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Walfredo Gurgel discute implantação do Núcleo de Segurança do Paciente

Geral

08.05.2013

 

De acordo com dados da Fundação Osvaldo Cruz (Fiocruz), no Brasil, a cada dez pacientes assistidos em unidades de saúde, pelo menos um sofre com eventos adversos, como queda, administração incorreta de medicamentos, infecções, mal uso de equipamentos, dentre outros. A pesquisa mostra ainda que dos 7,6% de erros cometidos durante a assistência ao paciente, mais de 50% deste percentual seria evitável. Diante dessa situação, o Ministério da Saúde instituiu o Programa Nacional de Segurança do Paciente (PNSP), em 1º de abril deste ano. Esta semana, o Hospital Monsenhor Walfredo Gurgel (HMWG), através do Núcleo de Educação Permanente (NEP), está realizando a 3ª Semana de Enfermagem. Na ocasião, os profissionais de saúde estão discutindo a implantação do Núcleo de Segurança do Paciente no Hospital.

A programação da Semana de Enfermagem começou nesta segunda-feira (6) e a professora do curso de enfermagem da Universidade do Rio Grande do Norte, Francis Tourinho, falou sobre os dez passos para a Segurança do Paciente. A professora disse que a segurança do paciente depende de fatores como a prevenção de eventos adversos e das boas práticas à atenção a saúde. “O cuidado em saúde é um sistema complexo. Estas medidas da segurança do paciente visam equilibrar e normatizar o atendimento em forma horizontal e padronizada em todo o mundo”, destacou. Sobre as falhas na assistência hospitalar, a enfermeira esclarece que o erro é sistêmico. “Não se deve trabalhar com o ‘quem é o culpado’, mas com ‘o que pode ser melhorado’. Não devemos trabalhar com punição e sim com educação”, esclarece a professora.

A diretora de enfermagem do Hospital Walfredo Gurgel, Mara Andréia Arruda de Almeida, conta que a Semana foi pensada para discutir a Segurança do Paciente dentro da realidade do Hospital Walfredo Gurgel. “O Ministério da Saúde preconiza que temos que ter implantado em nosso hospital, um Núcleo de Segurança ao Paciente, para realmente haver uma segurança ao paciente durante o período de internação. Antes da portaria, nós já tínhamos esse cuidado com relação à queda de pacientes, a lavagem das mãos, a infecção, mas a portaria vem oficializar que o hospital realmente tenha isso implantado, com outras portarias internas, criando o núcleo no Walfredo, formado por uma equipe multidisciplinar que lida com o paciente”, explicou a enfermeira.

Dos dez passos, seis farão parte da Resolução da Diretoria da Colegiada (RDC) da Agência Nacional de Vigilância em Saúde (Anvisa): a segurança na prescrição, a identificação correta do paciente, a cirurgia segura, a higiene de mãos, a prevenção de úlceras de pressão e a prevenção de quedas.

Atualmente, o Hospital Monsenhor Walfredo Gurgel conta com cerca de 600 profissionais de enfermagem, mas a diretora de enfermagem afirma que há um déficit considerável de profissionais. Em janeiro, Mara Arruda fez um levantamento e havia a necessidade de 56 enfermeiros e 201 técnicos de enfermagem. Após isso, chegaram 16 enfermeiros e 73 técnicos.

“Melhorou um pouco, mas ainda não é o ideal. A nossa demanda é muito grande. Apesar de todos os desafios, o profissional tem que amar o que faz porque estamos lidando com a vida humana. Apesar de todas as deficiências e carências, o profissional tem que ter o compromisso e a ética profissional. Tentamos fazer o melhor, sempre. É melhor improvisar, do que não fazer. Isso não é correto, o ideal é que tivéssemos as condições ideais de trabalho. Mas quem está aqui, está porque realmente gosta”, destacou a diretora de enfermagem que trabalha há mais de 25 anos no Walfredo Gurgel.

Na porta de entrada da Unidade de Terapia Intensiva (UTI) Maria Bernadete um cartaz faz um alerta: “Higienize suas mãos. A segurança do paciente está em nossas mãos!”. A UTI Bernadete desenvolve um trabalho de segurança do paciente desde dezembro de 2010. A fisioterapeuta Selena Guerra relembra a situação da UTI anos atrás, quando a unidade ainda não era cadastrada como Unidade de Terapia Intensiva, embora recebesse pacientes que necessitavam de ventilação mecânica. “Recebíamos pacientes graves, críticos, com perfil de UTI, mas não tínhamos estrutura para receber esses pacientes, nem profissionais capacitados. As dificuldades eram muitas, eram pacientes crônicos que passavam quase 100 dias na UTI e isso não pode acontecer, pois precisamos de rotatividade. Diante disso, começamos buscar meios para melhorar a situação, através dos próprios funcionários da Unidade, tanto para os usuários como para os funcionários, principalmente em relação à resolutividade”, destacou.

Selena Guerra conta que há quase três anos, a Unidade se preocupa com a Segurança do Paciente, de modo que o paciente possa se hospitalizar sem medo de retornar para casa. “Esse processo visa a qualificação do trabalho. Estamos tentando incutir uma segurança do trabalho, como os profissionais trabalham na unidade, como reagimos as situações adversas e como podemos qualificar melhor a nossa prática laboral”, destacou a profissional.

Ela conta que a metodologia usada é roda de conversa na própria unidade, com todos os profissionais envolvidos no setor. Uma hora por semana, os profissionais discutem sobre temas inerentes a prática na UTI. “É importante que todos participem dessa construção. Hoje já conseguimos perceber as melhorias e estamos tentando qualificar cada vez mais os profissionais e percebemos que o estímulo dos profissionais tem sido grande, pois eles conseguem perceber a resolutividade”, afirmou.

Hoje à tarde, a coordenadora do Serviço de Controle de Infecção Hospitalar, Rosângela Morais, explanará sobre ‘Higiene de Mãos – O que há de novo’.  Encerrando as comemorações, na quarta-feira, às 9h, a enfermeira do HMWG, Débora Gurgel, tratará do ‘Trabalho em Equipe Para a Segurança do Paciente. Um Relato de Experiência na UTI Bernadete’. À tarde, a partir das 16h, a técnica do setor de Práticas Integrativas em Saúde da Secretaria Estadual da Saúde Pública (Sesap), Guerta Rosane Alves, falará sobre Integração no Trabalho. A 3ª Semana de Enfermagem é alusiva ao dia do Enfermeiro, comemorado no dia 12 de maio, e do Técnico de Enfermagem, no dia 20 de maio.

Segurança do Paciente

A segurança do paciente é um conjunto de ações que se complementam, incluindo medidas de controle sanitário e regulamentação interna. As normas estabelecidas para a segurança do paciente são importantes para avaliar e prevenir a possível ocorrência de situações que afetem sua segurança, minimizando danos e evitando riscos futuros.

Em 2004, a Organização Mundial de Saúde (OMS) criou a Aliança Mundial Para Segurança do Paciente, da qual o Brasil faz parte. O principal propósito dessa união é instituir medidas que aumentem a segurança do paciente e a qualidade dos serviços de saúde, fomentado pelo comprometimento político dos Estados signatários.

Com base nestas diretrizes, o Conselho Regional de Enfermagem (Coren) de São Paulo elaborou, em 2010, uma cartilha contendo os 10 Passos Para a Segurança do Paciente. Gradativamente, desde que o MS instituiu a Portaria 529, em abril deste ano, o material vem sendo adotado pelos serviços de saúde ao redor do país, como um instrumento de gestão e de qualificação profissional para elevar o padrão assistencial.

Fonte: Jornal de Hoje