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Sinmed discute acordo coletivo para pediatras e psiquiatras

Geral

16.01.2015

Os baixos valores pagos por consultas eletivas e plantões e os constantes atrasos nos pagamentos devidos são apontadas como as principais causas da falta de pediatras na rede privada de Natal, conforme o Sindicato dos Médicos do Rio Grande do Norte (Sinmed-RN). Para tentar entender a origem e uma possível solução para o problema, a entidade reuniu a categoria em assembleia para discutir a elaboração de um acordo coletivo para os médicos, que seria estendido para outras especialidades, como psiquiatria.

Segundo o presidente do Sindicato dos Médicos do Rio Grande do Norte (Sinmed), Geraldo Ferreira, entre as possíveis soluções discutidas estão o estabelecimento de um piso mínimo a ser pago pelas unidades e a implantação de um percentual a ser repassado aos profissionais a cada consulta realizada, que seria de 10% o valor repassado pelo plano de saúde.

“Pediatra existe, mas falta valorização profissional. Eles não são remunerados como se deve, muitos bem abaixo do valor de mercado e ainda padecem com demanda excessiva de pacientes atendidos por hora e falta de estrutura adequada para exercerem sua função, principalmente na rede pública de saúde. A proposta levantada pela categoria é pagarem R$ 1,5 mil por plantão, mais a produtividade de R$ 5 por atendimento, que é o equivalente a 10% do valor pago por uma consulta normal ao hospital”, afirmou.

Ele disse ainda que a demanda excessiva também é fonte de problemas para os pediatras, com relatos de profissionais que chegam a atender até 60 crianças a cada hora, o que prejudica a qualidade do atendimento prestado. “O ideal são seis consultas por hora, ou seja, uma a cada dez minutos, no mínimo, para que o pediatra possa ter tempo necessário para ouvir o paciente, reconhecer os sintomas e a doença apresentada”, explicou Geraldo.

Para o presidente da Sociedade de Pediatria do Rio Grande do Norte (Sopern), Nivaldo Júnior, anualmente, 16 novos pediatras se formam em Natal, mas como a maioria é de fora, acabam retornando aos seus estados de origem para exercerem suas atividades. E, com relação aos que ficam aqui, os baixos valores e atrasos fazem com que eles não se interessem em atuar em hospitais privados ou públicos. “Não faltam pediatras, mas não há atrativos em se trabalhar pelos planos de saúde ou na rede pública”, falou.

Fechamento de maternidades contribui para cesáreas

Na área da obstetrícia, o fechamento de nove maternidades no Estado – sendo duas públicas e sete privadas, somado à estrutura defasada das que restaram em atuação, como falta de salas para parto e vagas e à baixa remuneração dos obstetras por nascimento são apontados pelo Sinmed como uma das principais conseqüências para a alta quantidade de cirurgias cesáreas, mesmo as feitas sem necessidade, no Rio Grande do Norte.

Geraldo Ferreira explicou que, na rede privada, o uso de cirurgia para o nascimento dos bebês potiguares, em detrimento ao parto normal, é também uma tentativa de fuga dos médicos pela ausência de locais disponíveis para o acompanhamento dos partos, pois a demanda é muito superior ao total de salas específicas para isso. “É um tema delicado, mas esses problemas relatados precisam ser sanados para que se resolva essa situação”, afirmou.

Para ele, atualmente, há uma tentativa de culpar o médico pela falta de estrutura dos hospitais, de insumos e outras situações, mas este também é uma vítima, por não terem boas condições de trabalho e serem mal remunerados por suas atividades médicas. “Todos os dias, ocorrem violações dos direitos humanos dos pacientes e usuários de planos de saúde e da rede pública, mas também dos profissionais”, disse.

Psiquiatria também sofre com poucos médicos

Outra categoria que tem sofrido com a desvalorização profissional é a psiquiatria, que conta com apenas 106 médicos em atuação em todo o Rio Grande do Norte. No entanto, apenas 64 são especializados e estão devidamente registrados no Conselho Regional de Medicina (CRM). Destes, quase a metade já está aposentada ou próxima da aposentadoria, o que reduz ainda mais a quantidade em atuação em plantões no Estado.

Segundo Geraldo Ferreira, há a necessidade de valorização do trabalho do especialista, estabelecimento de um piso salarial e um vínculo contratual que dê direitos trabalhistas aos médicos. E, assim como na pediatria, muitos dos recém-formados no território potiguar também acabam retornando aos seus locais de origem para poderem exercer suas atividades com condições mínimas de trabalho.

REprodução: Jornal de Hoje