Vacinação contra Pólio é encerrada sem cumprir meta
Geral
22.06.2013
Foi encerrada hoje a campanha nacional de vacinação contra a poliomielite, mas o resultado não é digno de comemoração. No Estado, a cobertura vacinal não chegou a 75%, mesmo com todas as ações realizadas desde o início da empreitada, no dia último dia oito. Em Natal, a situação é ainda pior, já que, segundo dados atualizados na manhã de hoje junto à Secretaria Municipal de Saúde (SMS) e ao Programa Nacional de Imunizações (PNI), a porcentagem de crianças vacinadas na capital potiguar atingiu apenas 53,1%. O objetivo estipulado pela Organização Mundial da Saúde era de 95% de cobertura, mas, por ocasião do lançamento da campanha, o chamado Dia D, a SMS chegou a declarar que a meta em Natal era chegar aos 100% de imunização.
Apesar de a campanha ter sido encerrada hoje com porcentagens tão baixas, para a subcoordenadora de vigilância epidemiológica da Secretaria de Estado da Saúde Pública do Rio Grande do Norte (Sesap), Stella Leal, esses números devem passar por atualizações nos próximos dias. “É evidente que a meta infelizmente não foi atingida, mas sabemos que muitos municípios não estão alimentando o sistema corretamente. Então, ainda não temos real dimensão da exata cobertura alcançada no Estado”, explica a subcoordenadora.
Ainda segundo Stella Leal, houve uma orientação do Ministério da Saúde para que o sistema fique aberto até o próximo dia cinco de julho, quando poderá ser feito um apanhado geral da campanha em todo o país. “A situação é complicada de norte a sul do Brasil. As informações que recebemos do Ministério são de que nenhuma unidade da federação conseguiu atingir os 95% de cobertura vacinal”, salienta.
Durante a ação foram disponibilizados, em todo o Estado, 917 postos de vacinação fixos e 715 volantes. É importante ressaltar que, mesmo com o término da campanha, as crianças com mais de seis meses e menos de cinco anos que ainda não tiverem sido imunizadas podem receber as vacinas normalmente. A Sesap orienta aos pais e responsáveis que compareçam aos postos portando a carteira de vacinação do menor. Não há contraindicações à vacina contra a poliomielite, porém a administração deve ser evitada em crianças imunologicamente deficientes, portadoras de infecções agudas ou hipersensibilidade a algum componente da fórmula.
A poliomielite, também conhecida como pólio ou paralisia infantil, é uma doença viral e altamente contagiosa. O vírus pode ser transmitido pela água ou por alimentos contaminados. A falta de higiene e de saneamento, além da concentração de muitas crianças em um mesmo local colabora com a transmissão do agente infeccioso.
Unidade de Nova Descoberta está sem profissionais para aplicar vacina
Indignação. Essa é a palavra que define o sentimento dos moradores do bairro de Nova Descoberta, zona Sul da capital. Hoje, último dia da campanha nacional de vacinação contra a poliomielite, a equipe de reportagem d´O Jornal de Hoje visitou o posto de saúde da localidade, no início da avenida Xavier da Silveira, e se deparou com um cenário de abandono. Inúmeros baldes espalhados para conter a água que escorre das goteiras, uma cadeira de dentista quebrada, jogada a um canto são algumas das imagens que mostram o descaso.
De acordo com o diretor da unidade, Luciano Cavalcanti, a situação é provisória e a vacina não foi administrada apenas na manhã de hoje, pois a responsável estava fazendo um treinamento. A informação foi negada por populares e até mesmo por uma funcionária, que pediu para ter sua identidade mantida em sigilo. Segundo eles, a imunização não está ocorrendo no posto desde o começo da semana, por falta de funcionários. Para a dona de casa Irani Ramos, a situação é um completo desrespeito à população. “Faz três dias que meu bisneto vem aqui e não toma a vacina. A mãe teve que me pedir para trazer ele hoje, pois não podia faltar ao trabalho de novo para chegar aqui e dar com a cara na porta”, reclama.
Para Daliana Barbosa, que levou os dois filhos para tomar as gotinhas, só restaram os pingos da chuva. “A gente sai de casa nesse tempo, com criança pequena, e não consegue vacinar eles porque a funcionária foi fazer um treinamento no último dia da campanha? Qual a lógica disso?” questiona, revoltada.
Reprodução: Jornal de Hoje