit de 217 leitos de UTI. De acordo com a secretaria de Estado da Saúde Pública (Sesap), os pacientes contam hoje com 461 vagas em todo Estado em hospitais públicos e leitos pactuados em hospitais privados. O ideal, de acordo com recomendação do Ministério da Saúde (MS) que orienta a existência de um leito de UTI para cada 10 leitos de enfermagem, seria 678 vagas.
 
De acordo com o presidente da Sociedade Norte-rio-grandense de Terapia Intensiva (Sonorti), Antônio Fernando, a falta de leitos não é o único problema enfrentado pelos pacientes que necessitam de atendimento na rede pública de saúde. "Faltam profissionais capacitados. Não há um número de médicos suficiente no quadro próprio do Estado ou Município e ocorre a contratação através de cooperativa. Atrasam o pagamento e os leitos são fechados", explicou o intensivista.
 
Mas não é só isso. A UTI Cardiológica do Walfredo Gurgel, por exemplo, conta com quatro leitos fechados, há quase um mês, devido à falta de insumos e medicamentos. Mesmo com a efetivação do SOS Emergência e repasse de R$ 2,6 milhões, as vagas não foram reabertas. Ontem, 26 pacientes aguardavam uma vaga na UTI. Destes, 18 estavam entubados. "A demanda para UTI é muito alta e a tendência é piorar. Pacientes com problemas cardiovasculares e politraumatizados são o maior problema. É preciso ação do Governo", disse Antônio Fernando.
 
SOS Emergência começa a ser efetivado no HWG
 
O apoiador do Ministério da Saúde (MS), Marcelo Bessa, iniciou ontem, no Hospital Monsenhor Walfredo Gurgel (HMWG), os trabalhos dentro do programa SOS Emergência. O MS já repassou R$ 2,6 milhões para a unidade e, nos próximos meses, Bessa terá a missão de implantar um novo sistema de gerenciamento e administração no hospital. Para tanto, contará com o repasse mensal de R$ 650 mil. "Queremos mudar a gestão para assim mudarmos o atendimento à população", resumiu o enfermeiro. 
 
Bessa sabe que a tarefa não será fácil e conhece bem o hospital. Ele foi diretor de enfermagem do HMWG durante quatro anos e já viu, por diversas vezes, a cena que se repete ao longo dos anos: superlotação. Ontem, os corredores do hospital contavam com 125 pacientes, sendo 57 de clínica médica, 26 internos esperando a liberação de uma vaga em uma Unidade de Tratamento Intensivo (UTI) e 42 pacientes esperavam por transferência para a realização de cirurgia ortopédica em unidades conveniadas.
 
"Para mudar essa realidade é preciso de parceria com toda a rede de assistência médica. Acho que o momento é propício e estou com boa expectativa com a implantação efetiva do programa", disse Marcelo. O apoiador vai auxiliar o corpo diretivo do HMWG. Ontem, realizou a primeira reunião com a direção do hospital onde  apresentou o projeto de normas e metas que pretende implantar durante esse ano. São quatro fases: formalização e implantação do Núcleo de Acesso e Qualidade Hospitalar; reorganização do serviço; aperfeiçoamento das atividades, criação do Procedimento Operacional Padrão (POP) e, por fim, estabelecimento de metas cumprimento do POP e divulgação dos resultados.
 
O apoiador acredita que contará com a parceria dos médicos e demais profissionais do HMWG. "Não basta só o MS apoiar e a direção querer. Precisamos do profissional que está aqui dentro, que vive a realidade do hospital", afirmou. O SOS Emergência está presente em mais 11 hospitais do país. "Não posso dizer quando teremos os primeiros resultados no Walfredo, mas intenção é a melhor possível", comentou Bessa.
 
As ações devem ser extensivas a rede de saúde de todo o Rio Grande do Norte. Para a diretora do HMWG, Fátima Pereira, a parceira com Natal e demais municípios potiguares é um objetivo a ser alcançado. "As melhorias no Walfredo Gurgel só serão sentidas quando o município de Natal começar a funcionar", afirmou.

Fonte: Tribuna do Norte