Tuberculose na infância em 22 países de alto risco: um estudo de modelagem mostra grande oportunidade de prevenção da doença
Geral
01.08.2014
A confirmação do diagnóstico de tuberculose em crianças (com idade menor do que 15 anos) é um desafio; a subnotificação pode ocorrer até mesmo quando as crianças frequentam os serviços de saúde. As estimativas de incidência direta não estão disponíveis e a Organização Mundial de Saúde (OMS) estima e constrói as notificações pediátricas com ajustes para a vigilância incompleta feitas com os mesmos fatores das notificações de adultos.
O objetivo do trabalho, publicado pelo The Lancet Global Health, foi estimar a incidência de infecção e doença em crianças, a prevalência de infecção e a exposição domiciliar em 22 países com risco elevado da doença.
Dentro de um modelo matemático mecanicista, os pesquisadores combinaram as estimativas de prevalência de tuberculose em adultos, em 2010, com aspectos da história natural da tuberculose pediátrica. Em um modelo familiar, estimaram a exposição domiciliar e a infecção. Contabilizaram os efeitos da idade, da vacinação com BCG e da infecção pelo HIV. Além disso, testou-se a sensibilidade aos pressupostos estruturais fundamentais, repetindo todas as análises, sem variação na eficácia da BCG por latitude.
A estimativa do número médio de crianças que estavam dividindo a mesma casa com um indivíduo com tuberculose infecciosa, em 2010, era de 15.319.701 (IQR ou diferença interquartílica de 13.766.297-17.061.821). Em 2010, o número médio de infecções por Mycobacterium tuberculosis em crianças foi de 7.591.759 (5.800.053-9.969.780) e 650.977 crianças (424.871-983.118) desenvolveram a doença. Exposição cumulativa significa que o número médio de crianças com infecção latente em 2010 era de 53.234.854 (41.111.669-68.959.804). O modelo sugere que 35% (23-54%) dos casos pediátricos de tuberculose nos quinze países que relataram as notificações por idade em 2010 foram detectados. A previsão foi de que a Índia colaborou com 27% (22-33%) da carga total de tuberculose pediátrica nos 22 países estudados. A proporção prevista de tuberculose em crianças de cada país, correlacionada à incidência, varia entre 4% e 21%.
Este modelo demonstrou que a incidência da tuberculose pediátrica é maior do que o número de notificações, particularmente em crianças pequenas. As estimativas atuais de exposição domiciliar e infecção cumulativa sugerem uma grande oportunidade para o tratamento preventivo da doença.
Este estudo foi financiado pela UNITAID e pela US Agency for International Development.
Fonte: The Lancet Global Health, volume 2, número 8, de agosto de 2014