Roberto Lucena – repórter

Quatro leitos da Unidade de Tratamento Intensivo (UTI) Cardiológica do Hospital Monsenhor Walfredo Gurgel (HMWG) estão interditados, há mais de uma semana, devido à falta de insumos e medicamentos. Das dez vagas existentes, seis estão ocupadas. Enquanto isso, o número de pacientes a espera de um leito, seja em UTI ou nas demais enfermarias, aumentou. Ontem, 78 pacientes ocupavam os corredores da unidade. Cinco a mais que o registrado na última quarta-feira. Com as festas de fim de ano, a expectativa é que o número de atendimentos aumente no nosocômio.
Somente, na clínica médica o número de pacientes subiu de 21, na quarta-feira, 27, para 32, ontem, 28. O problema de superlotação no HMWG voltou à tona quando familiares de um paciente cardiopata acionaram à Justiça para conseguir uma vaga na UTI do hospital. Caso o pleito não fosse atendido, a diretora da unidade, Maria de Fátima Pereira Pinheiro, pagaria multa de até R$ 10 mil. A vaga foi disponibilizada, porém, a demanda de pacientes aumenta a cada dia. Para a diretora, a causa do problema é a falta de assistência básica nos postos municipais.

“Acontece que estamos em perídio de transição dos prefeitos. Quem está saindo das prefeituras, não resolve mais nada. Quem vai entrar, não pode agilizar nenhuma providência por enquanto. Mas as ambulâncias não param. Chegam na nossa porta todos os dias”, alegou. A respeito da interdição de quatro leitos na UTI Cardiológica, Maria de Fátima garantiu que uma solução para o problema está sendo construída juntamente com a Unidade Central de Agentes Terapêuticos (Unicat). Os leitos foram interditados devido a problemas de abastecimento de medicamentos. “Mas hoje [ontem] mesmo vou receber a visitar da direção da Unicat para verificarmos a lista de medicamentos com maior demanda e regularizar o abastecimento”, disse.

Os corredores do Pronto Socorro Clóvis Sarinho (PSCS) estão lotados. Ontem, 78 pacientes dividiam o espaço. Destes, 32 eram da clínica médica, 23 esperam transferência para realizar cirurgias ortopédicas. Com 230 leitos, sendo 31 de UTI, a unidade hospitalar vem trabalhando com um percentual de 30% acima do total. Com a proximidade das festas de réveillon, a direção faz um apelo à população no que diz respeito ao consumo de bebidas alcoólicas.

“Toda e qualquer comemoração deve ser celebrada com responsabilidade. Estamos com o hospital cheio há semanas. A situação piorou agora com o feriado do Natal. É preciso que a população se conscientize de que, bebida e direção, por exemplo, não combinam. Se o réveillon repetir o número de atendimentos que tivemos no Natal, será realmente preocupante”, afirmou Maria de Fátima.

Ontem, a governadora do RN, Rosalba Ciarlini e o secretário de Estado da Saúde Pública, Isaú Gerino Vilela, inauguram o novo Pronto Socorro (PS) do Hospital Dr José Pedro Bezerra (Santa Catarina), cuja obra se arrastava há anos. A nova estrutura vai oferecer à população oito leitos de reanimação, 12 leitos de observação, 02 salas de radiologia, com equipamentos de raio x novos, uma sala de transplantes, uma sala de Nebulização, dois consultórios médicos, sala de repouso para médicos e para os profissionais de enfermagem, além de duas salas para pequenas cirurgias.

As obras do PS do Hospital Santa Catarina foram interrompidas por nove vezes. Para a atual diretora, Maria Daguia, a nova estrutura vai permitir melhorar o atendimento obstétrico, já que as salas de alto risco foram reestruturadas e houve aumento na área de clínica médica. O Hospital Santa Catarina é o segundo maior hospital da capital. Considerado maternidade estadual de referência em gestação de alto risco, a unidade deve receber com a nova estrutura, cerca de 12 mil pacientes por mês, desafogando principalmente o atendimento de obstetrícia na Maternidade Escola Januário Cicco, que ontem acomodava paciente nos corredores.

Protesto

Os médicos do Estado prometem mais uma manifestação contra o Governo. Em greve há quase oito meses, os profissionais da área da saúde rejeitaram a proposta de reajuste de 12, esclaonado em duas vezes, e vão realizar uma passeata hoje, numa manifestação pública denominada “Pelo Rio Grande do Norte, Pela saúde, Fora Rosalba”. A classe médica pretende reunir, por volta das 8h30, diversas categorias para uma grande caminhada com início no calçadão da Rua João Pessoa seguindo até o Hospital Ruy Pereira.

SMS convoca médicos para plantões

Com o objetivo de garantir atendimento nas maternidades das Quintas, Felipe Camarão e Leide Morais, a secretaria Municipal de Saúde (SMS) publicou, no Diário Oficial do Município (DOM) de ontem, a Portaria número 624, convocando pediatras e obstetras para compor o quadro de escalas das unidades. De acordo com a titular da SMS, Maria Joilca Bezerra, a convocação é necessária devido ao problema de atendimento nesses locais e lotação da Maternidade Escola Januário Cicco (MEJC).

A SMS, segundo a secretária, não está conseguindo fechar as escalas de plantão para esse período. “Como temos um decreto de calamidade em vigor, bem como uma recomendação do Ministério Público que orienta para o atendimentos nas maternidades, resolvemos fazer essa convocação. Os profissionais são obrigados a atenderem, sob pena de medidas administrativas, cíveis e penais”, esclareceu.

A convocação é para plantões até a próxima segunda-feira, dia 31. Caso os médicos não atendam a convocação, a MEJC pode voltar a ficar superlotada como ocorreu às vésperas do Natal deste ano. Mais de 30 parturientes ocuparam os corredores da unidade. Ontem, segundo a diretora médica do hospital, Maria Daguia Garcia, dez pacientes estavam nessa situação.

Quintas

O centro cirúrgico da maternidade das Quintas continua fechado. Há uma semana, um problema no disjuntor da unidade impossibilitou a realização de cesárias. Ontem, técnicos da SMS foram ao local e consertaram o problema, porém, as cirurgias não foram realizadas. “Estamos fazendo a limpeza do local e acreditamos que amanhã [hoje] tudo volte ao normal”, disse uma funcionária da maternidade.